Enem 2024: Especialistas explicam como a nota do exame é calculada

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é composto por 180 questões objetivas e uma redação, e os candidatos precisam estar atentos

Publicado em 22/10/2024 às 15:52 | Atualizado em 22/10/2024 às 19:06

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) acontecerá nos dias 3 e 10 de novembro, e os candidatos devem se preparar adequadamente para enfrentar a intensa maratona de provas. Além de dominar o conteúdo exigido, é fundamental que os estudantes compreendam como funciona a Teoria de Resposta ao Item (TRI), a metodologia utilizada para calcular a pontuação das 180 questões objetivas que compõem o exame. 

 "A prova do Enem passa por um pré-teste, onde ocorre um julgamento inicial sobre quais questões serão classificadas como fáceis, médias ou difíceis. Portanto, não se trata apenas da quantidade de acertos; às vezes, um aluno pode acertar 40 questões de Matemática, enquanto outro acerta 35 e obtém uma nota maior. Muitas pessoas não compreendem esse resultado, que não se baseia apenas no número de acertos, mas na coerência pedagógica pautada pelo Teoria de Resposta ao Item", explica Ricardo Berardo, professor de Matemática e coordenador do Colégio Saber Viver.

Na prática, espera-se que os participantes que acertaram as questões difíceis também tenham um bom desempenho nas questões fáceis. Isso ocorre porque, teoricamente, habilidades mais complexas exigem o domínio de habilidades mais simples.

Por outro lado, a TRI indica que um candidato com um número elevado de acertos obterá uma pontuação alta, enquanto um participante com poucos acertos terá uma nota baixa.

 

Estratégias

No primeiro dia, os participantes terão cinco horas e meia para responder a 90 questões, que abrangem as áreas de Ciências Humanas e suas Tecnologias e Linguagens, Códigos e suas Tecnologias. Além disso, os alunos deverão elaborar uma Redação, cujo tema será revelado apenas no momento da aplicação do exame.

No segundo dia, os candidatos terão cinco horas para responder a 90 questões das Ciências da Natureza e Matemática. "Uma das estratégias que gosto de recomendar aos meus alunos, válida não apenas para a prova de Matemática, mas para todas as áreas do Enem, é identificar quais questões são consideradas fáceis, médias e difíceis de acordo com a cartilha da TRI. A ideia é começar a responder pelas questões fáceis, depois passar para as médias e, por último, enfrentar as difíceis. Essa é uma estratégia bastante eficaz", destacou o professor Berardo.

No caso da prova de Matemática, o coordenador do Colégio Saber Viver destaca que os participantes devem estar atentos às questões "armadilhas", conhecidas como destratores. "Essas são alternativas que, à primeira vista, parecem ser as respostas corretas, mas não são. O aluno precisa prestar atenção ao comando da questão e entender o que ela realmente está pedindo. No calor da emoção, um candidato pode encontrar um resultado, perceber que uma alternativa corresponde a esse resultado, mas que não atende ao que o comando da questão realmente exige", afirmou o docente.

Por exemplo, o candidato pode achar o lado de um quadrado, esse resultado estava entre as alternativas, mas a questão estava pedindo a área desse quadrado. 

Três parâmetros para medir o conhecimento

O modelo de TRI utilizado no Enem considera três parâmetros essenciais para medir o conhecimento dos participantes. O primeiro é a "Discriminação", que distingue os alunos que dominam o assunto daqueles que não o dominam, com base no desempenho em cada questão.

O segundo parâmetro é a "Dificuldade", que avalia a complexidade da questão; quanto maior o valor atribuído, mais difícil é o item. Por fim, o terceiro parâmetro refere-se ao "Acerto Casual", que leva em conta a probabilidade de um participante acertar uma questão sem realmente dominar a habilidade exigida, ou seja, o famoso "chute".

Segundo o especialista em tecnologia e assessor pedagógico da plataforma Amplia, Jonas Moraes Sousa, a TRI não penaliza as respostas erradas diretamente, ou seja, não subtrai os pontos por erro do candidato. Porém, há um ajuste indireto baseado no padrão de respostas.

De acordo com o especialista, a recomendação aos estudantes é se preparar e apurar o olhar diante das diversas perguntas presentes na prova, estudando o formato das questões. Isso pode ser feito por meio da resolução de provas anteriores, o que permite se familiarizar com o estilo e a estrutura das perguntas, além de ajudar a identificar padrões e temas recorrentes.

Outra abordagem eficiente é realizar?simulados com cronômetro, o que contribui para aprimorar o gerenciamento do tempo durante a prova. Ao começar pelas questões mais fáceis, aquelas em que se sente mais confortável, é importante que o candidato se atente à qualidade das suas respostas.

Vale ler as questões cuidadosamente?e analisar todas as alternativas antes de escolher a resposta. No entanto, a dica essencial é não deixar respostas em branco.  Mesmo que o candidato precise chutar, receber uma pontuação menor devido à identificação do chute pelo algoritmo é sempre melhor do que não responder, já que, ao deixar em branco, ele não receberá nem uma fração de ponto.

"O nível de dificuldade de cada pergunta pode não ser evidente quando o aluno faz a prova. No entanto, algumas estratégias podem ajudar a identificar esse ponto. Uma estratégia interessante é avaliar o enunciado, pois questões com enunciados mais longos e detalhados ou que envolvem múltiplas informações, gráficos ou tabelas, tendem a ser mais difíceis. Já as mais simples, com enunciados diretos, geralmente são de menor dificuldade",explicou Jonas Moraes.

Acesso ao Ensino Superior

O Enem avalia o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. Ao longo de mais de duas décadas de existência, o Enem se tornou a principal porta de entrada para a educação superior no Brasil, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e de iniciativas como o Programa Universidade para Todos (Prouni).

Instituições de ensino públicas e privadas utilizam o Enem para selecionar estudantes. Os resultados são usados como critério único ou complementar dos processos seletivos, além de servirem de parâmetro para acesso a auxílios governamentais, como o proporcionado pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies).

Os resultados individuais do Enem também podem ser aproveitados nos processos seletivos de instituições portuguesas que possuem convênio com o Inep para aceitar as notas do exame. Os acordos garantem acesso facilitado às notas dos estudantes brasileiros interessados em cursar a educação superior em Portugal.

 

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