Volta às aulas: casos de cyberbullying e bullying aumentam cerca de 12% no Brasil
A proibição do uso de celulares em ambiente escolar pode minimizar os impactos de bullying e cyberbullying em crianças e adolescentes

A volta às aulas esse ano será diferente. Isso porque, em janeiro, foi sancionada a lei que restringe o uso de celulares nas escolas brasileiras, permitindo seu uso apenas para atividades pedagógicas.
O objetivo principal é promover um ambiente escolar mais saudável e equilibrado, protegendo a saúde mental, física e emocional de crianças, jovens e adolescentes.
A medida também pode ser útil no combate ao cyberbullying, que envolve ataques realizados por meio da internet.
No ano passado, os cartórios de notas do Brasil registraram um aumento de aproximadamente 12% na média anual de casos de bullying e cyberbullying, documentado por meio de solicitações de atas notariais, que comprovam os ataques.
Os casos podem variar de xingamentos e ofensas a agressões físicas mais graves, podendo até evoluir para ataques a escolas, homicídios e outros crimes.
Mudança de comportamento
Crianças, jovens e adolescentes expostos a estes casos, provavelmente, apresentam sinais.
Os professores, por passarem mais tempo com os jovens, conseguem identificar mais facilmente os sinais de que algo está errado. Um deles é a recusa em ir para a escola, caso o problema ocorra no ambiente escolar.
Quando ocorre no ambiente digital, os pais devem estar atentos à mudança de comportamento, ansiedade, crises de pânico, tristeza, irritabilidade, perda de apetite e até o afastamento social.
Maurício Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil, organização não governamental internacional focada no desenvolvimento de crianças e adolescentes, explica que o bullying é o ato de ameaçar, agredir e intimidar uma pessoa sistematicamente.
“O cyberbullying, que é quando a prática acontece na internet, potencializa os danos naquela pessoa que sofre bullying, especialmente, nas crianças e nos adolescentes, que ainda não desenvolveram totalmente o seu arcabouço psíquico para enfrentar tais questões”, esclarece.
“O cyberbullying é praticado, geralmente, por pessoas conhecidas, mas, infelizmente, é a ponta de algo muito maior. Os riscos de os adolescentes utilizarem a internet sem monitoramento de pessoas adultas são bem maiores, com a possibilidade de serem vítimas de abusos e violência sexual on-line”, completa.
Entender o comportamento possibilita maior proteção
Algumas maneiras de proteger as crianças e adolescentes online incluem: entender os horários em que a rede social é mais perigosa, saber quais aplicativos oferecem menos recursos de segurança e supervisionar o uso da internet.
Nos jogos on-line, o cyberbullying é um comportamento bastante comum, principalmente, por ser feito no tom de brincadeira e em um local de distração. Mas, além disso, os perigos de abuso e violência sexual também existem.
Um estudo conduzido pela ChildFund Brasil, intitulado “Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet”, aponta que 5,6 milhões de adolescentes podem ter sido vítimas de violência sexual online, um número comparável à população de países como Congo, Finlândia e Noruega.
Outra informação revelada pelo estudo é: adolescentes que mantêm um bom diálogo com a família e cujo acesso à internet é supervisionado pelos pais, têm 40% menos chance de se tornarem vítimas de violência sexual.
Os responsáveis devem monitorar os sites e jogos acessados pelos jovens, além de conversar com eles para saber com quem estão interagindo e quais conteúdos estão consumindo. Também é importante ativar o controle parental.