Os congestionamentos provocados pelas obras de alargamento da BR-232 na saída do Recife, na altura do bairro do Curado, Zona Oeste da capital e em andamento desde março, estão mais perto de acabar para alívio de quem precisa circular na região. Segundo o governo de Pernambuco, a implantação do novo pavimento deve ser finalizada em dezembro, melhorando o tráfego dos veículos e fazendo valer a redução de 35 minutos no tempo de viagem no trecho de quase sete quilômetros.
As obras já estão com quase 50% da execução concluída e a previsão é de que sejam finalizadas em fevereiro de 2023. Pelo menos por enquanto. Esse já era o prazo estimado pelo Departamento de Estradas de Rodagem de Pernambuco (DER-PE), responsável pelo alargamento.
Alargamento da BR-232, na saída do Recife para o interior de Pernambuco, vai começar
Proposta de alargamento da BR-232 na saída do Recife recebe elogios e alertas
Segundo a secretária de Infraestrutura do Estado, Fernandha Batista, a expectativa é de que a partir de agora, com o fim do período de chuvas, os trabalhos avancem em ritmo acelerado. “Já nos aproximamos dos 50% de execução e, sem as chuvas, a produtividade será bem maior do que foi no primeiro semestre. Pelo nosso cronograma, alcançaremos de 80% a 85% das obras até o fim de dezembro. Todo o pavimento, incluindo os retornos, estará concluído, o que permitirá dar a fluidez na circulação que prometemos”, explica.
Segundo a secretária, ficarão para os primeiros meses de 2023 apenas as obras de urbanização, como paisagismo, iluminação pública, passarela e, talvez, a finalização da ciclovia prevista para o trecho.
PAVIMENTO
Depois da confusão que foi a restauração do contorno urbano que a BR-101 faz da Região Metropolitana do Recife - que até um processo judicial resultou com oito denunciados na Justiça Federal -, todos os olhos agora se voltam para o pavimento que está sendo implantado no alargamento da BR-232.
A opção pelo concreto vai fazer toda a diferença quando o tráfego for liberado na rodovia. Segundo Fernandha Batista, o projeto seguiu a diretriz de sustentabilidade que o Estado vem adotando ao reaproveitar todo o material existente na construção e/ou requalificação da malha rodoviária.
“O pavimento antigo já era de concreto e nós estamos reaproveitando-o. As placas que tinham problemas foram corrigidas e aproveitadas como base para o novo pavimento. Sobre elas, estamos colocando o asfalto, que funciona como uma espécie de recheio. E, sobre ele, novas placas de concreto”, explica.
- BR-232: motoristas ganham nova rota alternativa às obras de alargamento por Jaboatão dos Guararapes. Confira
- Viaduto da Serra das Russas, na BR-232, em Pernambuco, ganha reforço na estrutura e gradil
- Duplicação da BR-232 até Serra Talhada por R$ 3 bilhões. O que você acha?
- BR-232: alargamento na saída do Recife entra em nova etapa e altera trânsito. Confira a circulação
Por isso, segundo Fernandha Batista, o motorista perceberá uma pista mais alta em aproximadamente 70 centímetros. “As antigas placas de concreto, que viraram a base do novo pavimento, tinham capacidade para uma demanda de tráfego menor do que a que estamos projetando. Por isso usá-las como base e optar pela camada de asfalto, que é flexível e poderá absorver o impacto da movimentação sobre as placas de concreto”, explica.
TÉCNICA OVERLAY
Segundo a Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), a tecnologia adotada na obra da BR-232 é inédita no Recife. Conhecida como overlay, é uma solução recomendada para requalificação do pavimento em placas de concreto. É amplamente utilizada em países desenvolvidos para volumes de tráfego acima de 10 mil veículos/dia em rodovias. Também é uma solução mais econômica e sustentável porque apresenta uma longa durabilidade - pode ultrapassar 30 anos - e, consequentemente, a redução dos custos com manutenção.
CONHEÇA O PROJETO
A BR-232 ganhará uma terceira faixa no sentido Recife-Interior e outra no sentido contrário (Interior-Recife). A perspectiva do governo do Estado é que a adequação da capacidade viária do trecho rodoviário reduza o tempo de viagem nos 6,7 quilômetros em 58%, passando dos atuais 60 minutos para 25 minutos.
Números da Seinfra apontam que são 67 mil veículos circulando apenas naquele trecho e 28 mil pessoas passando no transporte público coletivo operado por 13 linhas de ônibus. No total, são 4 milhões de usuários contínuos no trecho, também segundo o Estado. Os R$ 99,8 milhões são recursos do governo do Estado, dentro do Plano Retomada.
Além da recuperação do pavimento - que será de concreto nas pistas principais e centrais (onde o tráfego é mais pesado) e de CBUQ (asfalto) nas vias locais (onde o tráfego é menos pesado) -, o projeto de adequação viária da BR-232 na saída do Recife promete deixar a área urbanizada, integrada com o transporte coletivo e acessível aos modais ativos (bicicletas e pedestres).
Para isso, será implantada uma ciclovia ao longo dos 6,8 km do trecho, localizada sempre na margem sul da rodovia (do lado do Jardim Botânico do Recife). Baias para os ônibus nos 15 pontos de embarque e desembarque, sinalização horizontal e vertical para garantir a travessia dos pedestres, e uma nova iluminação em LED também serão instaladas.
A readequação prevê a construção de duas alças em nível - sem ser elevadas, o que puxou o valor da obra para baixo -, para retorno dos veículos - algo difícil de ser feito atualmente. E, ainda, a requalificação e construção de três passarelas no trecho. O custo inicial do alargamento era de R$ 145 milhões.
EXPECTATIVA ECONÔMICA
A expectativa em relação ao avanço das obras de alargamento da BR-232 é grande e vai além dos motoristas e passageiros que todos os dias precisam circular e enfrentar as retenções no trecho.
O setor econômico também está de olho no andamento e à espera da conclusão. É o caso do Recife Outlet, mall de marcas inaugurado em maio de 2021, em plena pandemia, com um total de 50 marcas e uma grande aposta na força econômica da BR-232.
Segundo Marco Sodré, superintendente do Recife Outlet, a conclusão do alargamento é essencial para o crescimento e sucesso do mall. “A escolha do terreno na BR-232 ocorreu pelo fato de estar perto do Grande Recife e pela localidade apresentar um crescimento econômico e de moradia. O acesso era comprometido diante do gargalo que era a rodovia, mas apostamos que com a obra vai melhorar”, pontua.
Os congestionamentos e retenções que vêm sendo provocados desde que as obras de alargamento da BR-232 começaram, em março deste ano, tiveram um impacto negativo de até 20% no movimento do empreendimento.
“Sabíamos do prejuízo com ampliação da rodovia e estimamos em torno de 15% a 20% na queda das vendas. Mas com a conclusão, a expectativa é que o retorno dos clientes aumente em 30%. Na prática teremos um crescimento de 15% com o período antes e depois da obra. Será uma intervenção que durará por décadas”, estima.
Comentários