Silêncio predomina sobre aumento das passagens de ônibus no Grande Recife em janeiro
Nem o governo de Pernambuco nem o setor empresarial se posicionaram até agora. O Estado, defendendo ou não o aumento. E os empresários, informando o percentual que irão propor. Confira a situação em outras cidades
Pelo menos por enquanto, o silêncio é dominante sobre um possível reajuste das passagens de ônibus na Região Metropolitana do Recife. Nem o governo de Pernambuco nem o setor empresarial se posicionaram sobre quais propostas irão defender. Janeiro, desde a primeira gestão do PSB no governo estadual - regra criada pelo então governador Eduardo Campos -, é o mês em que a proposta é levada ao Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), seja em defesa do aumento ou não. Para a população, o ideal é não encarar um aumento, ainda mais em meio a uma crise sanitária e com apenas 70% da frota de ônibus em operação.
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Historicamente, o CSTM aprovará o que o governo do Estado - gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP/RMR) - defender diante do colegiado - que ganhou mais participação da sociedade civil nos últimos dois anos, mas ainda é majoritariamente representado por órgãos e secretarias públicas. Por isso tanto silêncio. A Coluna Mobilidade tenta, desde a semana passada, obter um posicionamento do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), da Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Seduh) e até mesmo do Palácio das Princesas, sem sucesso. O mesmo acontece com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), que deve estar divulgando um percentual defendido em breve. Com certeza.
E, pelo menos por enquanto, nenhuma reunião do CSTM foi marcada. A expectativa, entretanto, é de que haverá um reajuste, sim, das passagens este ano, apesar da pandemia da covid-19. Isso porque, mesmo com a crise sanitária, a perda ainda maior de demanda e o desemprego como efeito econômico direto da pandemia, o governo não teria fôlego para ampliar o subsídio colocado no sistema - R$ 250 milhões por ano. E, ainda, não teria energia para suportar a pressão do setor operacional, que já ficou sem o realinhamento tarifário em 2020 - ano das eleições municipais e quando o governo PSB estava empenhado em eleger João Campos como prefeito do Recife.
Em 2020, antes de o governo estadual decidir que não defenderia um reajuste, as passagens da RMR poderiam ter subido 14,13% e o Anel A (utilizado por 80% dos apssageiros) chegar a R$ 3,90. Era a proposta do setor empresarial. Houve uma especulação de que o Estado levaria um reajuste entre R$ 0,20 e R$ 0,25 para o Anel A, mas não se confirmou e o governo defendeu que não houve majoração. Foi a mesma estratégia adotada em 2018, quando o próprio governador Paulo Câmara tentava a reeleição. Naquele ano, novamente a tarifa não aumentou - para alívio da população. Mas, vale ressaltar, 2021 não é ano eleitoral. E que o sistema da RMR tem, atualmente, a menor tarifa do Brasil. Há tarifas de R$ 3,60 e R$ 3,65 no País, como em Maceió (AL) e Belém (PA), mas o valor da RMR ainda é inferior.
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OUTRAS CIDADES
A Associação Nacional de Transporte Urbanos (NTU) ainda não tem um levantamento das cidades que já aumentaram as tarifas em 2021, mas algumas capitais já comunicaram a decisão de não reajustá-las devido à pandemia. São Paulo capital e o ABC Paulista, além do Rio de Janeiro, no Sudeste brasileiro, assim como Goiânia (GO), na região Centro-Oeste, são exemplos de cidades que não terão aumento. Já Fortaleza (CE) aumentou entre R$ 0,15 e R$ 0,55. Enquanto que em Salvador (BA) e Belo Horizonte (MG) o reajuste ainda segue sob avaliação. Para citar alguns exemplos.
Confira a situação em algumas capitais e regiões:
FORTALEZA
As tarifas de ônibus metropolitanos da Grande Fortaleza vão aumentar a partir de fevereiro, numa variação entre R$ 0,15 e R$ 0,55, de acordo com cada região atendida. Segundo o governo do Estado, os valores deveriam ter sido reajustados em julho de 2020, mas por causa da pandemia de covid-19, o aumento foi adiado.
VITÓRIA
A tarifa dos ônibus da Região Metropolitana de Vitória, no Espírito Santo, aumentou em 2,56% no domingo (10/01). Passou de R$ 3,90 para R$ 4.
CAMPO GRANDE
A tarifa do transporte coletivo em Campo Grande (MS) aumentou no fim de dezembro de 2020 e início de 2021 em 2,43% ou R$ 0,10.
SALVADOR
O reajuste na tarifa de ônibus em Salvador, que custa R$ 4,20 atualmente, segue sob análise da prefeitura, agora sob nova gestão. Por isso, não houve reajuste no dia 1º de janeiro, como acontecia. O município explicou à imprensa baiana que iria analisar os contratos vigentes com as concessionárias de transporte da capital antes de propor um reajuste.
RIO DE JANEIRO
A secretária municipal de Transportes, Maína Celidonio de Campos, anunciou, no dia 4 de janeiro, que não haveria reajuste das passagens de ônibus em 2021. E que o sistema passaria por uma auditoria do município para melhoria do serviço.
SÃO PAULO
A Prefeitura de São Paulo e o governo do Estado decidiram não aumentar a tarifa do transporte na capital paulista, que continuará tendo valor unitário de R$ 4,40 em 2021. A medida vale para passagens de ônibus municipais, Metrô e CPTM.
ABC PAULISTA
No dia 12 de janeiro, os prefeitos das sete cidades que compõem o ABC Paulista realizaram uma reunião e informaram que iriam congelar as tarifas de ônibus em 2021. A informação foi do presidente do Consórcio Intermunicipal ABC e prefeito de Santo André, Paulo Serra.
GOIÂNIA
A tarifa do sistema de transporte coletivo da Região Metropolitana de Goiânia também não terá reajuste anual em 2021. O último aumento foi concedido em abril de 2019. A decisão de segurar o aumento foi decisão da Prefeitura de Goiânia, Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos (CMTC) e Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de Goiânia (SET). Ao mesmo tempo, vão discutir um novo modelo para o sistema metropolitano e também uma solução emergencial para a crise financeira das concessionárias. Foi a promessa.
BELO HORIZONTE
Também segue em análise. Segundo a imprensa, a capital mineira ainda não tinha definição sobre o reajuste das tarifas do transporte público por ônibus no fim de 2020. Lá, assim como em Salvador, o já tradicional aumento da virada de ano não aconteceu e foi informado pelo poder público e o setor operacional. E não há previsão de uma definição por enquanto, segundo a BHTrans. O último realinhamento das passagens foi em 2018.
PORTO ALEGRE
Apesar de o levantamento da Seduh-PE apontar que Porto Alegre reajustou a tarifa em 2021, isso ainda não aconteceu. Pelo menos não até agora. Ao contrário, o Legislativo Municipal chegou a aprovar parte do pacote de financiamento do transporte público enviado pela gestão passada, que inclui até redução de tarifas. No fim de 2020, a passagem de ônibus foi reduzida em R$ 0,15, passando de R$ 4,70 para R$ 4,55.