Foram sete anos apenas de obras paradas. Mais uns cinco entre discussões e projetos na prática. Outros 30 - pelo menos - desde que começou a ser pensada para o Recife. Mas, enfim, a construção da Ponte do Monteiro, uma ligação estratégica para a ampliação do sistema viário recifense, conectando de forma rápida o Norte e o Oeste da capital, foi retomada. Custou caro? custou e custará ainda mais - o projeto é orçado em R$ 48 milhões e pelo menos R$ 10 milhões já foram praticamente perdidos. Demorou e é revoltante? Sim, e é revoltante, mas a cidade precisa dessa ligação sob o aspecto viário.
A Ponte Iputinga-Monteiro é essencial para viabilizar a Terceira Perimetral do Recife, corredor viário fundamental para a circulação da cidade. Não só para os carros, mas principalmente para o transporte público. A ausência da ponte sobre o Rio Capibaribe, ligando os bairros do Monteiro, na Zona Norte, e da Iputinga, na Zona Oeste, amplia distâncias e alonga os percursos tanto para moradores como para passageiros dos ônibus. Além disso, transfere um volume de tráfego para outras vias da cidade que poderia ser evitado com uma conexão direta pela Terceira Perimetral do Recife.
A construção começou em 2012, ainda na gestão de João da Costa (PT), e travou nas duas gestões do prefeito Geraldo Júlio (PSB). Em dados de 2018, o orçamento da ponte era de R$ 48 milhões, dos quais R$ 10 milhões já tinham sido investidos antes de parte da estrutura do equipamento ser erguida e abandonada. Enfrentou muitos problemas. Já nasceu condenada. O traçado da ponte foi apontado como equivocado em diagnóstico da própria prefeitura realizado na época.
SÍMBOLO DO ABANDONO
São muitos os desafios do projeto. A Ponte Iputinga-Monteiro é um símbolo do descaso público, do abandono administrativo e político da gestão municipal. E também dinheiro público jogado fora. Resultado de uma coleção de erros. Agora, batizada de Ponte Engenheiro Jaime Gusmão, terá mais R$ 27 milhões investidos na conclusão da obra. O lançamento da retomada da construção foi feito pelo prefeito João Campos (PSB) na manhã desta segunda-feira (13/9). Está no pacote do Programa Recife Virado e, diz a prefeitura, vai gerar 150 empregos diretos.
Em novembro de 2018, após mais de quatro anos de paralisações, a obra foi julgada irregular pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE), que seguiu o parecer do Ministério Público de Contas (MPCO) pela rejeição. Houve a assinatura de um primeiro Termo Aditivo Contratual (TAC) em novembro de 2013. Mas em 2014, com menos de um terço concluído, apenas do lado do bairro da Iputinga, parou de vez. Até mesmo o Banco Mundial se retirou do projeto, segundo relatório técnico do TCE.
PERIMETRAIS
Para quem não sabe, o Recife tem quatro perimetrais, das quais a segunda e a terceira têm, entre outros pequenos obstáculos, o Rio Capibaribe como principal bloqueio a ser vencido. A Primeira Perimetral seriam a Avenida Agamenon Magalhães, a Segunda é formada por vias como Estrada dos Remédios e Avenida Visconde de Albuquerque, e que se conectaria pelos bairros da Torre, no Oeste, e Santana, na Zona Norte. E a Quarta Perimetral é o contorno urbano da BR-101 na capital.