A realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020 em maio do próximo ano, caso o governo federal siga o desejo da maioria dos candidatos que votou na enquete realizada pelo Inep, vai impactar a rotina das escolas e exigir delas uma reorganização para manter o suporte aos seus vestibulandos até as datas das provas. Mesmo com a possibilidade de as aulas regulares deste ano se estenderem até 2021, devido à pandemia da covid-19, o ano letivo deve acabar nos primeiros meses do ano. Ficaria, portanto, um hiato para os feras até a realização do exame.
“Precisamos aprofundar o debate e encontrar um ponto de equilíbrio. Porque não é apenas mudar uma data das provas. Há impacto no calendário das escolas, das universidades públicas, das faculdades privadas”, destaca o vice-presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), Frederico Amancio. “Se o Enem for até fevereiro o impacto será mais administrável. Depois disso começa a ficar mais complexo”, diz Frederico, que também é secretário de Educação de Pernambuco.
O Consed foi uma das entidades convidadas pelo Inep para debater as prováveis datas do Enem. Frederico coordena, dentro do conselho, o grupo de trabalho que trata justamente das avaliações. Ele acredita que deverá se reunir com o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Alexandre Lopes, até o início da próxima semana.
“Defendemos que o Enem seja em janeiro, é o que consideramos o mais razoável. Dezembro é cedo. Se for para maio teremos um grande problema porque ficará um lapso de tempo entre a conclusão do ano letivo dos vestibulandos e a realização das provas”, observa o presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Pernambuco, José Ricardo Diniz.
O Enem 2020 acontecendo apenas em maio poderá comprometer a realização do exame em 2021. A logistíca para aplicação da avaliação exige do Inep meses de preparação, entre lançamento do edital, inscrição, elaboração das provas, impressão dos cadernos, distribuição dos malotes, aplicação, recolhimento dos gabaritos e correções dos testes e das redações. Em outros anos, as inscrições sempre foram em maio, que coincidiria com os testes de 2020.
Outra consequência, se o Enem for realmente aplicado em maio, será o ingresso dos estudantes, no ensino superior público, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), apenas no segundo semestre de 2021. Isso porque entre a aplicação das provas, correção dos testes e inscrição no Sisu há um intervalo de pelo menos dois meses. E a seleção só é feita com o resultado do Enem.
Na última edição do Sisu, em janeiro deste ano, foram disponibilizadas cerca de 237 mil vagas em graduações de 128 universidades públicas brasileiras. As quatro universidades públicas de Pernambuco participam do sistema: as federais UFPE, UFRPE e Univasf, além da estadual UPE. Também integram os institutos federais IFPE e IF do Sertão. Essas seis instituições ofertaram, no começo de 2020, quase 15 mil vagas em cursos superiores.