Para estimular o pensamento crítico e auxiliar estudantes a identificar casos de violência doméstica e familiar a partir da Lei Maria da Penha, a professora da Escola de Referência em Ensino Médio (EREM) de Belo Jardim, Cristiane Oliveira, desenvolveu o jogo "Vidas Maria".
Testado em sala de aula com estudantes dos 2º e 3º anos, o jogo reconstrói contos de fadas e discute sobre a importância do empoderamento feminino de forma lúdica, dinâmica e acessível. Ele também reúne a trajetória de mulheres importantes da história brasileira, como Maria da Penha, Anastácia e Marielle Franco. “É um jogo que leva à esperança. O nome Vidas Maria está no plural porque são as possibilidades de vidas que uma mulher pode ter para além daquele ciclo de violência”, celebrou a docente.
O material didático, que recebeu o Prêmio Naíde Teodósio de Estudos de Gênero, da Secretaria da Mulher de Pernambuco, na última quinta-feira (7), é resultado das reflexões e pesquisas trabalhadas por Cristiane Oliveira, durante o Mestrado Profissional em Sociologia da Fundação Joaquim Nabuco (ProfSocio/Fundaj), sob orientação da historiadora e pesquisadora da Fundaj, Cibele Barbosa. Na Fundaj, o ProfSocio é coordenado pela Diretoria de Formação Profissional e Inovação (Difor).
“Para mim, a construção de Núcleos de Estudos de Gênero e Enfrentamento da Violência contra a Mulher é uma verdadeira semeadura de esperança, pois a construção de uma sociedade justa e igualitária passa pela igualdade de gênero e pela segurança e bem-estar das nossas mulheres e meninas”, contou Cristiane, que também está matriculada no Curso de Especialização em Gênero, Desenvolvimento e Políticas Públicas: práticas Educacionais, da Fundaj.
A gestora Galva Cristiane, gestora da EREM Belo Jardim, afirma que a comunidade escolar recebeu o projeto Vidas Maria de forma acolhedora. “Alguns pais falaram conosco e afirmaram que o jogo foi motivo de conversa em casa e que, muitas vezes, não tinham essa abertura”, completou.
Prêmio Naíde Teodósio de Estudos de Gênero contempla 39 projetos
A 13ª edição do Prêmio Naíde Teodósio de Estudos de Gênero premiou 39 projetos, entre redações, artigos científicos, relatos de experiência, roteiro e reconhecimento institucional. De todos os premiados, 23 são de Escolas Públicas Estaduais. A cerimônia foi realizada no Teatro Santa Isabel, no bairro de Santo Antônio, no Recife.
"Naíde Teodósio foi uma pessoa que encontrou, segundo ela, na universidade, na família e no povo sofrido a razão da vida dela. Que nós possamos fazer das práticas pedagógicas uma troca de boas práticas. O jogo de Cristiane [Oliveira] deve estar em todas as escolas e servir de inspiração para que cada um encontre o seu caminho de transformação”, comentou a vice-governadora Priscila Krause, presente na cerimônia.
As premiações foram desde notebooks até valores em dinheiro de R$ 5 mil, R$ 8 mil e R$ 20 mil. A iniciativa teve como objetivo estimular e fortalecer a produção crítica de conhecimentos sobre as relações de gênero, contribuindo para a promoção dos direitos das mulheres em suas diversidades. A Gerência de Formação em Gênero da SecMulher, juntamente com oito parceiros, é a responsável por promover esse reconhecimento.
"A entrega desse prêmio é um momento de muita emoção e reflexão sobre a importância da discussão sobre equidade de gênero e de raça. Das pessoas inscritas, cerca de 54% se autodeclaram pretos ou pardos, ou seja, pessoas negras. E dessa quantidade, 490 são mulheres. Isso demonstra e torna evidente o quanto é importante difundir esse tipo de premiação para que as pessoas possam se sentir a vontade para conversar, para discutir esse assunto que é tão relevante dentro da sociedade machista que nós temos", declarou a secretária estadual da Mulher, Mariana Melo.
Trabalhos inscritos homologados
O Prêmio Naíde Teodósio é o único no Brasil voltado para o estudo de gênero e, nesta edição, teve 692 trabalhos inscritos homologados. A lista com os nomes de todos os ganhadores está disponível no site da Secretaria da Mulher de Pernambuco.
Foram aceitas para avaliações produções de textos, pesquisas, estudos, roteiros e projetos que busquem contemplar as dimensões de classe social, raça, etnia, orientação sexual e diversidade de gênero das mulheres de Pernambuco, produzidas por estudantes do 9º ano do ensino fundamental, ensino médio, técnico subsequente, graduação e pós-graduação, bem como professores do ensino médio e técnico subsequente.
Além da Fundaj, o prêmio conta com a parceria da Secretaria de Educação (SEE), da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação (SECTECI), da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), da Companhia Editora de Pernambuco (Cepe), da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Pernambuco (IFPE).