Uma das provas objetivas deste domingo, no primeiro dia do Enem, foi de ciências humanas, que envolve perguntas de história, geografia, sociologia e filosofia. Ao todo foram 45 questões. Ao contrário de outras edições, o teste não trouxe temas polêmicos.
Professor de história, Everaldo Chaves elogiou o teste. Das 45 perguntas, ele identificou 16 com enfoque em história. Alguns estudantes se queixaram que houve poucas perguntas da disciplina. Ele discorda.
"No geral foi uma boa prova. Só poderia ter distribuído melhor os assuntos. Caíram, por exemplo, duas questões de Idade Média e duas de teoria da história. Em vez de repetir o assunto, poderia abordar outros para valorizar o estudo do aluno e o trabalho dos professores", destaca Everaldo.
Ele elogiou a presença de diversos temas sociais. Empoderamento da mulher, desemprego estrutural, racismo e o legado do socialismo junto ao movimento operário foram algumas das abordagens, conforme o docente.
"Destaco também uma questão sobre o Estado Novo, da Era Vargas. Conteúdo, que por alguns anos foi negligenciado, voltou a aparecer no Enem desde o ano passado", diz Everaldo.
Outros temas foram imperialismo norte-americano, Revolução Industrial, patrimônio histórico, democracia, Santa Inquisição e Movimento Republicano.
PROVA DE LINGUAGENS
O músico Chico Science e o movimento manguebeat, que ele foi um dos principais fundadores, foram abordados em uma das questões da prova de linguagens do Enem, aplicada neste domingo. O movimento, neste ano de 2022, completa 30 décadas.
Na prova branca, foi o quesito 31. A prova tem ao todo 45 questões. Além dela, os candidatos fizeram testes de redação e ciências humanas.
A questão usa trecho de um texto publicado na Revista Esquinas, publicação digital da Faculdade Cásper Líbero. A reportagem é de setembro de 2019.
O texto fala que o Recife fervilhava no começo da década de 90 e diz que artistas trabalhavam para resgatar o prestígio da cultura pernambucana". Cita a publicação do manifesto escrito por Fred Zero Quatro, da banca Mundo Livre.
Também destaca que o maracatu, com suas alfaias, começa a se misturar com batidas de hip hop, guitarras de rock e elementos eletrônicos.
Diz que isso promoveu novos olhares para Recife, "que deixou de ser o lugar apenas do frevo e do carnaval, transformando-se na ebulição musical que continua a acontecer mesmo após os 25 anos de lançamento do primeiro disco da Nação Zumbi, da Lama ao Caos".