OPINIÃO

Ao perceber que ficaria no ministério, Mandetta parece haver ligado o botãozinho do 'exploda-se'

Mandetta ignorou o pedido de Bolsonaro até para ouvir a conhecida infectologista Nise Yamaguchi. Ela é uma das pessoas cotadas para o seu lugar

Cláudio Humberto
Cadastrado por
Cláudio Humberto
Publicado em 08/04/2020 às 8:08 | Atualizado em 08/04/2020 às 10:19
Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados
''Já foi gestor, é parlamentar e é médico ortopedista-pediatra. Conhece as dificuldades do setor saúde'', disse a deputada Cármen Zanotto - FOTO: Foto: Alex Ferreira/Câmara dos Deputados

O ainda ministro da Saúde adotou uma atitude moderada, no fim da tarde desta terça (7), no Planalto, na tentativa de conservar o emprego. Mas, por via das dúvidas, deu aparência de prestação de contas à sua fala inicial, para o caso de ser demitido antes da próxima coletiva. Citou providências, mas entre elas não estavam a aquisição de respiradores e nem a instalação de mais UTIs no País. Nada, até agora. Um tom muito diferente da noite de segunda (6): ao perceber que ficaria e adrenalina nas alturas, Mandetta parece haver ligado o botãozinho do 'exploda-se'.

Em geral gentil, o ortopedista Luiz Henrique Mandetta ignorou o pedido de Bolsonaro até para ouvir a conhecida infectologista Nise Yamaguchi. Yamaguchi defende o uso de cloroquina contra o Covid19, mas Mandetta a despachou. Ela é uma das pessoas cotadas para o seu lugar.

Daqui não saio

Após encerrar o brevíssimo contato com Yamaguchi, Mandetta chegou ao ministério eufórico, tipo 'daqui não saio, daqui ninguém me tira'. Assessores espalharam versões criativas da conversa com Bolsonaro. A coletiva após 20h tinha perspectiva de entrar ao vivo no Jornal Nacional.

» Coronavírus: Saúde acompanha estudos sobre eficácia de cloroquina e hidroxicloroquina

» Mandetta nega relaxar isolamento, mas diz que cidades são afetadas distintamente

» Mandetta fala em esforço com a China para que Brasil receba equipamentos de saúde

Falha

O aplicativo Zoom, que faz reuniões em videoconferência e ganhou popularidade durante a quarentena do coronavírus, virou o preferido de autoridades brasileiras, mas apresenta graves falhas de segurança. Governos estrangeiros, como o de Taiwan, agências governamentais e grandes empresas - inclusive bancos - de todo o mundo já proibiram o aplicativo, mas sessões dos deputados brasileiros são todas no Zoom.

Windows, grave

Entre as principais falhas de segurança do Zoom, uma permite o roubo de senhas guardadas no computador de usuários do sistema Windows.

Mac, grave

A falha de segurança do Zoom para usuários Apple, permite que hackers acessem a câmera e o microfone do computador.

Roda presa

Mandetta anunciou como grande novidade, na coletiva ontem, a instalação em breve de 'big data' com informações em tempo real sobre Covid19 no Brasil e no mundo. No DF, o governador Ibaneis Rocha já tem seu 'DataRocha', como chamam os assessores, há 40 dias.

» "Nós vamos continuar. Nosso inimigo tem nome e sobrenome: covid-19", diz Mandetta

» Bolsonaro diz que vai usar caneta contra 'estrelas' de seu governo

Outra provocação

O ministro Mandetta destacou outra vez ontem a autorização do hospital de campanha em Goiás a pedido de Ronaldo Caiado, seu correligionário, logo após o rompimento do governador com seu chefe.

Boa notícia

Após o caso do catarinense Alexandre Fernandes, 44, que saiu de estado crítico, na UTI e agora está  curado, 17 outros brasileiros foram submetidos a tratamento com base em esteroides. Dez já receberam alta. Alexandre estava na viagem de Bolsonaro a Miami.

Frase

'O aspecto mais importante agora é derrotar nosso inimigo invisível'. Embaixador dos EUA no Brasil, Todd Chapman, ao apresentar credenciais a Bolsonaro.

Falha gravíssima

Uma vez exploradas as falhas, usuários do aplicativo Zoom podem chegar até a perder controle do seu próprio computador, alerta analista de segurança, ex-NSA.

Resultado prático

A parceria entre empresas pode ser fundamental para o enfrentamento da pandemia do coronavírus. Segundo o Senai, a iniciativa contabilizou 20 mil máscaras cirúrgicas e 15 mil protetores faciais em 15 dias.

Comentários

Últimas notícias