Assim que iniciou o ano de 2023, uma fonte conversou com a coluna e fez uma observação: “preste atenção em Felipe Carreras (PSB) e Silvio Costa Filho (Republicanos).
Com 76 mil votos, Carreras não chamou a atenção e entrou no fim da fila de seu partido. Mas garantiu a reeleição e é o que importa.
Silvio Costa Filho teve votação bem expressiva, 162 mil eleitores apontaram para ele nas urnas. Poderia ter se aproximado de 200 mil votos, mas abriu mão de potenciais 20 mil votos para ajudar outros candidatos.
Mas a observação dessa fonte não dizia respeito à quantidade de votos, e sim às articulações dos dois em Brasília. Ambos são muito próximos de Arthur Lira (PP-AL) e estão sendo muito beneficiados por essa influência dentro da Câmara.
Destacar-se no Congresso é resultado de muita habilidade estratégica, paciência e resiliência. Mas é preciso ter um pouco de sorte também. Lira ter sido reeleito com o aval do governo facilitou as coisas. Estar no primeiro time entre os deputados depende de ser indicado para comissões importantes e se destacar nelas. Relatorias são importantes e, dependendo do tema, das conexões que elas provocam, valem ouro.
Felipe Carreras foi indicado para duas relatorias relacionadas aos jogos eletrônicos no Brasil. É o responsável pela lei que regulamenta o setor e também assumiu a relatoria da CPI que investiga um esquema de corrupção nesses jogos. Não é só isso. Carreras também é o líder do “Blocão”, o grupo com mais de 170 deputados que manda na Câmara Federal.
Já Silvio Costa Filho chegou a ser vice-líder do segundo maior bloco da Casa, com deputados do PSD, MDB e Republicanos, entre outros. Está integrando quatro comissões permanentes, incluindo a mais importante em Brasília, a de Constituição e Justiça. Sem falar que coleciona participações em 87 Frentes Parlamentares.
E estamos falando apenas desses primeiros meses de 2023. Há quem brinque que “se Arthur Lira é o verdadeiro presidente do Brasil, ele também tem seus ministros”. E é bom observar que há pernambucanos entre eles.
Na edição de amanhã, o JC trará uma entrevista da repórter Mirella Araújo com o novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado, Rodrigo Novaes. O ex-deputado estadual, escolhido para o TCE esta semana, destaca a necessidade de o tribunal se aproximar dos gestores públicos cada vez mais. E tem razão.
Além de fiscalizar, os conselheiros precisam orientar os prefeitos, por exemplo. Já se avançou, mas muitas ações de improbidade ainda poderiam ser evitadas se houvesse mais estrutura para essa educação de gestores. Novaes e o outro novo conselheiro escolhido há alguns dias, Eduardo Porto, já podem abraçar essa causa e farão muito pelo bom uso do dinheiro público.
Quem é o líder? Para quem estiver tentando descobrir, o líder do governo na Assembleia Legislativa do Estado é Izaias Regis (PSDB).
Esse questionamento surge como piada nos bastidores da política em Pernambuco, muitas vezes, como uma crítica à atuação do deputado estadual escolhido para representar o governo no Legislativo. É preciso lembrar dele, vez por outra.
O parlamentar tucano, que é ex-prefeito de Garanhuns, costuma ir à tribuna mais para falar da cidade de origem, hoje governada por um socialista, do que para defender a governadora Raquel Lyra (PSDB). O papel de defesa do governo tem sido feito, informalmente, mais por Joãozinho Tenório (Patriota) e por Renato Antunes (PL), do que por Izaias.
O legislativo brasileiro tem essas coisas. Há os parlamentares com vocação única para o poder Executivo municipal, que parecem estar no parlamento só esperando a próxima eleição.
O ex-governador Eduardo Campos, que era bem humorado e piadista, gostava de contar a história de um então ex-prefeito pernambucano que ao ter seu nome cogitado para um grande cargo no Legislativo brasileiro exibia o próprio currículo com um grande feito: “ter acabado com os mosquitos da cidade que governou”.
Não que isso não fosse importante, mas para além do tom exagerado de Eduardo Campos na piada, o candidato em questão precisava de uma votação muitas vezes maior do que a população inteira da cidade que foi “salva dos mosquitos” para ter chance de ser eleito.
Ele não teve êxito e os mosquitos de todo o Brasil respiraram aliviados.
E Fernando Collor após condenação no STF, está prestes a ser preso. “De Presidente da República a presidiário” é um título que vai ficando mais frequente na História brasileira. Dos sete mandatários desde a redemocratização, três já passaram por isso, contando com Collor.
Como esses enredos presidenciais da Nova República sempre começam com demagogia e abraçam a corrupção em algum momento, terminar em cadeia deveria nos garantir como civilizados. Mas, não.
E se não somos civilizados, é porque a prisão nunca é o último capítulo de uma boa reputação pública por aqui. A cadeia nunca é o fim. No Brasil, as reputações são relativas.