O Carnaval foi de prejuízo para a maioria dos donos de bares e restaurantes do Recife e Olinda. Segundo pesquisa da seção local da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-PE), divulgada nesta quinta-feira (18), 76% dos estabelecimentos tiveram queda no faturamento entre a noite da última sexta-feira (12) e a quarta-feira de cinzas (17). Enquanto isso, 24% registraram movimento maior do que no Carnaval de 2020.
A pesquisa não levou em conta os bares e restaurantes localizados no Recife Antigo e no Sítio Histórico de Olinda, impedidos de funcionar por determinação do Governo do Estado, para evitar aglomerações nos tradicionais polos de Carnaval das duas cidades. “Se incluíssemos na pesquisa o Recife Antigo e a cidade alta de Olinda, a coisa seria desastrosa”, afirmou André Araújo, presidente da Abrasel-PE.
O empresário Tony Souza, dono da Companhia do Chopp, localizado em Boa Viagem, Zona Sul do Recife, disse que seu faturamento caiu 30% em média, em relação ao Carnaval do ano passado. Uma queda já esperada, segundo ele. "Quando eu vi que a lotação dos hotéis aqui no entorno, em vez dos 100% de ocupação estavam com 70%, eu vi que nosso movimento iria cair na mesma proporção. Não deu outra", disse Tony Souza.
Já o empresário Cristiano Falcão, do Guaiamum Gigante, no Bairro do Parnamirim, Zona Norte do Recife, tentou amenizar o prejuízo abrindo o restaurante este ano durante o Carnaval durante todo o dia, quando normalmente, só funcionaria à noite. "Eu achei que este ano seria bom o movimento, com a casa aberta o dia todo, mesmo assim o movimento caiu 20% em relação ao ano passado", disse Cristiano.
Em relação aos bares e restaurantes que apresentaram ganho no movimento em relação ao Carnaval do ano passado, André Araújo explica que, com o cancelamento dos festejos em Recife e Olinda, o comércio de bebidas e alimentos de bairros mais residenciais, como Madalena, Graças e Torre, no Recife, acabou beneficiado. “Boa parte dos frequentadores desses bares era gente que brincava no Recife Antigo e em Olinda. Como não houve festa, ficaram em seus bairros”, explicou Araújo.
A perda média de faturamento entre os que registraram prejuízo não foi pequena. Ficou em 49,61%. Já entre os que ganharam mais neste Carnaval, os rendimentos subiram 50,25%, em média. Sem o Carnaval e com o feriado cancelado na maioria das repartições públicas e privadas, o presidente da Abrasel-PE esperava um movimento melhor. “A gente esperava que o movimento fosse pelo menos normal. As pessoas iriam trabalhar, mas não deixariam de frequentar os bares à noite ou no fim de semana. Mas não foi isso o que aconteceu. Muita gente viajou para o interior do Estado”, lamentou Araújo.
A pesquisa da Abrasel questionou os comerciantes se o final de semana deste Carnaval apresentou faturamento maior ou menor em relação a fim de semana do Carnaval de 2020. Apenas 26% dos entrevistados relataram queda na movimentação.
Comparado com um fim de semana normal, de pandemia, este foi pior para 88% dos entrevistados, que perderam, em média, 25,56% de faturamento. Já entre os 12% que relataram movimento melhor, os ganhos foram de 22,75%, em média.
Um problema relatado pelos donos de bares e restaurantes, segundo a Abrasel-PE, foi em relação aos estoques de bebidas e alimentos. Muitos empresários se prepararam antecipadamente para um fluxo de turistas que acabou não acontecendo. “Sobrou estoque. Muita gente teve prejuízo porque se baseou no fluxo dos hotéis. A gente sabia que não ia ter Carnaval, mas o fechamento dos estabelecimentos de Recife e Olinda foi anunciado dois dias antes de entrar em vigor, e nossas compras são programadas com pelo menos 10 dias de antecedência”, disse André Araújo.
André Araújo confirma que qualquer disciplinamento para conter a pandemia é bem vindo, mas ele acredita que o governo poderia ter permitido a abertura dos estabelecimentos em Olinda e no Recife Antigo e utilizado a fiscalização para evitar aglomerações nesses locais. "Cerca de 93% dos bares e restaurantes são assertivos em relação aos protocolos de segurança e higiene. Para evitar a aglomeração de pessoas caberia a fiscalização preventiva, como foi feita nas áreas públicas e na contenção das festas privadas", citou Araújo.