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Por que outros Estados vacinam profissionais do transporte público e Pernambuco não consegue alterar o cronograma?

São Paulo, Espírito Santo, Salvador, Cuiabá, Aracaju, Maceió e Campinas conseguiram o que o Estado não consegue

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Roberta Soares

Publicado em 26/05/2021 às 15:08 | Atualizado em 26/05/2021 às 15:19
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Esse é o questionamento do momento: por que outros Estados e municípios brasileiros já estão vacinando motoristas de ônibus, cobradores e metroviários e Pernambuco alega não conseguir alterar o calendário de imunização da covid-19? Na visão de quem vive o setor de transporte público é a falta de prioridade. Não há outra explicação.

Entre os Estados e capitais que já estão imunizando os profissionais do transporte público estão São Paulo (rodoviários e metroviários), Salvador (rodoviários e metroviários), Cuiabá (rodoviários), Aracaju (rodoviários), Maceió (rodoviários e metroviários), Campinas (rodoviários) e nesta quarta-feira (26/5) também o Espírito Santo. O governo de Pernambuco, por exemplo, decidiu antecipar a imunização dos profissionais de segurança pública. O Recife, os profissionais da educação básica. Já o governo federal antecipou a vacinação de portuários e aeroviários nesta terça-feira (25/5).

Nessas cidades e Estados, houve a decisão administrativa de remanejar doses que estão à espera dos outros grupos prioritários - cuja imunização é mais lenta seja pela idade das pessoas ou pelas exigências técnicas para validar a vacinação, como é o caso das comorbidades - para atender aos profissionais do transporte público.

TODOS PASSAM NA FRENTE DOS RODOVIÁRIOS

DIVULGAÇÃO
Na manhã desta quarta-feira 26/5, o governo do Espírito Santo iniciou a vacinação contra covid-19 dos trabalhadores do transporte coletivo rodoviário. A imunização inclui motoristas e cobradores - DIVULGAÇÃO

Isso porque, em geral, o número de motoristas, cobradores, fiscais, metroviários e outros funcionários que atuam no setor é pequeno. Em Pernambuco, por exemplo, havia a informação de que, juntos, os profissionais do transporte público coletivo somariam menos de 20 mil profissionais. Entre 10 mil e 15 mil rodoviários e 1.800 metroviários. Mas o número é ainda menor. Segundo a base de dados do cartão VEM Rodoviário, são 11 mil profissionais em Pernambuco, aí já incluídos os motoristas, cobradores e fiscais do transporte complementar do Recife (STCP) e do sistema intermunicipal (fora da RMR). Além de 1.800 metroviários.

Desses 11 mil, seis mil são profissionais residentes no Recife. “É um número muito pequeno. É uma questão tão fácil de resolver para uma categoria tão exposta. A capital vacina 7 mil pessoas por dia! Ainda é preciso considerar os profissionais que foram atendidos em outros grupos, como os idosos e aqueles que têm comorbidade”, pondera Marcelo Bandeira, diretor de Inovação do Sindicato das Empresas a Urbana-PE.

FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM
Segundo a base de dados do cartão VEM Rodoviário, são 11 mil profissionais em Pernambuco, aí já incluídos os motoristas, cobradores e fiscais do transporte complementar do Recife (STCP) e do sistema intermunicipal (fora da RMR). Além de 1.800 metroviários - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

A entidade, juntamente com os sindicatos de empregados e servidores responsáveis pelo transporte público na RMR, com o apoio de representantes da sociedade civil, protocolaram um pedido conjunto pela vacinação imediata da categoria contra a covid-19. O documento foi protocolado junto ao governo de Pernambuco, à Prefeitura do Recife e às outras 13 prefeituras do Grande Recife, além do Ministério Público de Pernambuco (MPPE) e do Ministério Público de Contas (MPCO).

No ES, por exemplo, serão 19.577 pessoas do transporte público e a vacina aplicada neste grupo vem do uso de porcentagem de doses da reserva técnica, conforme a disponibilidade do imunizante. O primeiro envio acontece ainda nesta semana por meio de nova remessa de doses pelo Ministério da Saúde.

PRESSÃO DOS ÓRGÃOS DE CONTROLE

No caso de Pernambuco, a pressão que os órgãos de controle têm feito sobre a Secretaria Estadual de Saúde (SES) para que não haja alteração da hierarquia dos grupos prioritários é outro ponto que pesa. MPPE e MPCO têm feito esse papel, o que não aconteceu na maioria das cidades que a vacinação está acontecendo.

Nesta quarta (26), o grupo que assinou o documento esteve na SES para reforçar os argumentos do pedido de antecipação da imunização dos profissionais do transporte público, mas saiu de mãos vazias. Agora, vai tentar sensibilizar o Centro de Apoio Operacional às Promotorias de Saúde(CAOP-Saúde), que tem fiscalizado com rigor os atos da secretaria. Já o MPCO, que questionou a SES quando houve a intenção de vacinar os rodoviários ainda em maio, confirmou o recebimento do documento, mas explicou por nota que o pedido é direcionado ao governo do Estado. “O documento foi recebido, mas não há pedido ao MPCO. O pedido é para a gestão estadual. O MPCO aguardará eventual decisão da gestão estadual para se pronunciar".

TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM
Na última manifestação, realizada no dia 26/4, a categoria chegou a parar os coletivos no Centro e a apresentar uma carta ao governador Paulo Câmara solicitando um posicionamento - TIÃO SIQUEIRA/JC IMAGEM

Confira o cronograma de vacinação por grupos definido pelo governo federal:

O Ministério da Saúde optou por priorizar a vacinação de determinados grupos para garantir o funcionamento dos serviços de saúde, a proteção dos cidadãos com maior risco para coronavírus, além da preservação do funcionamento dos serviços essenciais. Para isso, foi definida uma lista de grupos prioritários, que somam mais de 77,2 milhões de brasileiros.

- Pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas;
- Pessoas com deficiência institucionalizadas;
- Povos indígenas vivendo em terras indígenas;
- Trabalhadores de saúde;
- Pessoas de 80 anos ou mais;
- Pessoas de 75 a 79 anos;
- Povos e comunidades tradicionais ribeirinhas;
- Povos e comunidades tradicionais quilombolas;
- Pessoas de 70 a 74 anos;
- Pessoas de 65 a 69 anos;
- Pessoas de 60 a 64 anos;
- Comorbidades;
- Pessoas com deficiência permanente grave;
- Pessoas em situação de rua;
- População privada de liberdade;
- Funcionários do sistema de privação de liberdade;
- Trabalhadores da educação do Ensino Básico (creche, pré-escolas, ensino fundamental, ensino médio, -  profissionalizantes e EJA);
- Trabalhadores da educação do Ensino Superior;
- Forças de segurança e salvamento;
- Forças Armadas;
- Trabalhadores de transporte coletivo rodoviário de passageiros;
- Trabalhadores de transporte metroviário e ferroviário;
- Trabalhadores de transporte aéreo;
- Trabalhadores de transporte aquaviário;
- Caminhoneiros;
- Trabalhadores portuários;
- Trabalhadores industriais.

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