Pernambuco enfrentará crescimento da covid-19 sem novas verbas da União para saúde

Cenário financeiro foi desenhado para que, em dezembro, assistência a covid-19 estivesse no final. Talvez até com a perspectiva de uma vacina
Fernando Castilho
Publicado em 15/12/2020 às 11:00
Os percentuais de ocupação da sexta-feira estão na média dos dois dias anteriores Foto: ANDRÉA RÊGO BARROS/PCR


Por Fernando Castilho da Coluna JC do Jornal do Commercio

No meio desse debate inusitado sobre o início da vacinação - quando sequer sabemos que vacinas o Brasil terá para aplicar na população - tem um detalhe que talvez seja mais importante que uma data para começar a vacina. O crescimento dos casos de internação generalizada quando o dinheiro que Estados receberam da União já foi repassado.

O Brasil foi um dos países que, proporcionalmente, mais deslocou recursos para a covid-19. De um total de R$ 603,75 bilhões, o auxílio emergencial a vulneráveis consumiu R$ 254,24 bilhões. E somente as despesas para o setor de saúde forma destinados R$ 44,6 bilhões dos quais 77,4% (R$ 34,5 bilhões) das despesas autorizadas tinham sido pagas até outubro. O problema é que o dinheiro está acabando e a covid-19 em expansão.

O caso de Pernambuco - que recebeu um total de R$ 3.243,0 bilhões dos quais R$ 2.810,6 bilhões tinham sido pagas até outubro – é um bom exemplo. O Governo tinha em novembro um resto de mais R$ 432,4 milhões a receber até o final do ano. Desse total em créditos extraordinários à saúde (R$ 663,6 milhões), o Estado já gastou R$ 530,9 milhões e deve receber até 31 de dezembro, R$ 132,7 milhões.

Só que esse cenário financeiro foi desenhado para que, em dezembro, assistência a covid-19 estivesse no final. Talvez até com a perspectiva de uma vacina o que não está acontecendo.

No dia 11 de junho, por exemplo, 1.059 novos casos da Covid-19 foram identificados em Pernambuco. Desses segundo o Boletim da Secretaria de Saúde, 271 dos confirmados se enquadram como Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), portanto, com necessidade de internação. O número significava parte do total 1.584 leitos dos quais 771 (945) de UTI estavam ocupados.

Essa semana de junho foi uma das mais dramáticas no Estado pelo percentual de pessoal que estavam dentro de uma UTI.

O problema é que, ontem, dos 1.773 leitos disponíveis estavam internadas 894 pessoas estavam na UTI, fazendo a média de chegar a 83% da capacidade instalada.

O que começa a preocupar, agora também a área econômica do governo do Estado, como alias de todos os governos dos Estados é que o dinheiro está acabando, não há previsão de mais verbas federais e o número de contaminados se aproxima de 7 milhões e já passou de 180 mil mortos.

Dito de outra forma: os Estados terão se costurar sozinho com as despesas e as verbas do SUS inclusive reativando leitos e reapresentar pedidos de financiamento na rede credenciada que para até R$ 1.600, 00 de diária de paciente em UTI.

No caso de Pernambuco, isso quer dizer que não existe mais o apoio das prefeituras que montaram serviços de atendimento. Ou seja, os municípios estão mandando suas ambulâncias para o Recife através da Central de Regulação de Leitos.

Isso explica as declarações do secretário André Longo exigindo mais restrições e entrando em conflito com secretários que temem que o Governador adote mais medidas restritivas.

Sem perspectiva de o início de uma vacinação, sem perspectiva de que o MS destine mais verbas já que o Orçamento de Guerra está no final da execução Pernambuco já sabe que terá que reativar mais

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