Destaques e análises políticas do Brasil e Pernambuco, com Igor Maciel

Cena Política

Por Igor Maciel
Cena Política

Deputados perdoam as próprias dívidas. E se não gostar, problema seu

O recado dos deputados é bem claro para a população brasileira: eles criam, eles desrespeitam, eles recriam e se auto perdoam caso necessário.

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Igor Maciel

Publicado em 12/07/2024 às 20:00
O Congresso Nacional - Roque de Sá/Agência Senado

Os deputados perdoaram os próprios partidos por não cumprirem as regras que eles mesmos criaram em eleições anteriores, principalmente relacionadas à participação de mulheres e pessoas negras nas candidaturas.

Multas bilionárias estão sendo refinanciadas sem previsão de pagamento e voltarão a ser discutidas apenas num futuro distante.

O recado dos deputados parece ser bem claro: eles criam, eles desrespeitam, eles recriam e se auto perdoam caso necessário. E se você não gostar o problema é seu.

Aplausos

Apenas quatro parlamentares de Pernambuco foram contra o auto perdão vergonhoso aprovado na Câmara e merecem registro, com os devidos aplausos: Mendonça Filho (UB), Túlio Gadêlha (Rede), Coronel Meira (PL) e Clodoaldo Magalhães (PV). Alguns contrariaram os partidos que haviam orientado o voto a favor. Aplausos em dobro para estes, por enfrentarem o sistema em nome de suas consciências.

Dois deputados não votaram porque estavam ausentes: Luciano Bivar (UB) e André Ferreira (PL).

Lamentável

Do outro lado, 19 parlamentares pernambucanos votaram no perdão aos próprios partidos, criando um refinanciamento amigo para driblar as dívidas que as siglas tinham: Augusto Coutinho (Republicanos), Carlos Veras (PT), Clodoaldo Magalhães (PV), Eduardo da Fonte (PP), Eriberto Medeiros (PSB), Felipe Carreras (PSB), Fernando Coelho (União Brasil), Fernando Monteiro (PP), Fernando Rodolfo (PL), Guilherme Uchôa (PSB), Iza Arruda (MDB), Lucas Ramos (PSB), Lula da Fonte (PP) , Maria Arraes (Solidariedade), Michelle Collins (PP), Ossésio Silva (Republicanos), Pastor Eurico (PL), Pedro Campos (PSB), Renildo Calheiros (PCdoB), Waldemar Oliveira (Avante).

A gente lamenta.

Efeitos aqui

Sempre que o dólar sobe em relação ao Real e o presidente brasileiro da vez não está falando alguma bobagem, é por causa de alguma política interna ou externa dos EUA. Ou é por algum conflito pelo mundo no qual os norte-americanos estão envolvidos.

A eleição de lá interessa muito ao Brasil em todos os níveis. Crises na terra do Tio Sam geram crises aqui e isso reflete nos preços dos combustíveis, só para dar um exemplo, que reflete na inflação até dos alimentos.

Por isso, a perspectiva que se avizinha na eleição americana do fim deste ano é preocupante também para o Brasil. Precisamos, então, falar sobre Joe Biden e sobre Donald Trump.

Péssimas opções

Quando, na eleição de 2022, os brasileiros diziam que seriam obrigados a escolher entre duas opções ruins, Lula (PT) e Bolsonaro (PL), isso não está nem perto da crise que os americanos enfrentam.

Trump é uma opção desastrosa porque já foi presidente e já demonstrou um desrespeito preocupante com a democracia. Além de tudo, costuma ser desrespeitoso na relação com outros líderes mundiais. Um presidente americano isolado internacionalmente é como um gerente de loja com quem os funcionários não falam e a quem não respeitam. O negócio vai falir.

E estes nem são os únicos problemas de Trump. Seus processos e condenações limitam sua credibilidade para um cargo no qual é preciso estar em condições morais de exercer liderança. Não se trata de ser de direita, de esquerda ou centro. Esta conversa é sobre estar apto ou não.

Não apto e inapto

Trump não é apto para o cargo por questões comportamentais e pela profundidade perigosa de seu caráter. E Joe Biden, por sua vez, está inapto por questões que dizem respeito à sua própria saúde.

O discurso na Otan, feito esta semana, era um momento no qual o atual presidente americano e candidato à reeleição pretendia mostrar que está em plenas condições e que não haveria fundamento na insistência para que sua candidatura fosse rifada.

O discurso acabou em outro desastre. Biden trocou o nome da própria vice pelo nome de Trump. Depois confundiu o presidente da Ucrânia com o da Rússia, chamou Zelensky de Putin. 

E ainda finalizou dizendo que iria "discutir o assunto da reunião com o seu comandante em chefe das forças armadas". O tal “comandante em chefe”, como Biden parece ter esquecido, é ele próprio.

Freio

A situação é tão grave que o jornal New York Times produziu um placar digital para ir contabilizando os democratas que já se manifestaram pela desistência de Joe Biden.

Admitem que ele não terá condições de disputar um novo mandato e nem poderá exercer o trabalho por mais quatro anos, caso vença.

O problema não é a idade, porque Trump tem só três anos a menos que Biden. Mas o atual presidente não reúne mais condições de seguir no trabalho mais delicado da Terra, conduzindo o exército mais poderoso do planeta e com influência direta e indireta no mundo praticamente todo.

Alguém precisa convencê-lo a se afastar.

Pesos e…

Aproveitando o noticiário internacional, é curioso como o tempo de resposta e o conteúdo das manifestações de Lula (PT) sobre as guerras em curso no mundo dependem dos envolvidos e não das atrocidades.

Quando um hospital foi atingido na guerra de Israel com o Hamas, Lula e seu governo responderam logo e classificaram o episódio como “insanidade” numa crítica direta a Israel. Depois se concluiu que os artefatos eram dos próprios terroristas e houve uma falha no lançamento.

…medidas

Agora, com o ataque russo confirmado a um hospital infantil na Ucrânia, o governo conseguiu emitir uma longa nota sobre o episódio sem citar ou condenar nem uma vez a Rússia e Putin. Reclama-se da agressão, mas o agressor é omitido. É como se os mísseis tivessem brotado de uma nuvem e sido enviados pelo destino cruel. Para o governo brasileiro, quando Putin é o responsável, um culpado não há.

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