POR ROBERTA SOARES, DA COLUNA MOBILIDADE
Em meio a tantas notícias ruins devido à pandemia do coronavírus, uma informação boa para a cidade: a requalificação da Avenida Conde da Boa Vista, corredor-vitrine do Recife, localizada no Centro da capital, foi antecipada e está quase concluída. A previsão da Prefeitura do Recife, inclusive, é de que as obras sejam concluídas até o fim do mês de junho, cinco meses antes da data final anunciada ainda em 2019 pela gestão municipal. Outra vantagem do isolamento social é que a etapa mais polêmica de todo o projeto e que, com certeza, iria gerar muitos protestos de comerciantes informais, já está em execução: o trecho em frente ao Shopping Boa Vista, onde está a maior concentração de ambulantes de toda a avenida.
A primeira das duas novas estações do Sistema BRT que irão funcionar na via foi concluída nesta segunda-feira (27/4) e deverá entrar em operação em breve. A nova estação fica nas imediações da Rua do Hospício e tem o mesmo nome da via (Estação Hospício). As obras de requalificação já estão na sexta e última etapa do projeto, sendo executadas em três frentes. A primeira delas e a mais urgente é a recuperação das calçadas do lado sul da avenida (em frente ao Shopping Boa Vista). As do lado norte já foram concluídas. A segunda frente é a construção do canteiro central, que inclui a nova iluminação em LED. E, a terceira, também em execução, é a segunda estação de BRT (Estação Soledade), localizada nas imediações da Rua da Soledade, na altura do posto de recarga dos cartões VEM.
Dos 50 quiosques duplos para o comércio informal que serão disponibilizados no projeto da Nova Conde da Boa Vista, 22 já foram instalados no corredor. E os outros, segundo a prefeitura, já estão fabricados, aguardando apenas a instalação. Segundo a Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife (Emlurb), a requalificação da Conde da Boa Vista já está com 85% das obras concluídas. "De fato, o isolamento social tem ajudado a dar continuidade aos trabalhos. Facilitou muito nesse aspecto, apesar de estarmos trabalhando com as equipes reduzidas e respeitando a distância recomendada pela saúde. Mas sem o volume de pessoas e veículos comum ao corredor antes da pandemia ficou bem mais fácil", pondera a presidente da Emlurb, Marília Dantas.
Sobre o fato de ter "escapado" de possíveis protestos de ambulantes, garantindo a execução do trecho mais polêmico durante a pandemia, Marília Dantas afirmou que a recolocação do comércio informal foi negociada com o próprio sindicato da categoria. "É claro que sempre existe a possibilidade de resistência e protestos, até porque teríamos que relocar os profissionais para outra área da avenida. Mas não estávamos esperando o pior porque aumentamos o número de beneficiados e tudo foi amplamente discutido e negociado, desde o ano passado, entre o sindicato e a Secretaria de Mobilidade e Controle Urbano", disse. Cem ambulantes serão beneficiados no novo projeto - dois por cada quiosque.
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RELEMBRE O PROJETO
O projeto da Nova Conde da Boa Vista está custando R$ 15 milhões aos cofres municipais, um milhão a mais do que foi gasto em 2008, quando a via foi adaptada para virar o chamado Corredor Leste-Oeste. A promessa da prefeitura é de que a cidade ganhará uma nova avenida, o que de fato vem acontecendo. A degradação física que durante mais de quatro anos virou marca do corredor está chegando ao fim. Eixo viário fundamental para o transporte público não só da capital, mas de toda a Região Metropolitana, a via passou, desde o ano passado, por uma grande transformação. As paradas de ônibus foram modernizadas e voltaram para as calçadas. Vinte delas estão instaladas. Os pedestres ganharam visibilidade com 14 travessias elevadas. Mais de 70 árvores foram plantadas e a via esta recebendo um canteiro central arborizado e com iluminação em LED. Já foram instaladas 211 luminárias de LED, com foco nos pedestres e na via. A sensação para quem utiliza a avenida é de que a dignidade, perdida por tantos anos em meio à degradação e abandono dos equipamentos pelo poder público, voltou ao corredor. E que o pedestre e a mobilidade a pé e o transporte público foram elevados a atores principais.
BICICLETA DE FORA
A exceção é a ciclomobilidade, completamente ausente da Nova Conde da Boa Vista. O argumento da Prefeitura do Recife é de que não havia espaço seguro para acomodar amplas calçadas, ônibus convencionais, BRTs e veículos particulares no corredor. Por isso, a solução foi criar uma malha de ciclofaixas e ciclorrotas ao redor da avenida - o que desagradou muitos ciclistas, vale ressaltar. Parte dela já foi concluída e está nas vias: Rua Oliveira Lima (clicorrota), Rua da Aurora (ciclofaixa), Rua Bispo Cardoso Ayres (ciclofaixa) e Avenida Mario Melo/Rua dos Palmares (ciclovia). Também está em fase de conclusão a requalificação do Beco do Estudante (ao lado da Empresa de Urbanização do Recife - URB), que será uma via compartilhada entre pedestres e ciclistas, e conectará a Conde da Boa Vista à Rua Oliveira Lima.
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