Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Pernambuco perde Eliezer Menezes, pioneiro de Suape e fiel aliado de Marco Maciel - que o trouxe ao setor público

Menezes atuou na construção do molhe, em pedras, para proteção da entrada do porto interno, aberta no cordão de arrecifes e fez a transferencia do Parque de Tancagem.

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Fernando Castilho

Publicado em 06/01/2024 às 19:50 | Atualizado em 06/01/2024 às 21:59
Eliezer Menezes à esquerda, com Fernando Henrique Cardoso, Joel de Holanda e Marco Maciel - Arquivo Pessoal

Morreu neste sábado (6), vítima de câncer (melanoma acral), o engenheiro Eliezer Menezes, ex-secretário extraordinário de Suape, na década de 80 e um dos pioneiros na implantação do complexo portuário, onde atuou e foi responsável pelo início das operações no setor de tancagem.

Menezes atuou na construção do molhe, em pedras, para proteção da entrada do porto interno, aberta no cordão de arrecifes e foi personagem de um dos mais dramáticos incidentes no Porto do Recife que culminaram com transferência do Parque de Tancagem do Recife para Suape considerado o embrião do que hoje o complexo se tornou em termos de distribuição regional.

Em 1986, após um incêndio de um navio de combustível no Porto do Recife, terminal que atendia ao Estado desde 1918, o então governador de Pernambuco, Roberto Magalhães, ordenou que as empresas de combustíveis que estavam instaladas naquele local viessem para Suape.

TRANSFERÊNCIA DA TANCAGEM

Suape ainda era um projeto e com o incidente a criação do parque foi acelerada com a instalação dos depósitos de combustíveis líquidos da BR Distribuidora, a Shell, a Texaco e a Esso que começaram a formar em Suape o “Pool de Derivados de Petróleo” Menezes cuidou dessa operações.

Eliezer Menezes era casado com Zélia Meneses e pai de três filhos (Denise , Marcelo e Rodrigo). Ele vinha lutando há quatro anos e preferiu não revelar aos amigos os detalhes de sua doença.

Ele surpreendeu a todos com a forma como lutou até o último minuto e sempre com sua leveza e bom humor. Médicos e enfermeiros e todos que o acompanharam de perto ficaram surpresos com sua força de vontade, amor à vida e força física. "O câncer o venceu, mas podemos garantir que nosso pai deu muito trabalho para ele, a batalha foi árdua", segundo uma nota distribuída por sua família.

Eliezer Menezes à esquerda com Marco Maciel, Joel de Holanda e Fernando Henrique Cardoso. - Arquivo Pessoal


Para poupar todos os familiares e amigos de momentos tristes, ele pediu para não informar sua morte até que fosse cremado. Os familiares pediram desculpas por não ter se despedido ou ido a velório, mas essa era a vontade dele.

Ainda segundo a nota, caso alguém queira homenageá-lo de alguma forma, sugerimos que o faça do jeito que ele gostaria: ajudando a terceiros, e principalmente, crianças do seu sertão. Como opção, citamos a instituição que ele apoiava, o Lar Fraterno Vovó Cavendish, que ajuda crianças e famílias na Sertânia.

O Lar é dirigido por seu amigo André Pinheiros (PIX: 36756631000182 CNPJ).

Eliezer Menezes tinha uma história de dedicação ao setor público. E, ao lado de Joel de Holanda, foi uma das pessoas em que o ex-vice presidente mais confiava. Tanto que ao passar o governo a Roberto Magalhães sugeriu seu nome para o cargo de Secretário Especial de Suape.

MENEZES 'SEQUESTROU" MAGALHÃES

Ro­ber­to Ma­ga­lhães su­ce­deu a Mar­co Ma­ciel, mas cri­ti­can­do seu prin­ci­pal pro­je­to, o Por­to de Sua­pe, sem nun­ca ter ido lá.

No­mea­do pa­ra o car­go, Elie­zer Menezes aguen­tou um ano a fal­ta de ­apoio e as crí­ti­cas, até pôr em prá­ti­ca um pla­no ou­sa­do: se­ques­trou o go­ver­na­dor, li­te­ral­men­te, com aju­da da se­gu­ran­ça. Elie­zer não se im­pres­sio­nou com o fu­rio­so che­fe:

- O se­nhor po­de me de­mi­tir, mas não vai fa­lar ­mais de Sua­pe sem co­nhe­ci­men­to de cau­sa.

O go­ver­na­dor foi ao ­cais, viu e gos­tou. Nun­ca ­mais fa­lou mal de Sua­pe.

Além de amigo, ex -secretário no governo do Estado e ex-tesoureiro de campanha, o economista Eliezer Menezes contava como agia Marco Maciel em questões financeiras.

Ao Jornal do Commercio ele lembrou a como cuidou do dinheiro da campanha do vice-presidente:

"Eu já estava trabalhando em uma empresa privada quando recebi um telefonema inesperado. Marco Maciel, vice-presidente da República". Fim de segundo mandato.

“Amigo, preciso de sua ajuda. Vou me candidatar a senador e queria que você fosse o tesoureiro da campanha. Tenho muitos amigos políticos, intelectuais etc., mas você é da área financeira e sem dúvidas fará uma boa administração do processo".

Respondi que infelizmente não serviria, pois não sabia "pedir" colaborações a empresários etc.
Marco Maciel replicou, dizendo que as doações já estavam todas programadas, todas oficiais, e meu papel seria apenas administrar.

DEVOLVEU SOBRA DE CAMPANHA 

Eliezer foi e homologado seu nome na convenção Maciel ligou novamente: "Amigo, agora sou candidato oficial. Então, toda vez que for de Brasília para Recife avisarei para você comprar as passagens com recursos da campanha".

Menezes perguntou se ele ia deixar a Vice-presidência, e respondeu: “Não, mas vou agora como candidato, e não é correto que o governo pague as passagens. Outra coisa, alugue um carro e contrate um motorista, pois vou dispensar os do governo aí".

Assim foi feito. Cada vez que ele vinha, mandava avisar para providenciar as passagens. Mas faltando menos de trinta dias para o fim da campanha, após fazer o "balanço" foi observado que sobrariam recursos.

Hoje, seria suficiente para comprar uma SUV, já que o carro utilizado era alugado. Ao informar o problema recebeu uma advertência. “Está muito perto da eleição, não fica bem comprar um carro agora".
Certo, senador, mas o que vou fazer com a sobra? Perguntou o tesoureiro. ”Amigo, pela lei, temos que devolver ao partido".

E assim foi feito. Na primeira vez sobrou dinheiro em campanha e foi devolvido ao partido.

 

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