As últimas chuvas que caíram em Petrolina, desde o último sábado (25), elevaram a média do mês de dezembro com precipitações de até 300 mm em algumas localidades do interior do município. Isso causou prejuízos da ordem de R$ 45 milhões aos produtores de uva e manga com a perda de mais de 15 mil toneladas (5 mil de toneladas de uvas e 10 mil de manga) das frutas numa primeira estimativa.
O excesso de água nas fazendas faz apodrecer as uvas nos parreiras com o aumento de doenças, a exemplo do míldio e outras bactérias, que vêm tirando o sono dos produtores que estão realizando tratos culturais nas fases de poda, colheita e com a fruta florando.
Ate agora, a categoria já contabilizou uma perda de 5 mil toneladas da fruta e teme um comprometimento da safra 2022, principalmente, se o aviso meteorológico da Agência Pernambucana de Águas de Climas (Apac), com a possibilidade de mais precipitações nos próximos dias, se confirmar.
De acordo com o gerente executivo do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), Flávio Diniz, a categoria ainda não fez um balanço total, mas já contabiliza um prejuízo estimado em R$ 20 milhões com a perda de 10 mil toneladas de mangas perdidas em função da enxurrada.
Segundo o presidente da Valexport, José Gualberto, as chuvas causam um problema sério, pois além de você ter rachadura na uva, ela perde qualidade e não chega com o necessário para comercializar qualidade, um padrão da região produtora.
“Caso chova mais, além das perdas pelo excesso de abortamento, teremos muitas áreas com a polinização comprometida e uma redução da produção de até 100%”, alerta o produtor e consultor de uva, Jackson Souza Lopes.
Segundo o produtor de manga Josival Amorim, as precipitações alteram a fase fenológica da fruta, comprometendo o desenvolvimento vegetativo e a floração. “Com certeza, a safra do ano que vem já está comprometida, diminuindo significativamente os índices de produtividade dos pomares em nossa região”, ressaltou.
Ainda segundo José Gualberto, toda essa chuva fora de época pode comprometer a safra futura, uma vez que atrasa ou prejudicar a floração. Mas uns estão sofrendo mais e outros menos, pois a chuva não é generalizada toda a região. Ela ocorre com maior frequência num lugar, com menor em outro.
Ainda conforme José Gualberto, tudo amplia a incidência do aumento do risco de doenças decorrentes da umidade. Isso por si só aumenta a necessidade de uso de defensivos agrícolas. Se forem aplicados e se chove você tem que reaplicar.
Flávio Diniz, do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina, diz que a entidade já criou um grupo técnico para acompanhamento das chuvas e vem monitorando os tratos culturais visando minimizar as perdas.
"Além desses prejuízos os produtores têm também a lamentar o aumento dos custos de produção, de implementos agrícolas e de embalagens da fruta que são puxados para cima pelo alto valor da cotação da moeda americana", pontuou.
O gerente executivo acrescentou ainda que o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina vem atuando junto à categoria no planejamento da safra vindoura para evitar o comprometimento da produtividade e das demandas das frutas no mercado interno e externo.
PERIODO DE CHUVAS NO VALE
O presidente da Abrafruta, Guilherme Coelho preferiu não fazer uma estimativa do total dos prejuízos esperando colher mais informações.
Coelho lembra que, de fato, esse é o período de chuvas na região, mas que a intensidade surpreendeu porque a quantidade de foi muito superior a media que os pomares recebem.
Ele disse que os prejuízos também são decorrentes de um desempenho do segmento especialmente de uvas que agora colhe todo o ano gerenciando o ciclo da planta. Isso explica porque produtores viveram situações diferentes onde uns perderam a florada e outros a qualidade da fruta especialmente a destinada à exportação.
Essa possibilidade cada vez maior de produzir e colher durante todo o ano está levando ao vale uma nova tecnologia de gerenciamento que é a plastificação dos pomares onde a cobertura protege a planta.
Segundo o empresário essa é uma opção ainda muito cara, mas que o potencial de negócio já motiva produtores a fazerem experimentos. Esses produtores, por exemplo, não tiveram perdas, mas isso ainda não é um padrão.