A greve estudantil na Universidade de São Paulo (USP), que começou na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) na semana passada, tem avançado por outras unidades ao longo desta semana.
Os alunos da Faculdade de Medicina votaram a favor da paralisação das aulas nesta quarta-feira, 27. Na terça, 26, foram os estudantes da Faculdade de Ciências Farmacêuticas que deram sinal verde à greve.
Alunos da Faculdade de Direito e da Escola Politécnica, menos frequentes nas paralisações, também já entraram no movimento. Com isso, parte das unidades teve aulas suspensas nesta semana, houve barricadas e alguns professores relatam terem sido impedidos de entrar nos prédios para dar aulas.
O principal motivo da paralisação é o déficit de docentes na instituição, que perdeu cerca de 800 professores na última década. A reitoria tem afirmado que já aprovou o plano de reposição das vagas e aponta dificuldade de acelerar as contratações.
"Não tem sentido uma greve prolongada quando as coisas já estão se resolvendo", disse o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior ao Estadão. Ele negou, porém, que vá usar a força contra os estudantes.
Os estudantes e a Associação de Docentes da USP (Adusp) dizem que a proposta da direção é insuficiente e cobram uma força-tarefa para solucionar o problema. O Diretório Central dos Estudantes (DCE) diz que a paralisação é "justa e necessária". Os grevistas também negam agir com violência.
O centro acadêmico da Faculdade de Medicina afirma, em nota, que além da contratação de professores e de melhores auxílios à permanência - principais demandas do movimento grevista da USP -, reivindica melhores condições para o Hospital Universitário (HU).
O hospital perdeu funcionários nos últimos anos e, por isso, precisou fechar leitos e atividades de pronto atendimento. O Estadão pediu posicionamento à instituição, mas não obteve resposta até a publicação da reportagem.
A reitoria da USP diz que já liberou a contratação de 879 professores, que seria o número apontado pelas diretorias das faculdades como necessário e diz que a chegada desses profissionais depende de processos burocráticos de seleção e contratação. A instituição também diz que já aumentou as bolsas de auxílios permanência recentemente. Os estudantes dizem que as medidas são "insuficientes".
Na manhã desta quinta-feira, a reitoria se reuniu novamente com os estudantes para tentar chegar a um acordo que ponha fim à greve. Novas assembleias estudantis foram feitas em seguida, mas a decisão é de que as paralisações sejam mantidas. A Faculdade de Economia e Administração (FEA), por exemplo, também passará por uma assembleia estudantil para definir se apoiará ou não a greve.