Atualizada às 19h

Somente 10% dos professores aderiram à greve da categoria nesta segunda-feira (19), primeiro dia de retorno das aulas presenciais em parte das escolas estaduais de Pernambuco, segundo balanço da Secretaria Estadual de Educação divulgado nesta tarde. A paralisação, decretada em assembleia dos docentes na última quinta-feira (15), foi considerada ilegal pela Justiça no sábado. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco (Sintepe) não divulgou balanço da adesão ao movimento, mas discorda do percentual apresentado pelo governo. As aulas remotas estão mantidas pelos professores.

O Estado tem cerca de 33 mil docentes na rede estadual e as atividades presenciais haviam sido suspensas desde 18 de março por causa do agravamento da pandemia de covid-19. "A Secretaria de Educação e Esportes informa que, com o entendimento do TJPE sobre a segurança do retorno das atividades presenciais nas escolas no modelo híbrido, 90% dos professores da rede retornaram à sala de aula nesta segunda-feira (19)", diz o órgão.

A Justiça estadual estipulou pagamento de multa diária no valor de R$ 200 mil para o Sintepe, caso descumpra a determinação de não realizar a greve. No último domingo, a presidente do sindicato, Valéria Silva, assegurou que a entidade iria recorrer nesta segunda-feira. E que a greve aconteceria independente do posicionamento da Justiça. Os professores defendem que devido aos números da pandemia estarem alto no Estado esse não é o momento de reabrir as unidades de ensino. A greve, destacam, é em defesa da vida.

"A avaliação que fazemos sobre a greve é positiva, com a grande maioria de adesão, apesar de um número de contratos temporários nas escolas que são pressionados ao comparecimento. Não deu para visitar todas as escolas nesta segunda pois são 750", afirmou a vice-presidente do Sintepe, Ivete Caetano. 

"Discordamos deste dado de 90% de presença dos professores apontado pelo governo. Houve poucas escolas funcionando integralmente e neste caso com contratos temporários, que são pressionados pela ameaça do desemprego. Poucos alunos comparecerem às escolas hoje num claro sinal de apoio à greve . Os estudantes estão nas aulas remotas", afirmou Ivete Caetano.

ALUNOS

Ainda conforme a secretaria, pouco mais da metade dos estudantes das séries autorizadas a voltar compareceu. Houve 55% dos alunos da educação infantil, anos iniciais do fundamental e o 3º ano do ensino médio nas unidades (essas séries somam cerca de 87 mil estudantes).

"Ressaltamos que todas as escolas da rede estadual foram preparadas desde o ano passado, atendendo a todos os critérios estabelecidos no Protocolo Setorial o que inclui a instalação de lavatórios, de dispenser de álcool em gel, comunicação dos protocolos e arrumação das salas obedecendo ao distanciamento social", destacou a secretaria, por meio de nota.

DATAS

Na próxima segunda-feira (26) retornarão ao ensino presencial as turmas do 2º ano do ensino médio e 8º e 9º anos do fundamental. Nesta mesma data podem voltar as escolas da rede municipal. Em seguida, em 3 de maio, voltarão os 1º anos do ensino médio e os do 6º e 6º ano do fundamental.

Na rede particular, as escolas já podem ofertar o ensino presencial para todas as séries da educação básica.

SINDICATO

Por meio de nota, o Sintepe informou que ocorrerá atos simbólicos nas escolas, nesta terça-feira (20). Também será realizada uma carreata na próxima sexta-feira (23), no Recife.

Leia a íntegra da nota

"A Greve continua. O Sintepe recorrerá na justiça para garantir o direito de greve dos trabalhadores e trabalhadoras em educação.

O Sindicato faz uma avaliação positiva do primeiro dia do movimento. Para o Sintepe, houve adesão da maioria dos Trabalhadores/as em Educação nas escolas, apesar de alguns locais de trabalho terem pressionado para o retorno presencial. São 750 escolas e o Sindicato fará visitas às unidades. O Sintepe fará atos simbólicos nas escolas amanhã (20) e realizará uma carreata na próxima sexta-feira, no Recife.

O Sintepe discorda dos dados divulgados pela Secretaria de Educação e reafirma: houve grande adesão à greve no dia de hoje, 19 de abril.

A luta continua e a greve continua."