Caso confirme o pedido de recuperação judicial, a Americanas S.A. deve sair do Ibovespa. Considerado o melhor lugar que uma empresa de capital pode estar, o Índice Bovespa é uma espécie de cartão de apresentação de luxo das 475 empresas listadas da Bolsa de Valores do Brasil (que adota a marca B3).
O índice, porém, é uma carteira teórica de ações, composta por 65 ações de 61 empresas escolhidas todos os anos pela instituição - levando em conta seu desempenho e interesse dos investidores em negociar suas ações. Esses ativos são aqueles que possuem maior volume de negociação na B3.
As ações que integram o Ibovespa têm pesos diferentes, de acordo com o volume, e portanto influenciam mais ou menos no cálculo. Entre as mais negociadas todos os dias estão as ações da Vale do Rio Doce (15,87%) e da Petrobras (11,02%).
A Americanas S.A está no Ibovespa por estar entre as melhores das 475 empresas listadas na Bolsa. E entre as 202 que formam o Novo Mercado, segmento de listagem criado em 2001 que conta com os mais elevados padrões de governança corporativa, embora seu peso seja de apenas 0,059% no índice.
No dia em que comunicou seus problemas, as ações das Americanas caíram 77,33%, a maior queda entre as ações que compõem o Ibovespa desde 1994, ano usado como referência pelo Valor Data para iniciar a série histórica.
As ações da Lojas Americanas estão no índice há mais de 10 anos.
Mas tudo isso pode mudar se, nos próximos dias, o juiz Paulo Assed Estefan, titular da 4ª Vara Empresarial do Rio, que concedeu tutela cautelar antecedente pedida pelo Grupo Americanas, aceitar em definitivo o pedido de Recuperação Judicial que a empresa fez, inicialmente para não ter antecipados os seus débitos com bancos.
As regras da B3 são claras: o Ibovespa não pode ser de uma empresa em RJ, então, a ação sai do principal índice da Bolsa de Valores brasileira.
Portanto, até o final de janeiro, a B3 deve comunicar que a Americanas S.A. não fará mais parte do Ibovespa.
BRIGA ENTRE AMERICANAS E BTG PACTUAL
Nesta quarta-feira, o desembargador Flávio Marcelo de Azevedo Horta Fernandes, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, decidiu que o BTG Pactual não tem de devolver R$ 1,2 bilhão a Americanas.
O valor é referente a uma dívida liquidada antecipadamente pelo banco após a varejista ter divulgado que encontrou uma inconsistência contábil no valor de R$ 20 bilhões no balanço de 2022 e de anos anteriores.
Como se sabe, a Americanas S,A. obteve na Justiça proteção contra credores que queiram antecipar o pagamento de dívidas, mas o juiz concedeu 30 dias corridos para a empresa entrar com pedido de recuperação judicial.
O QUE ACONTECEU COM AS AMERICANAS?
A crise das Americanas começou na semana passada, quando o seu presidente, Sergio Rial, pediu demissão, afirmando ter encontrado inconsistências contábeis da ordem de R$ 20 bilhões.
Depois disso, a empresa informou que esses problemas poderiam levar ao vencimento antecipado de ao menos R$ 40 bilhões em dívidas com bancos.