Um dos maiores símbolos do atraso em obras públicas no Grande Recife, a ponte que ligaria os bairros da Iputinga, na Zona Oeste da capital, e Monteiro, na Zona Norte, pode ganhar uma nova chance ainda este ano.
Segundo a Prefeitura do Recife, o edital para a retomada dos serviços - iniciados em 2012 e paralisados em 2014 - está pronto e sob análise do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que teria pedido retificações apenas em itens relativos a planilhas. A expectativa é de que a obra seja contratada e retomada ainda este ano, que marca o último da segunda gestão de Geraldo Julio (PSB). Foram nada menos que oito anos para que a obra tomasse rumo.
"Fizemos um estudo técnico com outro tipo de projeto para que não precisasse haver outras desapropriações. A altura da ponte foi reduzida e o valor projetado para esse nova solução ficou inclusive mais barato que o anterior", comenta o secretário municipal de Infraestrutura, Roberto Gusmão. Segundo ele, tão logo o TCE libere o edital o processo será iniciado. "A contratação e o início das obras deverão acontecer ainda este ano". De acordo com Gusmão, o custo da obra ficará em torno de R$ 30 milhões e os recursos já estariam garantidos através de uma linha da Caixa Econômica Federal.
Inicialmente orçado em R$ 43 milhões, o projeto da ponte foi assinado no dia 24 de março de 2012 pelo então prefeito (hoje vereador) João da Costa (PT). Foi anunciado como solução para ligar as Zonas Norte e Oeste e previa um complexo viário que requalificaria 20 ruas nos dois bairros.
A ponte teria 280 metros de extensão e 20 de largura. O grande desafio seria negociar as desapropriações com os 600 donos de imóveis das imediações. Até hoje há entreveros relativos a indenizações, principalmente do lado de Monteiro.
A previsão inicial era de 18 meses. Ou seja: a ponte deveria estar pronta em setembro de 2013.
Em dezembro de 2012, devido a problemas com repasse de recursos, os operários no canteiro de obras começaram a minguar. No início de 2014 o cenário era de abandono total. Ficou a enorme estrutura como símbolo da ineficiência.
Aditivo após aditivo, a obra chegou a ser orçada em R$ 54,6 milhões. Até o Banco Mundial, um dos financiadores do projeto, se retirou ao não ver soluções da PCR para o atraso nos serviços. No final de 2018, a Primeira Câmara do TCE julgou a obra irregular diante dos atrasos da falta de alternativas apresentadas pela prefeitura para a retomada.
Pelo novo projeto a ponte se chamará Jaime Gusmão em homenagem ao engenheiro, professor da UFPE e ex-presidente da URB e do CREA Jaime de Azevedo Gusmão Filho, falecido em 2013 aos 81 anos. Ele é pai do secretário Roberto Gusmão. A homenagem foi aprovada em 2014 pelo prefeito Geraldo Julio. Jaime Gusmão foi um dos criadores, durante a gestão de Jarbas Vasconcelos à frente da prefeitura (1986-1988), do programa de gerenciamento de morros e áreas de risco que até hoje serve como parâmetro para políticas que são adotadas por órgãos como o Ministério das Cidades.
"Vamos deixar o contrato feito e os recursos assegurados. Será uma obra a ser tocada pela próxima gestão à frente da prefeitura", diz o secretário.