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Mobilidade

Por Roberta Soares e equipe
COLUNA MOBILIDADE

Licitação das linhas de ônibus do Grande Recife: audiência pública acontece nesta terça. Veja como acompanhar

Concorrência pública será refeita oito anos depois da primeira, que foi engavetada pelo governo de Pernambuco devido aos custos

Cadastrado por

Roberta Soares

Publicado em 07/06/2022 às 7:25 | Atualizado em 07/06/2022 às 7:25
Cálculo é da Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), entidade que representa empresas de transporte coletivo urbano de todo o País - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

Acontece nesta terça-feira (7/6), a partir das 9h, a audiência pública que apresentará e discutirá a proposta da nova licitação pública das linhas de ônibus da Região Metropolitana do Recife. A audiência será online pelo Youtube do governo de Pernambuco, sendo comandada pela Secretaria Executiva de Parcerias e Estratégias da Secretaria de Planejamento.

A apresentação estava programada para acontecer no dia 31/5, mas foi adiada em uma semana, devido às chuvas que atingem Pernambuco e que na semana passada deixaram um saldo de 128 pessoas mortas somente no Grande Recife.

A data limite para recebimento de sugestões sobre o modelo proposto era até o dia 13 de junho e, pelo menos por enquanto, está mantida pelo Estado. Mais informações podem ser obtidas no site do Programa de Parcerias Estratégicas do Governo de Pernambuco (PPE): http://www.parcerias.pe.gov.br/dialogo_publico_pmi.html

A nova concorrência, que será refeita pelo governo de Pernambuco oito anos depois da primeira que ficou incompleta, representará um pacote de R$ 15,3 bilhões.

Estará sustentada num contrato de 20 anos, renováveis por mais cinco anos. E do valor total previsto, R$ 2,9 bilhões serão de subsídios públicos (contraprestação do Estado), R$ 2,2 bilhões serão investimentos e R$ 12,4 bilhões serão referentes a tarifas e receitas acessórias, como ganhos com publicidade e outras receitas extra tarifárias, por exemplo. Por ano, será o equivalente a R$ 146 milhões em subsídios públicos e R$ 76.730 milhões em investimentos privados.

A nova concorrência, que será refeita pelo governo de Pernambuco oito anos depois da primeira que ficou incompleta, representará um pacote de R$ 15,3 bilhões - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

PPP 

A maior diferença para o modelo licitado em 2013/2014, segundo o governo de Pernambuco, será em relação ao modelo de contrato adotado até agora. Não será uma concessão comum, mas uma Parceria Público Privada (PPP), o que, na visão do Estado, garantirá recursos para o transporte público.

Licitação das linhas de ônibus do Grande Recife: críticas começam a ser feitas à proposta do governo de Pernambuco

Hoje, embora o STPP venha recebendo subsídios públicos de pouco mais de R$ 200 milhões - começou com os dois lotes concessionados -, não é um recurso carimbado, certo no orçamento do governo.

O valor de subsídio estimado para os três lotes - as duas concessionárias já em operação, que atualmente ficam com R$ 90 milhões do total de subsídios, não estão incluídas - teve como base a rede básica de setembro de 2021. 

MENOS LOTES

Outra importante mudança - que não agradou aos operadores do sistema, já se sabe - é que a RMR não será mais dividida em cinco lotes. Serão três: Lote 3 (90 linhas operadas no Recife (Zona Norte), Olinda e em Paulista), Lote 4 (65 linhas operadas no Recife (Zona Sul), Jaboatão dos Guararapes, Cabo de Santo agostinho e Moreno), e Lote 5 (109 linhas operadas no Recife (área central e Zona Sul) e em Jaboatão).

O Estado e os documentos relacionados à nova licitação, entretanto, deixam claro que o número de lotes está em avaliação. O cenário usado como base (dados de 2021) considera o total de 265 linhas, uma frota em operação de 2.181 ônibus e a cadastrada com 2.545 ônibus - o que representaria 78% do STPP, com oito operadores.

O entendimento é de que a redução simplifica a gestão dos contratos - seriam dois contratos a menos - e diminui os conflitos na operação da rede. Mas a crítica já feita durante a apresentação da proposta no Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) é que a redução restringe a participação.

Passageiro só acumula perdas: transporte público da Região Metropolitana suspendeu a meia passagem de ônibus aos domingos desde o início da pandemia e não retoma o desconto - FELIPE RIBEIRO/JC IMAGEM

TRANSPARÊNCIA

Sob o aspecto da transparência, a proposta prevê que cada vencedor terá que criar uma nova empresa para gerenciar o contrato, mesmo que seja um consórcio. Terá que criar uma Sociedade de Propósito Específico (SPE) para gerir o contrato. “Isso evitará que se misture os negócios. Uma das empresas vencedoras pode ter atuação em outros setores, por exemplo. Com a SPE evitamos a mistura, entendemos melhor a operação e conseguimos mais transparência nos contratos”, diz Marcelo Bruto, secretário executivo de Parcerias e Estratégias da Secretaria de Planejamento de Pernambuco.

GOVERNANÇA

Outro aspecto da inovação, segundo o Estado, é relacionado à governança e “clearing” para a tecnologia a ser introduzida no futuro sistema licitado. Será exigida a criação de uma nova empresa para gerir os serviços tecnológicos, entre eles a bilhetagem eletrônica (que é a venda e compra dos créditos eletrônicos do VEM), e o Centro de Controle Operacional (CCO), por exemplo.

Os vencedores da licitação terão direito a ter assento nela, ao lado do Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano (CTM), assim como o Metrô do Recife, por exemplo. Mas a empresa terá uma gestão executiva. Também será contratado um verificador independente para fiscalizar os serviços e cobrar os indicadores de desempenho.

Os operadores ganharam na Justiça, há mais de 10 anos, o direito de vender e arrecadar os créditos eletrônicos, repassando-os ao poder público.

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