O bilionário Elon Musk comprou o Twitter. Pagou pelo direito de colocar uma placa de “dono” na plataforma, US$ 54,20 por ação, o que representa um negócio de US$ 44 bilhões. Dessa forma, quem tem o papel terá um prêmio de 38% ante a cotação de 1 de abril, um dia antes de o fundador da Tesla e da SpaceX anunciar o interesse em comprar a mídia social.
Para quem vendeu é um negócio bem interessante do ponto de vista financeiro. Mas tem aquilo que os analistas de marcas chamam de valor intangível e isso é, certamente, o grande desafio de Musk. Ele conseguirá manter o valor intangível do Twitter?
É importante pontuar. O Twitter é diferente de todas as redes que disputam o mercado. Os usuários acham que ele é do bem. Talvez a rede social mais politicamente correta do mundo. Não era nenhuma Brastemp na Nasdaq, mas ninguém perdia dinheiro com ela. E não tem acusações de querer manipular suas opiniões. Mesmo sendo azul, o Twitter é a plataforma mais verde que você tem hoje no mercado.
Aí chega Elon Musk e fecha. Como disserem o repórteres Bruno Romani, Bruna Arimathea e Guilherme Guerra, de O Estado de S. Paulo na matéria de anuncio da venda: “O passarinho azul está oficialmente na gaiola do homem mais rico do mundo”. Bela sacada.
A compra quer dizer isso mesmo. Que o passarinho azul está na "gaiola" do cara que é dono de empresas como a SpaceX, PayPal, Tesla, Inc., Hyperloop, Zip2, SolarCity, Neuralink.
É bem representativo que Musk tenha colocado a mão do bolso e tenha feito um cheque pessoal de US$ 12,1 bilhões para comprar a empresa e ainda fazer um empréstimo do restante para comprar a empresa toda.
Mas o que diabos esse cara quer com isso?
Num primeiro momento, ele vai querer mesmo é não perder o seu dinheiro. Musk é muito arrojado, pensa longe, mas não gosta de perder dinheiro em projetos que não veja possibilidade de ganhar dinheiro.
Ao contrário de Jeff Bezzos, Bill Gates e Warren Buffett, Musk tem o que os investidores chamam de instinto da ganância. A vontade de ganhar sempre.
Mas nesses primeiros momentos, a maior preocupação que os analistas têm é com as posições políticas de Musk. Há uma tendência de muitos analistas de achar que Musk quer ter um protagonismo global ainda maior.
Coisas como se ele estaria mais afinando com os conservadores e os direitistas que se escudam no que chama de liberdade de expressão para atacar ferozmente quem diverge.
Uma das grandes especulações é se depois dele, o Twitter passaria a apoiar a liberdade irrestrita de publicações na plataforma e reduzir o uso de marcadores ou remoções de conteúdos inapropriados.
Ou lembrar que como dono do Twitter ele poderia reativar a conta do ex-presidente americano Donald Trump.
Bom, se ele faz o que pensa isso é uma possibilidade. Até porque não temos nenhuma declaração de amor de Musk aos Democratas americanos.
Outra coisa que assusta os analistas é se ele usaria o Twitter para abrir tanto o conceito de liberdade de expressão que o aplicativo seja tomado pela direita ruidosa que usando esse direito de livre expressão faria do Twitter o seu canal contra os liberais, verdes, minorias e todo o pessoal LGBTQUIA+.
Pode ser. Mas a grande vantagem da internet é que ela não curte quem não lhe entrega nada. Se o consumidor entender que o Twitter deixou de ser a rede do bem, tolerante e moderna no sentido mais livre de expressão ele simplesmente vai deixar o aplicativo inativo e, EME algum momento, desinstala-lo do seu Smartphone. Aliás, a internet é um cemitério de sites e plataformas que ficaram pelo caminho.
Então nesses primeiro momentos, é ter presente que o novo dono do Twitter vai querer colocar um monte de funções e serviços que acredita que a plataforma não tem e que poderiam ser usado para ganhar mais dinheiro. E provar que “O Twitter tem um potencial extraordinário. E destravá-lo.”
Mas agora a especulação é se ele vai mesmo aplicar na sua plataforma o que pensa sobre essa tal liberdade de expressão. É natural.
Recentemente, ele disse que o Twitter “se tornou uma praça pública de fato, então é muito importante que as pessoas tenham tanto a possibilidade concreta como a percepção de que são livres para falar, dentro dos limites da lei”.
Pode ser, mas como informam os analistas no começo que vai fazer o que prometeu: transformar os algoritmos do Twitter em código aberto, tornando possível que a sociedade entenda como opera a plataforma.
E acabar com todas as contas de robôs de spam, ou seja, que seguem padrões de postagem repetitivos e de importunamento. E autenticar todas as contas de humanos no Twitter, onde hoje é permitido criar contas falsas.
Se Elon Musk fizer isso e se deixar você escrever o que quer na rede dele, vai ganhar muito freguês.