Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
castilho@jc.com.br
Coluna JC Negócios

Sem um Juan Carlos para um "¿Por qué no te callas?, Lula vai continuar causando incertezas na economia.

Lula não tem mais um amigo que cuide dele. Ninguém nesse governo tem proximidade e ascendência para com um simples olhar adverti-lo dos limites.

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Fernando Castilho

Publicado em 02/07/2024 às 12:50 | Atualizado em 02/07/2024 às 12:51
Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante entrevista a Silvana Oliveira, da Rádio Sociedade. Salvador - BA. - Ricardo Stuckert / PR

O presidente venezuelano Hugo Chávez tagarelava sem parar durante a XVII Conferência Ibero-Americana, na cidade de Santiago do Chile, em 10 de novembro de 2007 quando o rei Juan Carlos I de Espanha perdeu a paciência e pronunciou a frase que entraria para a história como o maior pito real a um presidente ¿Por qué no te callas? (Por que não te calas? em tradução livre).

Chávez ficou fumando pelas bordas feito ferro de engomar a carvão, mas ninguém sabe o que ele disse. Ficou a frase de Juan Carlos I.

Não seria elegante alguém repetir a frase do rei da Espanha ao presidente Lula em uma das entrevistas que ele vem dando desde a semana passada quando transformou suas falas em aumento da cotação do dólar que se aproxima de R$6,00. Mas o Brasil iria agradecer muito ao presidente se um amigo sincero lhe segredava ao ouvido: Presidente deixe de falar tanto. O “senhor agora está custando caro ao país.”

O problema é que Lula não tem mais um amigo que cuide dele e sua fugira como chefe de governo. Ninguém nesse governo tem proximidade e ascendência para com um simples olhar adverti-lo dos limites. Na verdade, Lula incorporou a velha máxima do vovô turrão de entender que diz o que quiser e ouve o que quiser.

O presidente está naquela de teimar. Ele decidiu teimar com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto que ele mesmo deve nomear um substituto até setembro e que se não o elegesse à condição de inimigo estaria cuidando de entregar uma Selic menor como aliás até janeiro todo o mercado dizia que poderia ficar em um dígito.

Mas o presidente percebeu uma coisa que agora parece bem clara. A incompetência da direita é tão grande que sequer produziu um confronto ao seu governo. O nível dos deputados que não apoiam o governo é tão medíocre que ele precisou encontrar um “inimigo.”

E aí o Roberto Campos Neto “caiu” como uma luva. E aqui para nós ele ainda ajudou. Até porque para o presidente do BC ser alvo do presidente é o que de melhor pode lhe acontecer num país polarizado como vivemos. O errado é Lula o “elevá-lo” ao nível inimigo público do país. Onde já se viu um general de quatro estrelas “debater” com coronel. E ainda em público?

Mas o presidente definiu sua estratégia. Vai dar entrevista, brigar com Campos Neto e como o chamado mercado que é feito a natureza, não se defende: se vinga nas taxas de juros futuras.
E aí que é o centro da questão.

O problema não é Lula brigar pelas rádios e dizer que isso é absurdo. Veja, obviamente, me preocupa essa subida do dólar. É uma especulação. Há um jogo de interesse especulativo contra o real neste País.”

Virou especulação porque ele turbinou o movimento. E não adianta muito dizer como disse nesta terça-feira que fará "alguma coisa", concreto, mas que não anteciparia para não alertar seus adversários. O mercado está se lixando para as ameaças do presidente.

O invisível marcado não tem “medinho” de ninguém. Não teve de Donald Trump, vai ter de Lula.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante Caminhada do Dois de Julho, no Largo da Soledade. Salvador - BA. - Ricardo Stuckert / PR

Mas o problema é que o presidente fala, fala e fala e no final do dia volta feliz para o Palácio da Alvorada como o grupo de auxiliares dizendo “estudadamente” o que ele gosta de ouvir. “É isso presidente. o senhor botou quente neles!”

A questão é como o pessoal do ministério da Fazenda e da STN vai lhe dar com isso. E como isso reverbera no Congresso. Imaginem a situação de Haddad, Tebet e dos ministros que cuidam “da lojinha”?
Mais e daí? Não aceitaram ser ministro de Lula?

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