Quando o deputado federal Silvio Costa Filho (Republicanos) foi escolhido para ser ministro no governo Lula, como indicação de seu partido, a primeira pergunta que todos fizeram não foi sobre a capacidade dele para cuidar de Portos e Aeroportos, mas sobre a possibilidade de ele entregar ao governo um número de votos no Congresso, do Republicanos, que fortalecesse a base da situação.
O questionamento vinha sempre acompanhado de uma afirmação: “boa sorte pra ele ao tentar convencer os parlamentares que apoiaram Bolsonaro em 2022 a subirem no ônibus lulista só porque ele virou ministro”.
Impagável
Pois bem, alguns meses passaram e esta semana o pernambucano entregou a Lula muito mais do que alguns votos de deputados de seu partido.
As fotos enquadrando no mesmo foco o presidente da República e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), valem mais que 20 ou 30 votos no Congresso. Para além da foto, o clima de cordialidade entre os dois (Lula e Tarcísio) é algo difícil até de colocar valor dentro da política.
Os militantes petistas gritando “volta para o PT” e tendo seus gritos recebidos com sorrisos pelo governador paulista foi impagável.
Sem bobagens
Tarcísio trabalhou no governo Dilma (PT), depois foi ministro de Bolsonaro (PL).
Sendo justo, foi o único ministro que conseguiu entrar e sair da gestão bolsonarista entregando resultados concretos, não falando nenhuma grande bobagem e, embora sempre fiel ao chefe, nunca descambou para a idolatria e nem para qualquer viés estapafúrdio.
Elegeu-se governador de São Paulo e imediatamente se transformou no principal possível candidato da direita à presidência nas eleições de 2026.
No PT?
Não, senhoras e senhores, Tarcísio de Freitas não vai “voltar ao PT”. Mas, ao que parece, e pelo discurso de Lula durante o evento em que as imagens foram feitas, o presidente petista, após algumas conversas, enxerga no governador paulista um retorno à “sanidade eleitoral” brasileira, um adversário que dá para enfrentar sem colocar o país numa guerra baseada em maluquice.
Regras
Um boxeador precisa de outro boxeador para sobreviver. Lula sabe disso. Mas lutar com alguém que não respeita regras e nem técnicas coloca todo o espetáculo em risco e cria confusão generalizada, como aconteceu na disputa com Bolsonaro. O ginásio desaba e todo mundo se machuca.
Civilização
Em seu discurso, o presidente chegou a dizer que ninguém do PT podia invadir o governo de São Paulo porque perdeu em 2022. “Volta pra casa e se prepara melhor para a próxima eleição”.
Não pareceu que ele tentava filiar Tarcísio. Estava, na verdade, chamando ele para a disputa, porque acredita pelo perfil de Tarcísio, que vai ser um combate civilizado, como era com o PSDB no passado.
Prefeitos
Por falar em PSDB, em Pernambuco a governadora Raquel Lyra está se movimentando para filiar, de uma só vez, mais de três dezenas de prefeitos ao partido.
O movimento impressiona e vai mostrar a força do Palácio para as eleições municipais deste ano. Todos esses prefeitos, que já estão com Raquel, são ligados a deputados estaduais com mandato e isso também chama a atenção.
Força
Quando decidiu ir à Assembleia há alguns dias e levou todo o secretariado, o ato foi visto também como uma demonstração de força política dentro da Casa. Alguns começam a dizer que ela “recuperou” a relação com a Alepe, com algumas exceções já conhecidas.
A filiação de mais de trinta prefeitos pode ser um indicativo de que isso, realmente, faz sentido.