Apesar do comprovado aumento da frota de veículos e de motoristas habilitados no Estado, algumas soluções de tecnologia poderiam ser adotadas nas cidades para ajudar a circulação. Entre as mais defendidas estão os semáforos adaptativos, também chamados de inteligentes.
O Recife, assim como todas as cidades da Região Metropolitana, sofrem com a ausência de equipamentos modernos para auxiliar na desenvoltura da circulação do tráfego. A capital, por exemplo, até hoje nunca os adquiriu.
Para quem não sabe, os semáforos adaptativos permitem realizar uma programação em tempo real, equilibrada de acordo com o volume do tráfego das vias.
Ou seja, através de sensores, é possível programar mais tempo de verde para uma determinada rua ou avenida que está com mais veículos, em detrimento da outra, com menos tráfego, por exemplo. O sensor de volume, instalado na via, auxilia a programação.
JABOATÃO PARTE NA FRENTE
O município de Jaboatão dos Guararapes é quem está partindo na frente na Região Metropolitana do Recife. Terá, até o fim de 2022, um sistema centralizado de controle de tráfego em tempo real.
O projeto de modernização da rede semafórica está em processo de licitação e vai contemplar 40 cruzamentos com semáforos inteligentes operando no modo auto adaptativo em tempo real.
O sistema atuará de forma intermitente para que os semáforos passem a abrir e fechar onde houver a necessidade de acordo com a demanda de veículos.
O trânsito piorou, e não tem mais hora nem horário. Entenda os motivos
Segundo a Prefeitura de Jaboatão, todos funcionarão com comunicação de dados, link de banda larga e chip de dados 4G. Os laços virtuais farão a contagem de veículos por câmeras. E cada câmera terá quatro laços virtuais, ou seja compreendera quatro faixas de rolamento.
Essas informações serão repassadas para a central, que fará a programação em tempo real e mudará o sentido de forma inteligente, de acordo com a quantidade de veículos nas vias principais e secundárias.
O projeto conta ainda com gerador de energia elétrica solar para os principais cruzamentos do município e nobreak por até três horas na falta de energia.
RECIFE AINDA ANALISA
Enquanto Jaboatão licita, o Recife ainda segue analisando a possibilidade de adotar os semáforos inteligentes. A gestão municipal teria dado o aval para que a Autarquia de Trânsito e Transporte Urbano (CTTU) decidisse qual a melhor tecnologia usar entre as muitas existentes no mercado.
Mas, como explicou a presidente da CTTU, Taciana Ferreira, ainda não existe uma previsão para a aquisição dos equipamentos. “Fizemos alguns testes com as mais diferentes tecnologias e obtivemos resultados positivos e negativos. Por isso não temos um horizonte para dizer. Mas seguimos com os estudos”, afirmou.
“Também identificamos áreas que têm possibilidade de obtermos um resultado positivo, como é o caso de corredores viários que não sofrem grandes interferências. Mas os semáforos adaptativos ainda representam um investimento alto. Por isso seguimos apostando, em paralelo a essa análise, em soluções de engenharia de tráfego que melhorem a capacidade das vias”, explicou.
ATRASO
Para se ter ideia do quanto é preciso evoluir na gestão tecnológica do trânsito da cidade, a rede semafórica do Recife, composta por 700 cruzamentos semaforizados, é toda de equipamentos que, no máximo, aceitam programações fixas por horários, que não podem ser alteradas de acordo com o volume de tráfego. Não são adaptativos.
Ainda na segunda gestão de Geraldo Julio (PSB), o Recife testou pontualmente dois equipamentos inteligentes, nos bairros do Pina e da Imbiribeira, numa época em que a saída da Zona Sul estava travando depois da implantação da Faixa Azul para os ônibus na Avenida Antônio de Góis, no Pina. Funcionou na época, mas depois os semáforos foram retirados.
Profissionais que atuam no setor, ouvidos pelo JC, afirmam que o Recife está mais do que atrasado nessa área. Que muitas cidades já adotaram a tecnologia, como é o caso de São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Belo Horizonte (MG), Vitória do Espírito Santo (ES), Osasco (SP) e Duque de Caxias (RJ).
Os mesmos especialistas também lembram que investir em tecnologia de trânsito é muito mais uma iniciativa política de gestão pública do que um investimento de alto custo. Enquanto um controlador de tempo fixo custa de R$ 15 mil a R$ 20 mil, os que têm capacidade de operação no modo adaptativo custam entre R$ 35 mil e R$ 40 mil.
Por cruzamento, o custo seria, em média, de R$ 80 mil. E, no caso do Recife, a expectativa é de que fossem necessários utilizá-los em até 250 dos 700 cruzamentos semaforizados, o que totalizaria um investimento de R$ 20 milhões para a gestão municipal. Mesmo quando não resolvem, os semáforos adaptativos melhoram muito a circulação, garantem os especialistas.