Certamente, você já ouviu falar no empréstimo consignado. Não tenho certeza se sabe mesmo como ele funciona, pois até me surpreendi com isso, pois pensava que, no geral, as pessoas sabiam. Então, só por questão de alinhamento, vou deixar isso certo aqui: o empréstimo consignado é aquele que a parcela do fluxo acordado para pagamento do empréstimo já é descontada direto no salário, ou seja, o líquido já vem sem ela, o que reduz o valor efetivamente recebido pela pessoa.
Naturalmente, isso dá mais segurança para a instituição financeira que concedeu o empréstimo, uma vez que o risco de não receber o pagamento da parcela é muito pequeno, devido ao formato consignado do crédito concedido. Desta forma, como o risco de não receber é baixo, os juros também são mais baixos, tornando o empréstimo consignado para o servidor público, por exemplo, uma das formas mais baratas de acesso ao crédito. E, ainda para o funcionário do meio privado, o consignado é também bastante atrativo, os juros costumam ser um pouco mais altos, pois o risco percebido também costuma ser maior para este grupo.
Diante desta possibilidade, dinheiro "barato", de forma prática e rápida, muitos servidores públicos terminam se tornando adeptos ao consignado. Aí que mora o perigo, pois o consignado só sai da vida de quem tem quando ele é quitado. Imagine uma situação extrema em que se passa a precisar daquele dinheiro, mas não tem jeito. Diferente, por exemplo, de um empréstimo pessoal, que o ideal não é que ninguém deixe de pagar a parcela, mas se a necessidade for extrema, é possível priorizar outra coisa devido ao momento, mas repito, na modalidade do crédito consignado não, ele continuará sendo descontado mês a mês independente da situação.
E de acordo com isso, o que se vê é uma quantidade absurda de pessoas se enrolando, comprometendo a renda, o bem-estar e afetando a rotina devido aos problemas financeiros. Certamente, são melhores os juros e o peso do consignado ou até mesmo de um empréstimo pessoal do que os juros abusivos do cheque especial, da fatura em atraso ou parcelada do cartão de crédito. Talvez, seja menos pesado, porém é dívida, juros a pagar do mesmo jeito.
Por isso, é fundamental a busca pelo bom planejamento, uma vida financeira adequada à realidade da pessoa, da família, a fim de evitar constantes desequilíbrios, viver num padrão de vida que é possível pagar, e não no mundo da fantasia, evitar compras por impulso.
Poupar pensando no hoje e no amanhã ainda é raridade no Brasil, e tentando conter um pouco o ímpeto do brasileiro pelo crédito concedido no país, que de modo geral não vejo como algo nada responsável, destaco as quatro principais mudanças no crédito consignado feitas neste ano de 2022:
1) A margem consignável no salário foi reduzida de 40 para 35% do salário líquido, o que ainda é bastante alto;
2) O limite de empréstimos foi reduzido de 9 para 6;
3) O prazo máximo de pagamento foi reduzido de 84 para 72 meses, o que ainda é um prazo longo;
4) Fim da obrigatoriedade da carência de 4 meses para início do pagamento.
Independente do cenário, dos detalhes e mudança que aqui vimos, a realidade é que o Brasil é um dos piores países do mundo para quem paga juros, para quem toma crédito. É realmente pesado, sei que a situação e o momento são desafiadores, porém, cabe a cada um de nós as escolhas, a construção e o dia a dia, a busca pelo planejamento e organização a fim de escolher de que lado quer ficar, do lado de quem paga ou de quem recebe juros.
Abraço e até a próxima!