Dono da segunda maior população de cães, gatos e aves canoras e ornamentais do mundo, e terceiro maior em população total de animais de estimação, com 54,2 milhões de cães, o Brasil passou a ser um mercado espetacular do segmento a nível mundial, uma vez que, ano passado, o segmento de pet food, voltado para alimentação dos pets, é considerado o mais lucrativo do setor, com faturamento de R$ 33,4 bilhões em 2022.
É um negócio em crescimento de novos produtos e serviços a ponto de já possuir empresas negociadas em bolsa. O mercado pet no Brasil já representa 0,36% do PIB brasileiro, passando na frente dos setores de utilidades domésticas e automação industrial.
Mas existe um momento em que todo esse negócio é interrompido, com a morte do animal de estimação. E todo aquele pacote de serviços e produtos composto por indústrias e integrantes da cadeia de distribuição dos segmentos de alimentos (Pet Food), medicamentos veterinários (Pet Vet) e cuidados com saúde e higiene do pet (Pet Care) cessa para dar lugar à necessidade de sepultar um companheiro de anos de boas lembranças.
Mas, o que acontece quando esse animal falece?
Bom, o momento da despedida de um pet é igualmente importante para seus tutores. Desde cerimônia de velório, flores, entrega de certificado de amor eterno, urna personalizada para receber os animais, até recordações físicas, como uma fotografia e pedaço do pelo do companheiro de quatro patas. Tudo pode ser providenciado para valorizar a memória e criar uma despedida acolhedora. E isso acabou gerando um novo negócio.
É nesse momento, em que as empresas funerárias entram como importantes aliadas no processo burocrático e oferecem a empatia necessária para cuidar de todos os detalhes da despedida.
Segundo Roberto Sant’Ana, diretor regional de operações do Grupo Zelo, empresa especializada em serviços funerários em Minas Gerais, a contratação de planos funerários para pets na empresa mais do que dobrou, o que levou o Zelo a expandir recentemente a sua atuação em Belo Horizonte e Região Metropolitana.
Em Pernambuco, o negócio também já tem serviços nesse segmento. O Grupo Morada instalou o primeiro crematório especializado para animais do Estado, o Morada da Paz Pet, que inclui serviços como a cerimônia de despedida Pet e o Bosque da Memória Pet.
A cerimônia de despedida Pet acontece antes da cremação, em um espaço apropriado, localizado ao ar livre, em contato com a natureza, transmitindo uma sensação de paz e acolhimento ao tutor e seus familiares. A cerimônia dura em torno de 30 minutos. Ou seja o Bosque da Memória Pet é um espaço dedicado a honrar as lembranças dos pets.
Segundo Vivianne Guimarães, diretora de Negócios e Clientes do Grupo Morada, a questão do sepultamento do pet é importantíssima porque para muitos tutores, os pets são considerados verdadeiros membros da família. "Nossa intenção é oferecer aos clientes um espaço acolhedor e apropriado para a melhor despedida do seu bichinho de estimação", diz.
Em Minas Gerias o Grupo Zelo também oferece aos tutores de animais a possibilidade de planejamento prévio. Seja na aquisição de planos funerários familiares, que permitem a inclusão de um pet entre os dependentes, ou um plano funerário pet, que pode ser estendido para até três pets com idades de até 10 anos.
“O plano é uma forma de ter mais conforto e segurança no momento da dor, sem cobranças de taxas extras e de lidar com um gasto inesperado, por exemplo. Um serviço funerário para pet pode ter custo entre R$ 700 e R$ 1.550.
Ao contrário da queda que ocorreu nos outros setores durante a pandemia, as empresas de cuidados com animais domésticos estiveram em constante crescimento e ampliação de seu mercado, isso porque muitas pessoas adotaram ou compraram pets para ter uma companhia durante o período de isolamento.
Fora o setor de cães, existem 23,9 milhões de gatos, 19,1 milhões de peixes, 39,8 milhões de aves e mais 2,3 milhões de outros animais. O total é de 139,3 milhões de pets, o que demonstra a força potencial do nosso setor na economia brasileira.
Com isso surgiram também novas possibilidades de negócio voltadas a esse cuidado mais humanizado, como: refeição natural, creches, lavanderias especializadas, spas, festas para pets, serviço funeral e plano de saúde, dog walker (passeador de cães), pet sitter (babá de pet), versões pet friendly de comidas.
“Este mercado tem proporcionado vários diferenciais que podem e devem ser analisados pelos empresários e a depender implantados para gerar novas atratividades ao negócio. O mercado, assim como o cliente, busca otimizar tempo e praticidade." acrescenta Débora Medeiros, gestora responsável pelo setor de petshop no Sebrae.
Ano passado, para incentivar as exportações brasileiras, o IPB (Instituto Pet Brasil), instituição que há dez anos estimula o desenvolvimento do setor pet brasileiro, em parceria com a ApexBrasil (Agência Brasileira de Promoções e Exportações e Investimentos), realizou uma rodada internacional de negócios de forma online nesta quinta-feira (20), com empresas da América Central.
As marcas brasileiras presentes nesse encontro foram: Duprat, Multipet e Vetnil. Elas tiveram a oportunidade de atravessar fronteiras e realizar vendas para empresas de outros países que participarão da reunião.
As exportações brasileiras estão crescendo ano após ano. Nos últimos anos, entre 2019 e 2021, o aumento foi de 40%, saltando de R 295,11 milhões para R 412,46 milhões. A expectativa é que esse valor chegue a R 495,08 milhões no balanço de 2022, representando uma alta de mais 20%.