A geração Millenium talvez se lembre. A Geração Z, certamente, nunca ouviu falar. E a Zoomers (também conhecidos como Gen Z) olha para sua rede social favorita, TikTok, e não sabe do que se trata. Mas, acredite: houve um tempo em que a cidade do Recife era referência em limpeza urbana.
Isso aconteceu quando nem existia Internet e a TV aberta era capaz de impactar 100% das pessoas. Hoje, se o gestor não focar nas plataformas digitais, dificilmente tem chances de ter sucesso na sua comunicação quando fala de urbanismo.
Portanto, parece claro que a Prefeitura do Recife percebeu a importância de falar de Educação para ensinar as pessoas que lugar de lixo é no lixo.
A lixeira não morde!
Pode parecer um absurdo, mas a última grande campanha sobre a importância de cuidar da cidade que tratou disso foi no Governo João Paulo.
Por isso, é importante saber que Prefeitura do Recife incluiu um pacote de publicidade bem humorada na sua campanha de melhoria da limpeza urbana que está começando.
A bem da verdade, a comunicação da PCR ainda fala mais dos novos equipamentos. Uma nova frota de caminhões bem coloridos, com uma pegada ecológica, embora movidos a diesel.
Máquinas de varrição motorizadas e adequação de novos dispensers para receber detritos. Isso pode ser bom para o prefeito João Campos, mas a população não se emociona.
Felizmente, tudo isso está vindo junto a um vídeo educativo bem humorado que aposta nessa falta de consciência do cidadão e da comunidade em não ajudar o dinheiro gasto pela Prefeitura com a limpeza que em muitos casos, literalmente, vai para o lixo.
A secretária de Infraestrutura, Marília Dantas, reconhece que a “pegada” da educação será fundamental para não “descartar” tanto dinheiro no aterro sanitário da CTR Candeias, para onde o Recife manda quase 80% dos resíduos.
Segundo ela, a proposta de conscientização ambiental será feita em algumas frentes integradas e que estão no pacote.
Tem a “Tá Aprumado”, que prevê a eliminação de pontos críticos de lixo com o envolvimento direto da população. Nesse caso, a equipe socioambiental vai até as comunidades explicando como deve ser feito o descarte correto do lixo, alertando para o horário da coleta. Apenas nesse programa, em média, são feitas mais de 50 visitas porta a porta.
Em paralelo, a equipe de Inovação Urbana transformará os espaços que antes eram ocupados pelo lixo em pequenas áreas de convivência, trazendo arborização, recuperação da infra-estrutura e pintura com mensagens educativas. Pelas contas delas, são 255 áreas da cidade contempladas com este trabalho.
Dantas esclarece que haverá também novas edições do Mutirão Recife Limpa que preveem a participação da “Turma da Limpeza”. A proposta é que arte-educadores, vestidos com roupas que remetem à atuação na área da limpeza, alertem para a importância de jogar o lixo na lixeira.
E ainda a instalação do “lixômetro”, um contador lúdico do que é recolhido em cada região, também é empregado, tornando claro o número de vezes que a varrição é feita em cada região. A primeira ação já ocorreu ontem no Centro do Recife.
Marília Dantas diz que existe um foco estratégico que prevê a participação de outras secretarias, a exemplo de Saúde e Educação.
O tema Lixo será debatido com os pequenos recifenses na sala da aula, despertando a cidadania desde cedo. Além disso, haverá participação dos agentes ambientais de saúde na divulgação dessas medidas.
E, finalmente, a campanha educativa nos veículos de comunicação, que será intensificada no mês de novembro.
A prefeitura segue aquele modelo clássico de mostrar caminhões, papeleiras e equipamentos que a população não tem qualquer empatia embora possam exibir que o dinheiro do contribuinte está sendo gastas.
Mas o que deveria fazer é tentar escalar o vídeo que mostra essa aversão dos recifenses em jogar lixo no lixo exatamente pela falta de campanhas por parte do município. Precisa estar o mais rápido possível em todas as plataformas digitais, especialmente no TikTok, para impactar a meninada.
O vídeo é bom porque mostra, numa pegadinha, como ao longo dos anos os recifenses foram se acostumando com a paisagem de uma cidade mal cuidada, e que era normal não se impressionar com um monte de lixo ali junto dele. No fundo, o vídeo mostra com as pessoas têm hoje até mesmo medo da lixeira.
A secretaria de infra-estrutura revela que o Recife, apenas com a limpeza urbana, gasta cerca de 290 milhões/ano. Ou seja, recolher o lixo não é barato. Mesmo que uma outra parte, da coleta seletiva, seja destinadas às cooperativas.
E não são poucos os casos que após fazer a limpeza, se verifica uma quantidade de lixo absurda em pouquíssimo tempo.
A Avenida Conde da Boa Vista, por exemplo. É varrida em média três vezes ao dia. O mais constrangedor é que o nível de lixo despejado pela população é tão alto que em alguns períodos, a Prefeitura precisa fazer cinco varrições.