O presidente venezuelano Hugo Chávez tagarelava sem parar durante a XVII Conferência Ibero-Americana, na cidade de Santiago do Chile, em 10 de novembro de 2007 quando o rei Juan Carlos I de Espanha perdeu a paciência e pronunciou a frase que entraria para a história como o maior pito real a um presidente ¿Por qué no te callas? (Por que não te calas? em tradução livre).
Chávez ficou fumando pelas bordas feito ferro de engomar a carvão, mas ninguém sabe o que ele disse. Ficou a frase de Juan Carlos I.
Não seria elegante alguém repetir a frase do rei da Espanha ao presidente Lula em uma das entrevistas que ele vem dando desde a semana passada quando transformou suas falas em aumento da cotação do dólar que se aproxima de R$6,00. Mas o Brasil iria agradecer muito ao presidente se um amigo sincero lhe segredava ao ouvido: Presidente deixe de falar tanto. O “senhor agora está custando caro ao país.”
O problema é que Lula não tem mais um amigo que cuide dele e sua fugira como chefe de governo. Ninguém nesse governo tem proximidade e ascendência para com um simples olhar adverti-lo dos limites. Na verdade, Lula incorporou a velha máxima do vovô turrão de entender que diz o que quiser e ouve o que quiser.
O presidente está naquela de teimar. Ele decidiu teimar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto que ele mesmo deve nomear um substituto até setembro e que se não o elegesse à condição de inimigo estaria cuidando de entregar uma Selic menor como aliás até janeiro todo o mercado dizia que poderia ficar em um dígito.
Mas o presidente percebeu uma coisa que agora parece bem clara. A incompetência da direita é tão grande que sequer produziu um confronto ao seu governo. O nível dos deputados que não apoiam o governo é tão medíocre que ele precisou encontrar um “inimigo.”
E aí o Roberto Campos Neto “caiu” como uma luva. E aqui para nós ele ainda ajudou. Até porque para o presidente do BC ser alvo do presidente é o que de melhor pode lhe acontecer num país polarizado como vivemos. O errado é Lula o “elevá-lo” ao nível inimigo público do país. Onde já se viu um general de quatro estrelas “debater” com coronel. E ainda em público?
Mas o presidente definiu sua estratégia. Vai dar entrevista, brigar com Campos Neto e como o chamado mercado que é feito a natureza, não se defende: se vinga nas taxas de juros futuras.
E aí que é o centro da questão.
O problema não é Lula brigar pelas rádios e dizer que isso é absurdo. Veja, obviamente, me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País.”
Virou especulação porque ele turbinou o movimento. E não adianta muito dizer como disse nesta terça-feira que fará "alguma coisa", concreto, mas que não anteciparia para não alertar seus adversários. O mercado está se lixando para as ameaças do presidente.
O invisível marcado não tem “medinho” de ninguém. Não teve de Donald Trump, vai ter de Lula.
Mas o problema é que o presidente fala, fala e fala e no final do dia volta feliz para o Palácio da Alvorada como o grupo de auxiliares dizendo “estudadamente” o que ele gosta de ouvir. “É isso presidente. o senhor botou quente neles!”
A questão é como o pessoal do ministério da Fazenda e da STN vai lhe dar com isso. E como isso reverbera no Congresso. Imaginem a situação de Haddad, Tebet e dos ministros que cuidam “da lojinha”?
Mais e daí? Não aceitaram ser ministro de Lula?