*Com informações da revista Fortune
O informante que ajudou a vazar milhares de arquivos condenatórios expondo comportamentos da Uber apontados como ilegais demandou ação dos legisladores europeus não só para a companhia, como também para empresas de tecnologia reconhecidas como gigantes globais.
UBER COM "COMPORTAMENTO ANTIDEMOCRÁTICO"
De acordo com Mark MacGann, ex-lobista de topo da Uber na Europa - de 2015 a 2016 -, os arquivos da Uber, vazados no mês de julho, revelaram que a companhia frequentemente:
"Desrespeitou a lei e realizou lóbi (influência por meio da qual um grupo organizado busca interferir diretamente nas decisões do poder público), junto a diversos governos ao redor do mundo", além de enganar a polícia e explorar violência contra motoristas.
O ex-lobista atualmente exige que o parlamentou europeu tome ações contra o "antidemocrático e desproporcional poder que a gigante da tecnologia detém".
Ao falar com um grupo de membros do parlamento europeu, MacGann disse que as ações da Uber beiram a imoralidade e declarou que qualquer disputa legal trazida por motoristas parceiros da companhia eram anuladas com "recursos financeiros ilimitados".
Durante a posse de MacGann, a Uber gastou cerca de 90 milhões em lóbi e comunicações, enquanto centenas de milhões eram gastos globalmente em caros advogados.
"Quando empresas de tecnologia têm recursos financeiros desproporcionais para empurrar suas mensagens, a custo de trabalhadores muito menos abastecidos sobre os quais seu modelo de funcionamento é construído - há algo verdadeiramente antidemocrático acontecendo", disse MacGann.
O ex-lobista acrescentou que o atual poder legislativo detido pela Uber "corre o risco de quebrar a justiça social" que membros do parlamento europeu juraram defender.
ÔNUS FINANCEIRO
O parlamento europeu atualmente debate propostas que protegem trabalhadores de empresas de tecnologia, se certificando que eles recebam pagamento em dias em que estiverem doentes, salário mínimo e gozem de feriados.
Eles também buscam que o ônus de provar a condição de empregado recaia sobre a empresa, e não sobre os trabalhadores - outro ponto feito por MacGann, que enfatizou a importância dessa legislação.
"O ônus financeiro tem de cair sobre aqueles que podem custeá-lo, isso significa as plataformas das companhias, não os motoristas", disse. "Empresas como a Uber têm tanto dinheiro que podem afogá-lo em taxas legais", afirmou.
MacGann ainda afirmou que espera que seu testemunho inspire e ajude outros informantes: "Eu tenho uma plataforma, eu tenho uma voz para ajudar os trabalhadores da Europa o máximo que eu puder. Trabalhadores que querem ter suas vozes ouvidas...", declarou.
Falando separadamente com o grupo de membros do parlamento europeu, a diretora da Uber no continente, Zuzana Púiková, disse que a companhia tem mudado.
"A Uber que eu conheço é construída sobre fortes valores. Hoje, esses valores estão prestes a fazer a coisa certa... A Uber que eu conheço tem ética robusta e políticas de conformidade que todos os funcionários devem cumprir", disse.
A diretora também afirmou que as propostas sobre as gigantes da tecnologia que estão sendo debatidas seriam bem-vindas pela companhia, mas com cautela "contra a abordagem que os classificaria como funcionários", alegando que muitos motoristas parceiros da Uber não desejariam essa condição.