Mutilados: a velocidade fazendo mais e mais vítimas
A 120 km/h numa motocicleta, capacete no braço, sem sapato (na verdade, uma sandália de dedo), forçou a ultrapassagem de um caminhão e se chocou contra uma outra moto que transportava gás de cozinha. Foi um milagre estar vivo para contar a história.
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Gleybson, em 2017 com 20 anos, ultrapassou todos os limites no trânsito. Pagou para ver, literalmente, hoje reconhece. Tem plena consciência do quanto foi imprudente na motocicleta. E paga por isso. E pagará por muito tempo, provavelmente pela vida inteira.
A 120 km/h numa motocicleta, capacete no braço, sem sapato (na verdade, uma sandália de dedo), forçou a ultrapassagem de um caminhão na PE-35, entre Itapissuma e Igarassu, na área norte da Região Metropolitana do Recife, e se chocou contra uma outra moto que transportava gás de cozinha. Foi um milagre estar vivo para contar a história.
Gleybson teve dupla hemiparesia espástica com amputação (paralisia cerebral de um lado do corpo). Passou quatro meses em coma e mais seis meses no Hospital da Restauração, na área central do Recife. Sem capacete e lançado a uma distância de dez metros com a colisão, perdeu parte do crânio.
Cinco anos depois, ainda aguarda uma cirurgia plástica para o preenchimento da área - que o ajudará na reabilitação, mas também esteticamente. O afundamento de parte do crânio é algo que incomoda a qualquer um, ainda mais a um jovem de vinte e poucos anos.
Gleybson também quebrou o maxilar em dois lugares e, entre as muitas cirurgias a que foi submetido, sofreu um AVC (Acidente Vascular Cerebral), que o teria feito perder os movimentos do lado esquerdo do corpo.
Desde o dia 17/8/2017, quando aconteceu o sinistro de trânsito, o jovem já passou por cinco cirurgias. Duas foram no braço esquerdo - quebrado no punho e na altura do cotovelo, exatamente onde estava pendurado o capacete.
Uma na perna direita - que teve fratura exposta -, e duas na cabeça. Uma delas para introduzir uma válvula de drenagem de líquido no crânio.
“Foi tudo muito violento e por culpa minha. Somente minha. Já tinha o hábito de pilotar sem capacete e não tinha medo. Naquele dia, tirei mais uma vez e forcei a ultrapassagem”, relata Gleybson.
“Achei que o motoqueiro que vinha no sentido contrário - e que estava certo - iria ceder, assim como o motorista do caminhão que eu tentava ultrapassar. Mas isso não aconteceu. Só me lembro da velocidade em que estava: 120 km/h”, relembra.
Apesar de tanta imprudência, Gleybson não tinha bebido no dia do sinistro. Pelo menos isso.
LUTA LONGA E DIÁRIA
Tudo que o jovem passou até agora é apenas um pouco da luta diária que enfrenta. Ele e a família, que vivem em função da difícil reabilitação de uma vítima sobrevivente do trânsito.
A semana é dividida entre a AACD Recife, na Ilha Joana Bezerra, área central da capital, e as visitas periódicas a cada três e seis meses ao neurologista e ortopedista.
Na AACD, onde recebe tratamento que, desde 2020, tem feito a diferença na recuperação do jovem, são sessões de fisioterapia, fisioterapia aquática, terapia ocupacional, fonoaudiologia e psicologia.
O padrasto, Ismar Felipe, é quem atualmente cuida de Gleybson, enquanto a mãe do jovem, Cirlene Barbosa, trabalha como auxiliar de serviços gerais na Prefeitura de Itapissuma.
Gleybson precisa de assistência 24h por dia. Já evoluiu muito desde o sinistro, conseguindo fazer alguns movimentos, mas só anda de cadeira de rodas.
E segue tendo sonhos. “Quero fazer uma faculdade de pedagogia. Sempre gostei de crianças e gostaria de, um dia, dar aulas”, diz. O jovem também pratica atividades paraolímpicas na UFPE.
CUSTO PARA A SOCIEDADE
Gleybson é mais um exemplo do custo do trânsito brasileiro, sem educação, sem fiscalização e ainda sem limites.
O jovem, que perdeu a capacidade de trabalho aos 20 anos, recebeu o DPVAT (R$ 13.500) e sobrevive com um salário mínimo do auxílio invalidez (BPC), que pela gravidade do quadro, deverá virar aposentadoria em breve.
Quer ajudar Gleybson? Doações podem ser feitas à família, que necessita. Contato: (81) 9238-1804 (WhatsApp)
Jornalista setorizada em mobilidade urbana há 18 anos. Com 26 anos de redação, cobriu por quase dez anos o setor de segurança pública, atuando também nas editorias de Política, Brasil e Internacional.
Localidade:RecifeTelefone:8199537000Cargo:repórter sênior e colunistaCursoCurso de Fiscalização do Dinheiro Público Ministrado pelo Knight Center, 2020
Curso de Desenvolvimento Urbano para Jornalistas Ministrado pela Abraji e Instituto Linconl – São Paulo, 2014
Curso de Webvídeos em dispositivos móveis Ministrado pelo Jornal do Commercio, 2015
Curso de Webjornalismo Ministrado pelo professor Fábio Guerra, da VídeoRepórte, Recife, 2013
Curso de WebJornalismo Ministrado pelo Grupo Garapa, São Paulo, em 2012