Para escrever um Brasil melhor

No Dia Nacional da Escritora e do Escritor, a Literária traz depoimentos que valorizam o sentido da data
Fábio Lucas
Publicado em 25/07/2023 às 0:00
A escritora Dia Nobre Foto: Divulgação


A literatura cria mundos não apenas para quem lê, mas também e sobretudo para quem escreve: um salto imaginário se dá, através de ambientes inalcançáveis, desafiando as amarras do tempo e do corpo. É assim que Dia Nobre vê a arte que exerce. Arte cada vez mais exibida pelas mulheres, que conquistam um espaço que se ocupa politicamente no cenário da literatura contemporânea. Graças a uma perspectiva que se abre para a escrita das mulheres, como pontua Micheliny Verunschk. Perspectiva que não escapa de ancestrais silenciamentos e violações, que preenchem, segundo Taylane Cruz, uma carga simbólica diferente para as mulheres, em relação aos escritores homens.
O mundo está mudando porque os leitores estão mudando, graças a escritoras e escritores que se lançam na atividade transformadora de criar um livro. Para Jonas Ribeiro, quando terminam um livro, os leitores estão prontos para mudar o mundo. Mudança que se atrela ao direito elementar à literatura, atrelado à educação e ao desafio de construir um país melhor, na visão de Leonardo Valente.
No Dia Nacional da Escritora e do Escritor, a Literária traz depoimentos que valorizam o sentido da data, desde 1960 buscando estimular a leitura de obras de autores e autoras nacionais.


Dia Nobre: “Um mundo meu”

“Desde pequena, escrever me transportava para um mundo meu, no qual não existia a pobreza, a carência, as brigas familiares, a loucura da minha mãe. Na escrita, eu sempre encontrei alento para as calamidades da vida, fosse como fuga na infância ou, mais tarde, como forma de elaborá-las”.
Acompanhe a historiadora, pesquisadora e escritora cearense Dia Nobre, autora de “No útero não existe gravidade”, em @dianobre_ no Instagram.

Renato Parada - A escritora Micheliny Verunschk

Micheliny Verunschk: “Um olhar mais aberto e abrangente”

“Hoje, no panorama da literatura contemporânea, a presença cada vez maior de escritoras e de vozes plurais não só nas prateleiras e premiações, mas também nos clubes de leitura e afins, é resultado de um outro olhar mais aberto e abrangente não apenas do leitor, mas também do próprio mercado em resposta às demandas colocadas pela pressão de autoras, estudiosas, críticas etc. Mulheres escritoras não são uma novidade, e desde que o seu lugar foi historicamente conquistado, grandes nomes surgiram e outros foram revelados (por trás de pseudônimos masculinos, inclusive). Talvez o que seja diferente hoje é a ocupação política inequívoca desse lugar. Não podemos esquecer que essa visibilidade se dá principalmente pela atuação dessas mulheres e que há uma década era normal, por exemplo, que um prêmio, como o da revista Bravo, nunca tivesse premiado mulheres. Ações afirmativas como o Leia Mulheres e o Mulherio das Letras e ainda o trabalho feito nas Universidades, para citar apenas três, foram e são fundamentais para essa mudança de cenário”.
Vencedora dos prêmios Jabuti e Oceanos em 2022, e Biblioteca Nacional em 2021, a pernambucana Micheliny Verunschk é autora de “O som do rugido da onça”, e acaba de lançar “Caminhando com os mortos”, ambos pela Companhia das Letras. Siga a escritora em @oncaverunschk no Instagram.

Pritty Reis - A escritora Taylane Cruz

Taylane Cruz: “O ponto de vista de uma escritora”

“Sinto que a principal diferença entre o ponto de vista de uma escritora e de um escritor é, basicamente, o fato de eu viver um corpo que, ancestralmente, sofre silenciamentos e violações diversas. O meu texto está umbilicalmente ligado a essa experiência. Com isso não digo, nem de longe, que haja uma literatura “feminina”. Quando escrevo sou capaz de tocar as mais diversas experiências. Eu, como escritora, tenho o mesmo instrumento que autores homens têm em mãos: a linguagem. A grande diferença é a carga simbólica, subjetiva que, esteticamente, injeto nessa linguagem”.
Jornalista e escritora, a sergipana Taylane Cruz é autora de “A pele das coisas” (Multifoco) e “Para a hora do coração na mão” (Penalux). Cronista da Revista Rubem, vai publicar seu primeiro romance, em breve, pela editora Jandaíra. Siga a escritora em @taylanecrux no Instagram. 

Divulgação - O escritor Jonas Ribeiro

Jonas Ribeiro: “Leitores prontos para mudar”

“Quando fecham os livros, depois de absorver tantas palavras, ideias e entrelinhas, os leitores já não são mais os mesmos. Refletiram, devanearam e sonharam. Mudaram com os livros. Estão prontos para mudar a si mesmos, mudar o país”.
Com mais de 165 obras publicadas e mais de 1.500 apresentações, o paulista Jonas Ribeiro é escritor e declamador de poesias, e “vive arrumando um jeito de aproximar as pessoas dos livros”, como podemos ver no site www.jonasescritor.com.br. Lá estão mais informações sobre o autor de “A fabulosa chuva de cores” e “A lesma que dialogava consigo mesma”.

Divulgação - O escritor Leonardo Valente

Leonardo Valente: “Literatura é um direito”

“Em um país onde apenas 12% da população têm condições de ler um livro inteiro, a literatura é um desafio, uma necessidade e precisa ser vista como um direito. Um desafio porque precisa estar incluída como parte essencial de um amplo projeto de educação, e ao mesmo tempo competir com as mídias eletrônicas e virtuais, que sem projeto algum captam, prendem e em certa medida alteram a cognição das pessoas, tornando-se obstáculos para o exercício imaginativo por meio da palavra escrita. Uma necessidade porque sem a literatura, essas capacidades imaginativas estarão comprometidas, e com elas, a possibilidade de reflexão em densidade. A literatura é uma das artes com maior capacidade de contribuir para a construção simbólica e identitária de um povo. E esse panorama só tem chance de mudar, se a literatura for vista seriamente como um direito, e receber atenção e recursos tanto para sua produção, quanto para a formação de novos leitores”.
Nascido em Niterói, no Rio de Janeiro, autor de “Criogenia de D” publicado pela editora Mondrongo, Leonardo Valente é um dos criadores do selo editorial Besouros Abstêmios, da associação de escritores sem fins lucrativos Literatura Livre. Acesse o site www.besourosabstemios.org.br e saiba mais.


Sabatina Publishnews

O entrevistado de hoje na Sabatina Publishnews é o editor Plínio Martins Filho. Com 50 anos de atuação no mercado editorial, tendo passado pela Perspectiva, Edusp e Ateliê Editorial. A partir das 3 da tarde, com transmissão ao vivo pelo Youtube, Facebook e Linkedin do Publishnews.


Circuito Gato Sem Rabo

Nesta quarta, a escritora, artista visual e professora visitante da Universidade de Copenhague, Laura Erber, cofundadora da Zazie Edições, conversa sobre seu livro “As palavras trocadas” com a poeta Júlia de Carvalho Hansen. Na livraria Gato Sem Rabo, na Vila Buarque, em São Paulo, a partir das 7 da noite.


Vozes do corpo

Tem bate-papo e sessão de autógrafos na sexta, na Livraria Ponta de Lança, em São Paulo, para o livro “Vamos chamá-la de Maria”, de Adriana Armony, publicado pela Reformatório, e “Animais submersos” contos de Priscila Gontijo em publicação da Quelônio. A mediação será por conta de Luciana Gerbovic. A partir das 7 e meia da noite.


Formas dissimuladas de dizer bom dia

O lançamento do livro de poemas de Salma Soria vai ser neste sábado, a partir das 4 da tarde, na Escola Carioca de Artes Têxteis, na Tijuca, Rio de Janeiro. A publicação é da Patuá. A obra ganhou menção honrosa no Prêmio UFES de Literatura.


Cidade aberta, cidade fechada

Ricardo Ramos Filho está lançando pela Record uma obra de passeios “por encontros, desencontros e saudades”. As crônicas do neto de Graciliano Ramos exploram a vida urbana de São Paulo. Do livro “Cidade aberta, cidade fechada”, diz Antônio Torres: “Pronto, eis a maior de nossas metrópoles retratada com afeto e estranheza, leveza e inquietação por quem nela vive desde menino”.


Casa Pagã

Mais uma casa de encontros e convivências entre autores e leitores é anunciada para a programação paralela da Festa Literária Internacional de Paraty – Flip, que acontece em novembro. A Casa Pagã terá as editoras Claraboia, Paraquedas, Reformatório, Cousa, Lote42, Fábrica de Cânones e Mireveja. O nome da casa presta um tributo a Pagu, Patrícia Galvão, escritora homenageada pela Flip 2023.

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