A inserção da tecnologia na educação não se restringe ao manuseio dos mais diversos dispositivos. Ela também pode ser observada na formação dos alunos e acaba por ditar o ritmo das transformações sociais da atualidade. Antes de pensarmos sobre como a digitalização do conhecimento pode estar alinhada às demandas do mercado de trabalho, é preciso discutir como as tecnologias estão sendo trabalhadas nos currículos escolares.
O Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação (CETIC1), publicou uma pesquisa em que 55% das escolas da rede pública, de ensino fundamental e médio, ofereceram alguma formação presencial ou a distância para os professores sobre o uso de tecnologias digitais em atividades de ensino e aprendizagem nos 12 meses que antecederam a coleta de dados. O mesmo levantamento, feito em 2022, mostrou que apenas 12% das escolas ofertavam formações sobre linguagem de programação e robótica.
“Precisamos aliar a tecnologia para produzir conhecimento. As escolas precisam colocar na sua grade curricular lógica de programação, pensamento computacional. Porque uma coisa é você pegar o celular e consumir o Instagram, o Tiktok, um joguinho produzido ali. Mas, como podemos trabalhar ferramentas tecnológicas para a gamificação, por exemplo, em sala de aula, para que a gente tenha alunos sendo estimulados”, afirmou a superintendente de Formação do Porto Digital, Marcela Valença, durante o programa Debate da Super Manhã, da Rádio Jornal, desta terça-feira (5).
O parque tecnológico tem olhado para a educação sob a perspectiva de como as metodologias específicas podem transformar o ambiente de aprendizagem. “Na escola, nós acreditamos que temos que ter uma ferramenta, mas que é preciso ter também uma metodologia. Por exemplo, por que o aluno não ensina o professor a como navegar e a se portar perante esse novo mundo, para essas pessoas que são mais velhas. A gente tem metodologias que são ativas, e a sala de aula invertida é uma delas, quando você coloca o aluno como protagonista do processo para poder mostrar o que ele sabe”, pontou Marcela Valença.
Ainda no Debate da Super Manhã, o Coordenador de Cursos na CESAR School, Everton Dias, também ressaltou a importância de uma formação contínua e sólida para os professores. As ferramentas tecnológicas devem ser vistas como um meio, associado ao processo de educação, sobre qual entrega de aprendizagem ela está ofertando para estes estudantes.
“O professor precisa pensar em construir a base. Se ele se preocupar apenas na utilização de ferramentas, todo dia ele vai trabalhar com uma diferente e não com o conteúdo em si, não com aquela base. Eu posso saber programar em cobol, mas eu tenho estabelecido o que chamamos de pensamento computacional, que é aquela ideia de construção de algoritmo e com isso eu consigo trabalhar em qualquer linguagem de programação. A partir disso e com o tempo, eu vou usar a linha de aprendizado para me adaptar a linguagem específica. A ferramenta tecnológica é um meio, um meio de facilitar o ensino, de facilitar o aprendizado, então temos que pensar dessa forma”, disse Everton Dias.
DEMANDAS DO MERCADO DE TRABALHO
As instituições de ensino superior também precisam andar alinhadas a esses avanços tecnológicos. A utilização de metodologias ativas é uma forma de conectar o conhecimento encapsulado na acadêmica com o mercado de trabalho.
“Se a gente não faz essa conexão, o que o aluno aprende em sala de aula não faz nenhum sentido e ele não vai saber como utilizar. Por meio destas metodologias ativas, que é exatamente o que a gente aprende lá na academia, se debruça sobre isso, é exatamente o que aplicamos em sala de aula, seja na disciplina de Residência do Embarque Digital, ou seja na disciplina de Projetos na CESAR School, onde eles têm contatos desde o primeiro período com problemas reais e clientes reais”, explicou o coordenador Everton Dias.
O Porto Digital lançou recentemente o Guia Estudantil para auxiliar os estudantes interessados nas áreas de Tecnologia da Informação a tirar dúvidas sobre os cursos disponíveis e quais são as demandas do mercado de trabalho.
“A ideia é que ele possa direcionar essas pessoas que vem buscar o Porto Digital, questionando quais cursos nós ofertamos, o que você precisa aprender, como é o mercado de trabalho e quais as vantagens de estar nele. Então juntamos todas as perguntas que recebemos diuturnamente para fazer esse guia e possibilitar que todos possam conhecer mais do nosso parque tecnológico e quais são os caminhos para a formação em tecnologia", explicou a superintendente de Formação, Marcela Valença.
No final de março, o Porto Digital vai publicar um Relatório de Demandas Profissionais, fruto de uma escuta com as empresas parceiras do parque. Por exemplo, as linguagens de programação que estão em alta nas empresas do Porto Digital são: Python, Html, Css, Javascript. "Conhecimento de Bancos de Dados, Desenvolvimento Web, Plataforma em Nuvem, também estão em alta e são habilidades e competências requeridas pelas empresas de lá", adiantou Marcela Valença.