Os direitos do consumidor, por Edilson Vieira

Consumidor

Por Edilson Vieira

Brasileiro está se endividando até para comprar comida, diz Confederação Nacional do Comércio

Pesquisa mensal sobre endividamento das famílias feita pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra novo recorde no número de endividados para o mês de agosto: 72,9%

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Edilson Vieira

Publicado em 06/09/2021 às 17:15 | Atualizado em 06/09/2021 às 18:17
O percentual registrado na pesquisa para o mês de agosto corresponde a 11,89 milhões de famílias brasileiras com alguma dívida em aberto - MARCELO APRÍGIO/JC

A pesquisa mensal de endividamento e inadimplência do consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), mostra que continua alto o nível de endividamento das famílias brasileiras. O estudo registra um novo recorde no número de endividados no mês de agosto: 72,9%, o que equivale a 11,89 milhões de famílias com alguma dívida em aberto. Mais uma vez, a maior parte das dívidas (83%) está no cartão de crédito.

Segundo a CNC, o aumento na contratação de dívidas pelos consumidores começou a se tornar frequente no último trimestre do ano passado e segue com forte tendência positiva, ou de crescimento, nos meses recentes. As fragilidades no mercado de trabalho formal e o avanço do trabalho informal, com elevado nível de desocupação, aliado a inflação elevada, estão contribuindo para a maior contratação de dívidas pelas famílias, apontou a CNC. Outros fatores como as taxas de juros ainda relativamente baixas e mudanças do comportamento dos consumidores também vêm influenciando a maior contratação de crédito e, consequentemente, o endividamento no País.

FEIRA

O estudo mostra ainda que, entre as famílias mais pobres, o orçamento apertado tem influenciado o maior uso do cartão de crédito também para aquisição de itens de primeira necessidade, como alimentos e produtos de higiene, por exemplo. Já as famílias de renda mais alta estão utilizando mais o cartão de crédito no consumo de serviços.

O uso preferencial do crédito no cartão, nas modalidades à vista, parcelado e rotativo, aumentaram 31% em julho, em relação a julho do ano passado, segundo os dados do Banco Central, a maior taxa dentre os principais tipos de dívida. A partir de abril deste ano, os números apontam crescimento ainda mais expressivo, coincidindo com a aceleração do endividamento global dos consumidores.

O que os especialistas sempre alertaram é que o cartão de crédito é a modalidade mais difundida  pela facilidade de acesso e de uso. O problema, é que ele também tem o maior custo ao usuário em se tratando de juros, especialmente quando se torna crédito rotativo, que é quando parte da fatura é paga e outra parte fica para o mês seguinte. Aí a conta fica bem mais cara porque vai somar juros sobre juros, desestimulando, ou até impossibilitando o pagamento total da fatura em curto prazo aumentando  o risco da inadimplência.

ATRASO

A CNC esclarece na pesquisa que estar endividado não é o mesmo que estar inadimplente. "Ao se comprometer com o pagamento de um valor no futuro, o indivíduo contraiu uma dívida e está endividado. Ele estará inadimplente caso não pague o valor até a data do vencimento da obrigação", diz a análise.

A boa notícia é que o novo recorde do endividamento neste mês de agosto veio acompanhado da redução dos indicadores de inadimplência apurados na pesquisa. O percentual de famílias inadimplentes com pagamentos em atraso acima de 90 dias, e que recebem até 10 salários mínimos, está em queda desde dezembro do ano passado e chegou a 42,2% em agosto. Isso indica que, em alguma medida, os consumidores inadimplentes estão conseguindo quitar seus compromissos em aberto em menos tempo ou antes de três meses.

Mesmo com a inadimplência controlada até o momento, a alta dos juros amplia o risco para o agravamento desses indicadores à frente, num cenário de predomínio de restrições nos orçamentos das famílias, especialmente as de menor renda, diz a CNC. 

 

 

 

 

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