Sociedade civil pede o congelamento das passagens de ônibus no Grande Recife
Reunião que decidirá pelo provável aumento de 8,7% ainda está prevista para o dia 5/2. MPPE pediu adiamento devido à pandemia
É meio como nadar contra a correnteza, mas é um ato importante e necessário sempre. A Frente de Luta Pelo Transporte Público (FLTP) está lutando para que o aumento de 8% das passagens de ônibus do Grande Recife sequer seja discutido na próxima reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM), marcada para o dia 5/2. E, se não tiver jeito e o assunto for à discussão, que as tarifas sejam congeladas. O pedido foi feito formalmente ao presidente do CSTM, o secretário de Desenvolvimento Urbano de Pernambuco, Marcelo Bruto, e gestor do transporte por ônibus da RMR. Mas é pouco provável que seja aceito. Talvez, por também estar na linha do que solicitou o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), tenha chance de aceitação. Mas pelo que sempre vemos nas discussões sobre aumento das passagens de ônibus, vale o que o governo de Pernambuco decide.
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O CSTM é um colegiado com 24 representantes, mas apenas oito da sociedade civil, representando passageiros, idosos, estudantes e pessoas com deficiência. Os outros são ligados à gestão pública, à operação e ao Legislativo. A composição é a seguinte: Governo do Estado (6 representantes), Prefeitura do Recife (1), Prefeitura de Olinda (1), Assembleia Legislativa (1), Câmara de Vereadores do Recife (1), Câmara de Vereadores de Olinda (1), empresários de ônibus (1), Companhia Brasileira de Trens Urbanos – CBTU (1), Sindicato dos Rodoviários (1), Sindicato do Transporte Complementar do Recife (1), usuários do sistema (4), estudantes (2), pessoas com deficiência (1) e idosos (1). Ou seja, uma composição com mais representatividade do poder público e que historicamente fecha com o governo do Estado.
HORÁRIO SOCIAL
O governo de Pernambuco pretende reduzir o valor das passagens nos horários fora do pico e aumentar em aproximadamente 8% o Anel A, que passaria de R$ 3,45 para R$ 3,75. A redução nos horários de menor movimento no sistema - das 9h às 11h e das 13h30 às 15h30 - seria de R$ 0,40 e estaria atrelada ao pagamento com o cartão VEM Comum - utilizado por 40% dos passageiros do sistema. No chamado Horário Social, o Anel A cairia de R$ 3,75 (sendo aprovado o reajuste de 8,7%) para R$ 3,35, e o Anel B, de R$ 5,10 (considerando o aumento proposto de 8,5%) para R$ 4,60. Nos demais horários do dia, o anel A passaria a custar R$ 3,75 e o anel B R$ 5,10, com percentuais de acréscimo de 8,7% e 8,5%, respectivamente. Como argumento, o Estado destaca que os índices serão menores do que a inflação acumulada de 2019 e 2020, que foi de 9%.
CONFIRA: UM CONSELHO SEM CREDIBILIDADE
Mas nem mesmo a criação do Horário Social foi suficiente para a entidade. A FLTP aprova a iniciativa sem o reajuste da passagem nos outros horários. “Não podemos votar aumento de passagem nesse momento de pandemia, de superlotação, de demissão dos cobradores e nenhuma melhoria sendo efetivada pelo governo e pelos empresários. Nossos representantes votarão contra qualquer tipo de aumento”, afirmou a coordenadora da Frente de Luta, Raisa Rabelo.
ANTIGAS PENDÊNCIAS
A FLTP usa alguns problemas antigos e graves do sistema de transporte como argumento para pedir que não se discuta realinhamento ou congele as passagens. Além de citar que estamos no meio de uma pandemia, lembra que a frota foi reduzida pelo Estado sem consulta ao CSTM, que o Sistema BRT e as estações estão praticamente desfigurados e abandonados, que o Simop ainda não entrou em operação e que o Estado até hoje não conseguiu recuperar o controle da bilhetagem eletrônica do VEM, gerida pelos empresários de ônibus. Além disso, que o tempo foi curto para análise dos cálculos realizados para se chegar ao percentual sugerido não só pelo governo, mas também pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Urbana-PE), que defende um aumento de 16%.