Cultura em todas as direções

Em sua décima edição, a Bienal do Livro de Alagoas tem início, e segue até o próximo dia 20 com intensa programação
Fábio Lucas
Publicado em 11/08/2023 às 0:00
A arquiteta Mirna Porto debaixo da Árvore de Cordel Foto: DIVULGAÇÃO


Com ambientação caprichada que inclui uma árvore de cordel e uma maloca com 2 mil revistas Graciliano Ramos, começa hoje a Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no Centro de Convenções, em Maceió. Tendo como patrono Cacá Diegues, e homenageado, Jorge de Lima, além de um país homenageado, a Argentina. São 130 estandes, e atividades de conteúdo espalhadas em oito salas para oficinas e debates, dois auditórios e um teatro com 1.200 lugares.

Os espaços foram planejados pela arquiteta Mirna Porto, dando forma ao conceito que privilegia o protagonismo do livro, segundo sua coordenadora, Sheila Maluf. É a quinta vez que ela coordena o evento, único do país organizado por uma Universidade, no caso, a Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Em entrevista à coluna Literária, Sheila Maluf fala sobre a importância da Bienal do Livro para o estado, em especial na disseminação da magia da leitura para as novas gerações.


JangadaFilmes_by_AdalbertoFarias - Sheila Maluf, coordenadora da Bienal de Alagoas

JC - Quais as características que marcam a 10a Bienal do Livro de Alagoas?

Sheila Maluf - A Bienal de Alagoas é a única do Brasil montada por uma Universidade, não tem fins lucrativos e é totalmente gratuita para a comunidade. Está na sua décima edição e a cada evento ela supera as expectativas de público. É a quinta edição que coordeno e, além de ter palestras, mesas redondas, oficinas, seminários e lançamentos de livros, contações de histórias, espetáculos de música e poesia, peças de teatro, ainda temos a preocupação de encantar quem nos visita com ambientes instagramáveis decorados.

JC - Como o tema deste ano se relaciona com a programação de conteúdo e a feira literária?

Sheila Maluf - O tema deste ano é “Defender a vida, proteger o planeta e humanizar a sociedade”. Temos várias mesas sobre meio ambiente, indígenas, a própria decoração é ambientada “da literatura de cordel à literatura virtual”. Temos árvore de cordel e treliças de neon, significando a modernidade. Uma grande maloca feita com 2.000 revistas de cultura Graciliano Ramos com chão de espelhos refletindo as capas com cultura em todas as direções se torna um espaço mágico que integra e humaniza a sociedade. Esse tema é o grande desafio da humanidade! Se não cuidarmos do nosso planeta e não humanizarmos a sociedade, nem teremos mais a vida para proteger.


Divulgação - Instalação com capas da revista Graciliano Ramos

 

JC - O que o evento representa para o estado de Alagoas?

Sheila Maluf - A Bienal do Livro de Alagoas é considerada o maior evento cultural do Estado. O estado é carente, com muitos municípios onde as crianças só conhecem o livro na escola. Como fazemos um trabalho junto a Secretaria de Estado de Educação, os prefeitos mandam ônibus para as crianças conhecerem a magia dos livros. Quando chegam, são recepcionados por monitores e personagens dos livros clássicos que sempre fazem parte do percurso brincando com as crianças. É uma Bienal pequena, temos 130 estandes, 8 salas independentes para as palestras e oficinas, dois auditórios e o Teatro de 1.200 lugares. Tudo funciona de forma simultânea atraindo o público para as diversas atividades.

JC - E para o Nordeste? Como o evento se conecta com os demais estados e o mercado editorial da região?

Sheila Maluf - Os organizadores de Bienais sempre se comunicam e se visitam quando é possível. As editoras dos estados vizinhos comparecem quando podem. Neste ano teremos algumas editoras e atrações de Pernambuco, Sergipe e Bahia. Também teremos lançamentos de autores independentes de várias partes do Brasil.

JC - De que forma a concepção e coordenação da UFAL significa um diferencial para o evento, no circuito nacional de eventos literários?

Sheila Maluf - Tentamos evitar a venda de estandes para produtos que não sejam livros, como artesanatos, roupas, etc. Como não visamos lucro, tentamos manter o protagonismo do livro. Acredito que na qualidade das mesas, no nível das discussões, no cuidado com que é preparada a programação, os convidados, a decoração. Algumas vezes recebi coordenadores de Bienais de outros estados que diziam: “Essa não é a maior, mas é a mais charmosa”. Este ano quem assina a decoração é a arquiteta Mirna Porto, que transforma o conceito da Bienal em espaços maravilhosos e reflexivos.

JC - Como um evento desse porte deve contribuir para estimular a formação de leitores? Há pontos de convergência com ações educativas?

Sheila Maluf - Se conseguirmos que a leitura seja a grande atração da Bienal eu já me considero realizada. As crianças e jovens estão muito envolvidos com a era eletrônica e vão deixando os livros de lado. Espero que a Bienal mostre a magia dos livros e como eles nos fazem amadurecer intelectualmente. Esse ano temos a expectativa de receber 400 mil pessoas, sendo aproximadamente, 50 mil estudantes.

Serviço:

10ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas
De 11 a 20 de agosto
No Centro de Convenções de Maceió
Acompanhe a programação no site www.bienaldealagoas.com.br.

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