Por Leonardo Spinelli, para a coluna JC Negócios
Com previsão de um pequeno crescimento de produção na safra 20/21, o setor sucroalcooleiro espera gerar mais de 70 mil vagas de trabalho até março com o início da safra de cana-de-açúcar em Pernambuco.
Apesar de ter vendido menos este ano, por causa da menor circulação de gente e trânsito que reduziram as vendas de etanol, em termos de emprego, o segmento econômico não foi impactado pela pandemia do novo coronavírus em 2020.
"A covid veio após a safra passada e o isolamento social ficou forte durante a entressafra, por isso teve condição de manter o emprego e o calendário agrícola", diz o presidente do Sindicato da Indústria e do Álcool de Pernambuco (Sindaçúcar), Renato Cunha.
Pior do que a pandemia foram as intervenções do governo Dilma Rousseff, a partir de 2014, para manter artificialmente o preço da gasolina em níveis baixos, apesar da alta do dólar e da inflação à época. Isso terminou reduzindo o nível de emprego do setor justamente porque a produção despencou.
"De 2014 para cá as dificuldades climáticas e a política instável da gasolina prejudicou bastante. Produzíamos 15 milhões de toneladas de cana e houve quedas sucessivas, chegando a 10 milhões de toneladas na safra 17/18", diz Cunha.
"Na safra 18/19 cresceu, na passada chegamos a 12,5 milhões de toneladas e a gente espera 12,8 milhões para a próxima safra, o que representará a geração de empregos", diz o executivo. Segundo ele, o setor trabalha com o objetivo de voltar à marca dos 15 milhões de toneladas, níveis anteriores a 2014, em três anos. "Se conseguirmos, teríamos um contingente de 85 mil pessoas empregadas", projeta.
O setor da cana trabalha com uma proporção de seis homens para cada mil toneladas. Com a perspectiva de moer 12,8 milhões de toneladas na safra da virada de 2020 para 2021, o segmento poderá empregar mais de 70 mil trabalhadores. "O mais importante para a geração de emprego é ter matéria-prima para ser plantada e colhida. Tudo depende da questão agrícola e da resposta ao investimento", disse.
Para 2021 a estratégia do setor sucroalcooleiro é trabalhar com o álcool hidratado para carros flex, álcool anidro para ser misturado à gasolina e dependendo do câmbio, hoje favorável às exportações, um foco no açúcar. "Tentamos migrar para exportação quando é possível, os asiáticos estão comprando açúcar para formação de estoque e isso acelera o fluxo de vendas", diz Renato Cunha.
Com a eleição de Joe Biden nos EUA, o dólar, no entanto, dá sinais de baixa em relação a outras moedas, inclusive o real. Mas para o setor o atual nível de R$ 5,3 é favorável às vendas ao mercado externo. "Esse ano vamos destinar 53% da operação para etanol e 46% para açúcar, no Brasil. Se o dólar cair, vamos ter uma operação menor de açúcar e aumentar o etanol."