Após assembleia realizada na noite desta quarta-feira (11), os metroviários decretaram estado de greve. A decisão sinaliza para o início de uma série de mobilizações que serão intensificadas até que, se for o caso, a categoria deflagre uma greve. Com o estado de greve, a categoria garante que não haverá nenhuma mudança no funcionamento do metrô nesta quinta-feira (12).
A medida é uma reação contra a decisão do governo de Pernambuco e do governo federal de, depois da estadualização, conceder a gestão e operação do Metrô do Recife para a iniciativa privada. Uma paralisação não acontece de imediato, somente após segunda assembleia.
"Tivemos uma assembleia histórica nos últimos dez anos... Chamamos e a categoria compareceu com mais de 500 metroviários presentes. Votamos pelo estado de greve e a assembleia permanente para combater esse desmando. Somos contra a privatização e não aceitamos isso", declarou Luiz Soares, presidente do Sindmetro-PE. Agora, os metroviários devem intensificar as assembleias e demais ações em torno das mobilizações, caminhando para a deflagração de uma greve.
Ainda de acordo com o representante dos metroviários, a categoria entende que é possível ter um metrô de qualidade sem entregar a administração para a iniciativa privada. "Não concordamos com esse posicionamento do governo federal e estadual, mas sim de ter um metrô público de qualidade, com tarifa social de R$ 2,00. Pra isso é necessário que o governo federal garanta mais verba de custeio, mais verba para garantir a compra de peças e materiais para investirmos, porque só assim a gente consegue melhorar o sistema", explicou Luiz Soares.
O presidente do Sindmetro-PE afirmou que o governo nunca atende as solicitações da categoria para melhorar as condições do sistema metroviário do Estado. Que, normalmente, entregam menos da metade do valor que é pedido para a manutenção do metrô.
Além disso, com a entrega da administração do metrô de Pernambuco para a iniciativa privada, Luiz Soares acredita que algumas linhas devem deixar de existir, assim como o Sistema Estrutural Integrado (SEI), afetando centenas de usuários.
PRÓXIMOS PASSOS
Após a realização dessa primeira assembleia com a categoria, o presidente do Sindmetro-PE informou que terá uma série de reuniões nos próximos dias.
"Temos uma reunião na sexta-feira (13), às 11h, com o presidente do CREA, Adriano Lucena; no mesmo dia, às 15h, nos reuniremos com a vice-governadora Luciana Santos; e na terça-feira (17), a reunião será com o superintendente Cássio Ferreira, às 11h. Oficializamos um pedido de reunião com o governador Paulo Câmara também. Depois disso, se não avançar nada, vamos decretar a paralisação do sistema metroviário por tempo indeterminado após a nossa segunda assembleia, que acontece na próxima quinta-feira (19)", garantiu Luiz Soares.
A próxima Assembleia está marcada para quinta-feira (19), novamente às 18h, na Praça da Greve (Estação Recife).
COMO SERÁ A CONCESSÃO
O processo de estadualização e concessão pública do Metrô do Recife seria iniciado ainda neste mês de maio, segundo previsão dada ao governo de Pernambuco pelo Ministério da Economia, que comanda os estudos.
A modelagem e os valores foram apresentados ao Ministério da Economia no fim de 2021 e já validados pela equipe técnica que está à frente dos estudos.
Metrôs concedidos à iniciativa privada: os exemplos que deram certo ou não no País
O governo de Pernambuco será o gestor do futuro contrato de concessão pública do Metrô do Recife, um pacote que representará o montante de R$ 8,4 bilhões em 30 anos. Desse total, R$ 3,8 bilhões serão aportes públicos para reerguer o sistema e cobrir a diferença entre receita tarifária e despesa de operação.
Sendo, R$ 3,1 bilhões mobilizados pelo governo federal e R$ 700 milhões pelo governo de Pernambuco. E, dos R$ 3,1 bilhões bancados pela União (Ministério da Economia), R$ 1,4 bilhão serão recursos que ficarão guardados para serem utilizados pelo Estado ao longo do contrato de concessão pública.
O R$ 1,4 bilhão será a reserva para garantir o equilíbrio econômico financeiro do contrato, já que os estudos realizados nesses dois anos já apontaram que a receita gerada pela demanda de passageiros do Metrô do Recife não será suficiente para cobrir o custo de operação.