OPINIÃO

Coronavírus: A liberação do dinheiro que pode, literalmente, salvar vidas, foi adiada

A votação do auxílio de R$600 para brasileiros, que poderia ter sido sexta, remetida ao Planalto e publicada em edição extra do Diário Oficial, ficou para esta segunda-feira, à tarde

Cláudio Humberto
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Cláudio Humberto
Publicado em 30/03/2020 às 7:51 | Atualizado em 30/03/2020 às 7:54
MARCOS SANTOS/USP IMAGENS
O PIS é liberado para diversos beneficiários em 2022 - FOTO: MARCOS SANTOS/USP IMAGENS

Os senadores não abrem mão de prerrogativas e nem muito menos dos R$210 mil que custam por mês, em média, mas, na hora de mostrar serviço, a porca torce o rabo. Optaram por não trabalhar, deixando de votar o auxílio de R$600 para brasileiros, em dramática situação de risco, na informalidade. Poderiam fingir interesse, fazendo votação virtual no sábado ou no domingo, mas nada. Se fosse para garantir mais regalias para suas excelências, teriam votado até de madrugada, como já ocorreu. A votação, que poderia ter sido sexta, remetida ao Planalto e publicada em edição extra do Diário Oficial, ficou para esta segunda-feira, à tarde. A liberação do dinheiro que pode, literalmente, salvar vidas, foi adiada por pelo menos quatro dias para manter a folga dos parlamentares. O presidente interino do Senado, Antonio Anastasia (PSDB-MG), jogou a toalha na sexta, e marcou a votação – virtual – para esta segunda-feira (30). Ver para crer. A eleição de Davi Alcolumbre como presidente ocorreu em sessão presencial, num sábado. Mas o povo pobre, por certo, pode esperar.

R$ 77,3 milhões com aspones

O salário dos deputados federais é de R$ 33,7 mil e têm mais cerca de R$ 45 mil a título de “cota parlamentar”, mas o grosso do gasto mensal é com a tropa de aspones que os circundam e custam R$ 77,3 milhões, segundo o portal OPS. Cada gabinete funciona como uma empresa à disposição do deputado e o custo chega a R$ 265 mil mensais com os salários de até 25 secretários parlamentares, além de outros benefícios. Campeão de gastos com aspones, o deputado André Abdon (PP-AP) torra mensalmente R$ 264,9 mil mensais com sua “pequena empresa”. Cada um pode ter 25 assessores ativos, mas a professora Marcivânia (PCdoB-AP) apostou na rotatividade e sua equipe já teve 55 nomes. Em pouco mais de um ano, os 509 deputados investigados pela OPS já tiveram exatos 12.096 assessores, entre os atuais e quem foi demitido.

Corte

Projeto de um deputado estadual do Mato Grosso do Sul, Tenente Coimbra (PSL), propõe cortar o salário de deputados e governador durante a crise do covid-19. Está pregando no deserto.

Beliscão

Não faltam “espíritos de porco” no Palácio do Planalto sugerindo que, se precisar citar o governador de São Paulo, Bolsonaro o chame pelo nome completo, João Agripino Doria. Garantem que o tucano odeia “Agripino”.

Aparecer

O sindicato dos petroleiros foi mais um a posar de entendido sobre o coronavírus e inverteu prioridades. Em vez de atuar com a Petrobras para evitar o contágio, faz listas de falhas, sem sugerir soluções.

Jabuticaba

Amanhã (31) é o 90º dia do ano e o 20º de pandemia oficial em todo o mundo, mas deputados e senadores brasileiros ainda não conseguiram se organizar para aprovar uma ajuda à população mais necessitada.

É o céu

Apesar de deputados e senadores terem usufruído de férias até 4 de fevereiro, terem pulado Carnaval e só trabalharem às terças e quartas, gastos com “ressarcimento de despesas” já passam de R$ 24,5 milhões.

Prontidão

Após a primeira vítima letal por coronavírus em Brasília, o governo do DF publicou protocolo de manuseio de cadáveres, de notificação compulsória aos trabalhadores de saúde etc. Ninguém pode tocar nada.

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