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BBB Rodrigo Mussi: uso de cinto de segurança no banco de trás pode reduzir em 50% o risco de morte no trânsito

Devemos aprender com o sinistro do ex-BBB. Não usar o cinto de segurança no banco traseiro aumenta em cinco vezes o risco de morte do ocupante do banco da frente

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Roberta Soares

Publicado em 06/04/2022 às 15:28 | Atualizado em 06/04/2022 às 17:24
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Qualquer um poderia ser o ex-BBB Rodrigo Mussi, 36 anos, que encontra-se em estado grave depois de ser lançado para fora do automóvel num sinistro de trânsito (não é mais acidente de trânsito que se define. Entenda a razão) por não usar o cinto de segurança no banco de trás de um carro de aplicativo de transporte privado, como Uber e 99.

Usar o cinto de segurança - inclusive no banco de trás dos veículos - salva vidas no trânsito.

A sua vida, principalmente, mas também a de outras pessoas que estão no mesmo veículo.

O uso do cinto de segurança no banco de trás, apontam as estatísticas, reduz em quase 50% as possibilidades de mortes em colisões, por exemplo.

Segundo a NHTSA (National Highway Traffic Safety Administration), a Administração Nacional de Segurança Rodoviária dos EUA, a redução identificada em pesquisas práticas é de 43%.

Você sabia disso?

Reprodução/Instagram
Rodrigo Mussi passará por nova cirurgia na próxima quinta-feira (7) - Reprodução/Instagram


Embora o Código de Trânsito Brasileiro (CTB) ainda não tenha evoluído para transformar a infração pelo não uso do cinto de segurança - seja pelo condutor ou passageiros, nos bancos dianteiro ou traseiro - de infração grave para gravíssima - o que seria correto pelo dano que o não uso proporciona -, o risco de não usá-lo é grande.

Aliás, é enorme e você precisa conhecê-lo.

É algo que vai muito além da multa financeira.



No caso de uma colisão como a do ex-BBB, o passageiro que está sem cinto de segurança pode ser ejetado para fora do veículo - como aconteceu com Rodrigo Mussi - ou lançado para a parte dianteira do carro, por exemplo, o que também provoca danos graves. 

Veja o momento da colisão:

Sendo lançado, as consequências já são conhecidas por muitos depois do sinistro com o ex-BBB Rodrigo, que teve traumatismo craniano grave e fraturas pelo corpo.

Mas, mesmo sem que o passageiro seja ejetado para fora, o dano também é grande. O alerta é feito pela Associação Brasileira de Medicina de Tráfego (Abramet).

“Muitos ocupantes do banco traseiro dos veículos automotores continuam morrendo desnecessariamente em sinistros de trânsito por não usarem o cinto de segurança.

O cinto de segurança salva vidas. Falta a população se acostumar a utilizá-lo no banco de trás dos veículos
No caso de um sinistro, um adulto com 70/80 quilos, por exemplo, seu peso será multiplicado por 12 vezes. É como se ele passasse a ter o peso de um hipopótamo. E irá se movimentar para o teto, para a frente e contra a parte posterior do banco dianteiro - O cinto de segurança salva vidas. Falta a população se acostumar a utilizá-lo no banco de trás dos veículos


O cinto de três pontos quando usado corretamente reduz em 40% os ferimentos de quadris e da coluna vertebral, que levam as pessoas a ficar cadeirantes. Além de diminuir o risco de perfuração do globo ocular”, ensina Flávio Adura, diretor científico da Abramet.

Mas, por que as pessoas não usam?



Quem responde é Flávio Adura:

“Existe uma falsa impressão de que o banco traseiro é mais seguro ou que o cinto sub abdominal não oferece a segurança adequada, justificando o seu não uso.

Mas é errado. Aos corpos dos ocupantes do banco traseiro sem cinto de segurança aplicam-se as mesmas forças que sofrem os ocupantes do banco dianteiro”, ensina.

PESO DE HIPOPÓTAMO

E alerta: “No caso de um sinistro, um adulto com 70/80 quilos, por exemplo, vai continuar na mesma velocidade que o veículo estava desenvolvendo antes da colisão e seu peso será multiplicado por 12 vezes. É como se ele passasse a ter o peso de um hipopótamo. E irá se movimentar para o teto, para a frente e contra a parte posterior do banco dianteiro”.

“Não usar o cinto de segurança no banco traseiro aumenta em cinco vezes o risco de morte do ocupante do banco da frente”, acrescenta o diretor científico.

O médico ainda deixa um último alerta: “É fundamental a manutenção periódica do cinto de segurança com a lubrificação dos pontos de fixação a cada três meses. E a troca do equipamento quando o sistema de recolhimento apresentar fadiga ou estiver desfiado”, ensina.

CET
Novas fotos mostram estado do carro em que estava Rodrigo Mussi após acidente - CET

DESRESPEITO E DESINFORMAÇÃO

Quem acompanhou o caso o sinistro com o ex-BBB viu que o motorista do aplicativo reconheceu que cochilou ao volante e denunciou que o passageiro estava sem o cinto no banco de trás.

O cansaço ao volante é outro problema sério e que deve ser discutido sempre, mas entender que o cinto precisa ser utilizado em qualquer situação e local do veículo é algo que diz respeito a todos, inclusive a os que não conduzem veículos.

E, o que se percebe, é que muita gente não tem sequer conhecimento de que o uso é obrigatório.

"A taxa de uso do cinto de segurança no banco traseiro varia de 40% a 50%, ou seja, apenas metade das pessoas fazem uso. Já o respeito ao cinto no banco dianteiro é bem maior, chegando a 96%”, explica o médico ortopedista Fhilipe Xavier, especialista em trânsito da Abramet em Pernambuco e ainda médico do SAMU Caruaru.

Fhilipe reforça que, assim como aconteceu no sinistro com o ex-BBB, o condutor do veículo deve exigir que todos os ocupantes estejam com o equipamento. “O Artigo 167 do CTB diz que todos os ocupantes devem usar, não apenas os da frente. E que se alguém não usar, o condutor será notificado pela infração e ter o veículo retido”, diz.

O desrespeito e a desinformação se refletem nas estatísticas.

Em Pernambuco, a infração por não utilizar o cinto de segurança está entre as dez mais comuns e, somente no mês de fevereiro de 2022, resultou em 3.261 notificações. Os dados são do Detran-PE.

O mesmo cenário preocupante é verificado nas rodovias federais. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), em 2021 foram quase seis mil notificações em 2021, das quais 2.653 foram de desrespeito pelos passageiros.

Em 2022, apenas nos meses de janeiro, fevereiro e março, já são quase 2 mil multas.

CONFIRA OS DADOS

Autuações pelo não uso do cinto de segurança nas rodovias federais de Pernambuco em 2021:

Condutores sem cinto – 3.150
Passageiros sem cinto – 2.653

Entre janeiro e março de 2022:

Condutores sem cinto – 1.085
Passageiros sem cinto – 869

“Apesar do reforço na fiscalização e das campanhas educativas, algumas pessoas ainda se esquecem ou optam por não utilizar o cinto de segurança, inclusive no banco de trás. Esse comportamento coloca em risco todos que estão no veículo, pois em caso de colisão a pessoa pode ser arremessada contra os outros ocupantes ou para fora do carro. É fundamental que todos utilizem esse dispositivo, que reduz em até 75% o risco de lesões em caso de colisões no trânsito”, reforça o inspetor Cristiano Mendonça, assessor de Comunicação da PRF em Pernambuco.

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