Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Omisso na ação dos atos golpistas, Bolsonaro deu a Lula força política que presidente não obteve nas eleições

Bolsonaro saiu do segundo turno da eleições de 2022 com 59 milhões de votos e um capital político que nenhum outro derrotado eleições anteriores conquistou.

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Fernando Castilho

Publicado em 10/01/2023 às 8:05 | Atualizado em 10/01/2023 às 10:19
Lula leva governadores a sede do STF acompanhando da ministra Rosa Weber. - DIVULGAÇÃO

Diz-se que na política o que vale é o gesto. É ele que separa os profissionais dos amadores. Pois isso é o que passa para a História.

Mesmo estando na política há mais de 30 anos, Jair Bolsonaro não aprendeu a lição mais importante da carreira de qualquer pessoa que se dispõe a liderar: Erre nas atitudes, mas nunca acerte com omissão.

Bolsonaro saiu do segundo turno da eleições de 2022 com 59 milhões de votos e um capital político que nenhum outro derrotado eleições anteriores conquistou.

Tinha os votos e as condições políticas para se apresentar a nação como o maior líder da oposição brasileira. E o mais surpreendente: Depois de um governo marcado por atitudes negacionistas e ataques contra a Democracia assim como em áreas como saúde, meio ambiente e relações internacionais,

Com um gesto o ex-presidente poderia ocupar o espaço que os eleitores lhe conferiram nas urnas. Nunca, nem mesmo na vitória de 2019 amealhou tamanho capital político.

Mas ele não entendeu seu papel na História. Perdera eleição por menos de 2% dos votos totais. E com apenas um gesto tomaria o comando absoluto da oposição transformando se numa terrível sombra para o novo mandato de Lula.

Bastava um gesto. Porém isso era exigir demais para quem se elegeu por um acaso e numa tragédia pessoal e governou o país por quatro anos dando voz e mando ao que de pior poderia escolher e cercar-se. Se ocupasse seu lugar na história, Bolsonaro seria um problema colossal para Lula.

Presidente Lula, Janja, Rosa Weber acompanhados de governadores e ministros do STF saem do Palácio do Planalto em direção ao STF - FÁTIMA MEIRA/FUTURA PRESS

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Mas ele ficou em silêncio após a derrota eleitoral e isso cavou sua sepultura. O “não falar” abriu uma avenida de ruídos. A começar pelos gritos dos apoiadores radicais que viam nele o “Messias” que sua mãe lhe colocara no nome, mais como homenagem ao filho de Deus do que como um predestinado.

O que Bolsonaro não entendeu foi que a vida o encaminhou para um lugar importante na História do Brasil se apenas fizesse o básico ocupar seu lugar de líder num momento especial da nossa política.

O problema é que ele não entendeu uma coisa tão simples. Na política de grande porte, não existe lugar para amadores. E nesse vácuo, Lula ocupou o espaço no dia seguinte a vitória.

O silêncio de Bolsonaro seria sua pior escolha. Permitiu que os que lhe confiaram o voto como oposição a Lula fosse tomado pelos que perderam a racionalidade e entraram numa vibe que ele próprio ajudou a criar. Talvez por entender mais por vê-los como uma reserva de proteção à sua liderança enquanto não cuidava da grande massa que o apoiava nos dois turnos das eleições.

Ao ficar em silêncio permitiu que os radicais tomassem o seu destino. E eles chegaram aonde Bolsonaro jamais ousou pensar em chegar. E os atos de domingo não destruíram apenas sua liderança com os que o apoiaram e votaram nele como força de oposição a Lula e ao PT. O condenaram para sempre na História. O que ele não percebeu foi que os atos de seus radicais os transformaram em terroristas.

Talvez esse fosse até um desejo escondido no Bolsonaro “modo radical” que exigia vingança no lugar de uma revanche eleitoral.

O que ele não contava era que o radicalismo dos agora terroristas colocaria nas mãos de Lula um poder tão colossal que o próprio Lula nunca acreditou que lhe pudesse cair no colo. Por força dos radicais de Bolsonaro, Lula virou novamente uma estrela política de classe mundial.

Com os atos de domingo, Bolsonaro se colocou numa franja da história que talvez o condene a prisão não por uma acusação de corrupção como Lula, mas como um líder que guiou seus radicais para o terrorismo. A História redimiu Lula.

E Jair Bolsonaro o colocou num pedestal tão grande e tão alto que poderá governar com uma força que somente Bolsonaro - se tivesse ocupado seu lugar na História - o conteria.

Só que isso era demais para quem talvez tenha entendido que sua eleição em 2018 foi mesmo um acidente e que ele mesmo não se via como um líder. No fundo, os 59 milhões de votos que recebeu colocaram lhe nos ombros um peso que não sabia como suportar.

O silêncio talvez tenha sido uma espécie de grito de desespero que seus seguidores, agora terroristas, entenderam como uma ordem cifrada à barbárie.

O presidente Lula em reunião com os governadores para debater a redução de ações extremistas pelo país - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

A história salvou Lula e o colocou a frente de uma resistência à Democracia brasileira. Os gestos dos terroristas de Bolsonaro foram o motor de uma solidariedade ao redor do mundo, De Biden a Putin; de Maron a XI Jinping; da União Européia ao Mercosul; da união do Mexico, Canadá e Estados Unidos a um enorme conjunto de líderes de países da Asia.

E talvez tenha condenado Bolsonaro ao silêncio pelo resto de sua vida. Mesmo que, a partir agora, grite nas suas redes digitais.

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