Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Deputados bolsonaristas eleitos em 2022 ainda não condenaram ataques à Democracia no último domingo em Brasília. ELES VÃO FAZER ISSO?

O que os deputados eleitos vão dizer nas redes sociais sobre os atos de domingo último? Ou como se comportar politicamente a partir de agora depois que a Polícia Federal os indicia como terroristas?

Cadastrado por

Fernando Castilho

Publicado em 10/01/2023 às 12:30 | Atualizado em 10/01/2023 às 13:15
Após cada audiência, os advogados e a PGR receberam o prazo de cinco dias para analisar o conteúdo - AFP

Agora que lideranças mundiais do porte de Joe Biden, Emmanuel Macron e até Wladimir Putin condenaram os ataques que militantes bolsonaristas perpetraram contra os prédios do Congresso, do STF e do Palácio do Planalto, uma pergunta perturbadora ronda os deputados que se elegeram na onda bolsonarista nas eleições de 2 de outubro:

O que dizer nas redes sociais sobre os atos de domingo último? Ou como se comportar politicamente a partir de agora depois que a Polícia Federal os indicia como terroristas?

A invasão dos prédios dos três poderes têm o poder de causar um enorme estrago no patrimônio político das lideranças de direita para o novo Congresso.

Afinal, como assumir o mandato e não se posicionar, claramente, contra a destruição nos edifícios símbolos do Estado brasileiro? Quem vai estar disposto a iniciar sua atuação parlamentar justificando ou tentando limitar os crimes apenas as artigos do Código Penal Brasileiro que tratam da destruição de patrimônio publico?

O problema é que, segundo os levantamentos iniciais, o PL e partidos de direita somarão 273 deputados na Câmara. Apenas o PL – que terá a maior bancada da Câmara em 2023 obteve 99 cadeira no novo Parlamento um aumento de 23 congressistas em relação à bancada atual.

LEIA MAIS

Omisso na ação dos atos golpistas, Bolsonaro deu a Lula força política que presidente não obteve nas eleições

Tecnologia ajudou na reação contra terroristas, mas revela que grupos podem continuar atuando virtualmente

Confiando em Ibaneis Rocha, governo Lula assiste invasão de sedes da República sem se antecipar contra ataque à democracia


"Fatos políticos são determinantes do ambiente de negócios e vice-versa".... - AFP

Levantamentos dos sites especializados revelaram que a última vez que um partido elegeu um número tão grande de deputados foi em 1998. À época, a bancada do PFL (que virou DEM, e, depois, União Brasil) teve 105 cadeiras na Câmara, e o PSDB, 99. Há um consenso de que se somando todo, partidos do Centrão ou de centro-direita ficaram com 273 deputados.

Isso era muito bom até o último final de semana. Todos os eleitos sob o manto bolsonarista prometiam uma feroz oposição ao Governo Lula a partir de 1º de fevereiro quando tomaram posse.

Mas a questão que agora se coloca é: quem está disposto a assumir a defesa defendida pelo grupo político liderado por Bolsonaro depois de acontecimentos de domingo?

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto foi o primeiro a se pronunciar afirmando num vídeo que “Hoje é um dia triste para a nação brasileira. Não podemos concordar com a depredação do Congresso Nacional."

Ele disse ainda que "Todas as manifestações ordeiras são legítimas. A desordem nunca fez parte dos princípios da nossa nação. Quero dizer a vocês que condenamos veementemente este tipo de atitude. E que a lei seja cumprida, fortalecendo a nossa democracia” disse Costa Neto.

Pode ser a senha de centenas de bolsonaristas - que neste final de semana se animaram em colocar vídeos mostrando sua satisfação com os ataques - recuarem. Até porque podem ser questionados na Comissão de Ética das duas casas legislativas já no primeiro dia após suas posses.

Os casos dos deputados pernambucanos Clarissa Tércio (PP) e Junior Técio (PP), ela eleita deputada federal com a segunda maior votação em Pernambuco, nas últimas eleições, que compartilhou conteúdo exaltando atos antidemocráticos realizados por bolsonaristas extremistas no domingo (8), em Brasília é só um exemplo.

Clarissa Tércio (PP) compartilhou conteúdo exaltando atos antidemocráticos realizados por bolsonaristas extremistas nesse domingo (8/1), em Brasília. Nesta segunda-feria(9) diante da repercussão, ela se apressou em condenar as manifestações de antes apoiara.

Ela não estava sozinha. O deputado federal eleito de Minas, Sargento Rodrigues, também esteve nas redes sociais. Ele divulgou um vídeo de um manifestante camuflado em frente ao Congresso Nacional, endossando a invasão.


o deputado federal eleito André Fernandes (PL-CE) postou video apoiando a invasão em Brasilia. - Divulgação

O deputado federal do Rio Grande do Norte General Girão (PL), publicou vídeo no início da tarde do domingo (8) em que aparece a segurança na Praça dos Três Poderes afirmando:

“Estão transformando a proximidade da Praça dos Três Poderes/Brasília numa FORTALEZA MEDIEVAL. E tudo porque precisam afastar o POVO, o verdadeiro SOBERANO DO BRASIL. Lembrando que estamos terminando apenas a primeira semana GovLula e 70 dias de acampamentos patrióticos. Entenderam. Ao menos até agora ele não apagou o seu vídeo.

Claro que existem casos de fragilidade moral como o deputado federal eleito André Fernandes (PL-CE) que divulgou, nas redes sociais na sexta-feira (6), "ato contra o governo Lula". E na segunda-feira (9) se apressou em dizer que "não fazia a menor idéia do que algumas daquelas pessoas estavam planejando". Por "motivos pessoais".

O deputado federal eleito André Fernandes (PL-CE) aviopsu das invasões em posto na sexta-feira 6 de janeiro. - Divulgação

O desafio dos bolsonaristas é ter que assumir a defesa das pautas da Direita depois dos atos de domingo. E é certo que alguns deles vão assumir a defesa dos atos contra o Congresso, o STF e ao Palácio do Planalto.

Mas a maioria vai mesmo recuar e tentar passar despercebido. Mesmo que o ataques deste domingo tenha sido contra a própria casa que eles vão ocupar em fevereiro próximo.

E sabem que todas as vezes que questionarem os atos do Governo Lula algum colega pode pedir um aparte para perguntar se ele apóia, apoiou ou condena os atos dramáticos de Brasília. Correndo o risco de ser indagado em transmissões ao vivo das TVs Câmara e Senado.

 

Tags

Autor

Webstories

últimas

VER MAIS