Depois de acalentar durante mais duas décadas e ver o projeto começar, há quase 16 anos, Pernambuco perdeu para o Ceará, a ferrovia Transnordestina que nasceu como proposta do governo Jarbas Vasconcelos, se desenvolveu no governo Lula, parou nos governos Dilma Rousseff e virou opção para o Ceará no governo Bolsonaro.
Numa conversa bastante franca o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Freitas confirmou ao governador Paulo Câmara que a ferrovia Transnordestina vai mesmo priorizar a construção do ramal direcionado para o Porto de Pecém (CE) como ele havia informado, em julho, a investidores num seminário internacional promovido pelo jornal Valor.
Esse, portanto, será o trecho que o concessionário da ferrovia, o Grupo CSN, liderado pelo empresário Benjamin Steinbruch que terminará o ramal Eliseu (PI) Pecém (CE) conforme compromisso com o Governo Bolsonaro.
Apesar disso, Freitas disse que Pernambuco está liberado para arranjar um investidor para concluir o trecho Custódia-Suape de aproximadamente 300 quilômetros assim com retirar a Ilha de Cocais da poligonal do porto de Suape para um terminal de minérios.
O ministro disse que a União aceitou a proposta de Steinbruch porque vê nela melhor chance de destravar e finalizar a obra ao mesmo com um trecho. Mas não colocará empecilhos se Pernambuco encontrar investidor interessado no trecho em planejamento.
Definitivamente, não é um bom negócio para Pernambuco e nem era isso que o governador Paulo Câmara queria. Até porque o discurso sempre foi de que a maior parte da ferrovia pronta está no território pernambucano de Trindade a Custódia.
Parece claro que Tarcísio Freitas não teve papas na língua e confirmou tudo que já forma publicado. Ao governo restou apenas o discurso de que vai arranjar um novo parceiro e que já tem grupos interessados no negócio especialmente pelo possível terminal de minérios.
O Governo do Estado divulgou uma informação afirmando que esse era o objetivo de Pernambuco diante da ameaça de perde totalmente o ramal de uma estrada de ferro que passa por mais 400 quilômetros pelo território de Pernambuco e que vai para o Ceará.
A opção por Pecém é um duro golpe para Suape. Na verdade, a proposta inicial era de uma ferrovia que cortava Pernambuco com um eixo de negócio que visava transportar gesso, frutas e levara para o interior combustível e até automóveis.
Uma negociação provocada pelo então governador do Ceará, Tasso Jereissati incluiu um ramal para o porto de Pecém (CE) formando uma ferrovia de três cabeças. Partindo do polo agrícola de Eliseu Martins, no Piauí com destino a Suape com uma curva no município de Salgueiro em direção ao porto cearense.
O escopo do negócio era o transporte de minério que pode ser explorada no município de no Piauí além dos produtos agrícolas produzidos na região conhecida como MATOPIBA formado pelos estados de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
No lado cearense, a proposta era trazer produtos importados por Pecém e da parte de Pernambuco os combustíveis no terminal de Suape. Depois de quase duas décadas a realidade é que Pernambuco ouviu do ministro da infraestrutura que a ferrovia que sonhou não vem mais para Suape.
A oferta de uma parte do trecho para que um outro investidor interessado é um duro golpe do Governo Federal que gastou 5,4 bilhões dos R$ 6,5 bilhões já investidos.
O novo concessionário (Suape Custódia) terá direito de passagem pela ferrovia com uma taxa a ser negociada com a Transnordestina.