Por Roberta Soares, da Coluna Mobilidade
Esqueça aquele conceito de que a mulher ao volante é um perigo constante. Além de preconceituosa, a afirmação não tem embasamento técnico. Ao contrário. As estatísticas mostram que, por serem mais prudentes, as condutoras se envolvem menos em acidentes de trânsito de todos os tipos. E, como consequência, solicitam menos indenizações. O levantamento Mulheres no Trânsito, realizado pela Seguradora Líder, que administra os recursos do – DPVAT, o seguro obrigatório pago por todos os proprietários de veículos no Brasil, mostra que elas respondem por apenas 25% das indenizações pagas em geral no País, enquanto os homens ficam com 75% dos pagamentos.
Quando a leitura é sobre os pagamentos de indenizações por mortes, a diferença é ainda maior: 82% das vítimas são do sexo masculino. O menor risco associado às mulheres no trânsito também é reforçado pelas estatísticas de pagamentos de indenização aos motoristas dos veículos: em 2019, do total das indenizações pagas por morte e invalidez permanente envolvendo mulheres, 43% das vítimas eram motoristas, 20% pedestres e 37% passageiras. No Brasil, das indenizações pagas às mulheres, apenas 11% foram para vítimas motoristas. Já entre os homens esse número é bem maior. Dos 75% de pagamentos para homens, 60% das vítimas eram os condutores.
Entre os estados brasileiros, Roraima foi o que contou com o maior número de indenizações pagas para mulheres. Foram 32% dos casos. Em seguida aparece o Mato Grosso do Sul e Rondônia, ambos com 30%. Pernambuco ocupa o 3º lugar no ranking de solicitações por indenizações do Nordeste e 8º lugar em todo o Brasil. O Nordeste, infelizmente, mais uma vez se destaca no cenário negativo. Foi a região do País que registrou o maior número de solicitações de indenizações, representando 32% (113.178) do total de 353.232 em 2019. Mas apenas 21% dos acidentes registrados envolveram mulheres.
É claro que é preciso considerar a diferença numérica entre condutoras mulheres em relação aos condutores homens. Em Pernambuco, por exemplo, elas representam 27,2% do total de motoristas habilitados – 2,2 milhões. No País, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), as condutoras representam 35% dos condutores habilitados (60,7 milhões). Mas, mesmo em menor quantidade, elas têm se mostrado mais conscientes, menos irresponsáveis e, principalmente, distraídas ao volante do que os homens.
“Dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apontam que a maioria dos acidentes ocorridos no último ano (assim como acontece historicamente) foram causados por falta de atenção, desobediência às normas de trânsito e velocidade incompatível com a permitida. E, nesse aspecto, as mulheres costumam ser mais cautelosas quanto à legislação de trânsito”, concluiu o superintendente de Operações da Seguradora Líder, Arthur Froes.
LEIA MAIS REPORTAGENS NA COLUNA MOBILIDADE www.jc.com.br/mobilidade