Quando o ministro da Fazenda de um governo comandado pelo PT consegue vencer uma batalha interna para fazer com que o governo seja responsável com os cofres, é preciso abrir um vinho e comemorar. Serve também uma cerveja, uma água de coco ou um suco de caju. Mas é preciso comemorar, porque não é todo dia que alguém comprometido com a saúde financeira do país é encontrado dentro do PT.
Mais raro ainda é ele ser a voz da razão e, ainda assim, ser ouvido pelo presidente. Viva!
Tucano-petista
Quando querem ironizar Fernando Haddad dentro do partido, dizem que ele é “o mais tucano dos petistas”. Ele deixou de se importar com isso há tempos, passou a ver o lado bom de ser considerado outsider num ambiente radical que mistura utopia non sense, ambição inconsequente e inveja, muita inveja e desprezo, por qualquer um que pense fora das linhas rígidas determinadas pelo petismo mais ordinário.
O extraordinário, dentro do PT, soa como desafio. E isso já prejudicou o país antes.
Responsabilidade
Ao conseguir, ao menos por hora, a manutenção da meta fiscal com déficit zerado, Haddad contrariou a ala de correligionários que acredita que desenvolvimento se faz gastando o dinheiro do contribuinte.
O ministro consegue, e isso é importante, aproximar do governo Lula uma parcela da população que não votou no atual presidente por acreditar que ele seria incapaz de resistir à irresponsabilidade de seus aliados. Porque a irresponsabilidade deles é vendida com uma aura de popularidade para a qual um político vaidoso, normalmente, não consegue dizer não.
Ponte
Haddad é a ponte do governo Lula com quem não suportava a ideia de um governo petista outra vez no Brasil. Sem essa ponte, o destino da gestão seria preocupante. Porque essas pessoas, gostem ou não os petistas, são a base econômica do país e garantem o crescimento do PIB, a geração de empregos e a viabilidade internacional brasileira.
A despeito do ciúme de gleisis, costas e padilhas, a verdade é que o ministro da Fazenda consegue enxergar um projeto de país para além de um projeto de poder pessoal ou partidário.
Presidente?
É lógico que ninguém é ingênuo de acreditar que Haddad não deseja ser presidente. Depois de ter sido candidato uma vez, você fica com aquilo na cabeça. O “como teria sido” é algo presente.
Mas ele consegue pensar em equilíbrio fiscal como fator de crescimento em um país, para além de campanhas, enquanto os colegas próximos só conseguem fazer cálculos eleitorais e agitam suas bolhas com esqueletos de ideologia.
Haddad é diferente. E até quem não gosta do PT é obrigado a admitir.
Centrão
O ministro da Fazenda também deu uma demonstração importante de sua capacidade de articulação. Foi por uma pressão de Arthur Lira (PP) e Rodrigo Pacheco (PSD), presidentes da Câmara e do Senado, que Lula foi convencido. Tudo isso aconteceu após visitas de Haddad ao Congresso.
Ter visão de médio e longo prazo é um trunfo do mais tucano dos petistas. Mostra que ele tem a dimensão das necessidades do país e que só se enfrenta isso com responsabilidade.
Saber lidar com o centrão é um extra quase “glorioso”.
Desafio de verdade
E no programa Passando a Limpo da última sexta-feira (17), a colunista Eliane Cantanhêde contou o que ouviu de uma fonte na equipe econômica do governo sobre a relação com os agentes públicos envolvidos na agenda econômica do país: “negociar com o centrão é fácil. Difícil é negociar com o PT”.
Não dá para discordar.
TSE no Recife
Entre os dias 23 e 25 de novembro, o Recife será a capital da Justiça Eleitoral brasileira. O TRE Pernambuco sediará a 83ª edição do Colégio de Presidentes dos Tribunais Regionais Eleitorais (Coptrel), entidade que congrega os dirigentes de todos os 27 TREs do país.
A abertura do evento será na quinta-feira (23), às 19h30, na sede da Escola da Magistratura de Pernambuco (Esmape), no bairro da Joana Bezerra, área central da capital pernambucana.