NOVAS PARADAS DE ÔNIBUS: veja como serão os novos abrigos do Grande Recife
O abrigo, situado na Rua do Sol, bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife, mostra que é possível, sim, que o mobiliário urbano público seja algo bonito, moderno e de qualidade
O primeiro abrigo de ônibus da Região Metropolitana do Recife que faz parte do pacote que será gerido pela iniciativa privada pelos próximos 20 anos foi instalado nesta quarta-feira (30/11), na capital pernambucana. O abrigo, situado na Rua do Sol, bairro de Santo Antônio, no Centro do Recife, mostra que é possível, sim, que o mobiliário urbano público seja algo bonito, moderno e de qualidade.
Mesmo quando ele é destinado ao transporte público coletivo, que embora responda por 80% dos deslocamentos da população nos centros urbanos, é menosprezado pela maioria dos gestores públicos.
O novo equipamento é diferente de tudo que os passageiros dos ônibus do Grande Recife estão acostumados a ver. É moderno, amplo, tem vários assentos, protetor de vidro, iluminação a Led e, acreditem, proteção de fato contra a chuva e o vento. Têm, ainda, painéis indicativos com as linhas de ônibus atendidas e de temperatura.
A nova parada de ônibus - como a população costuma chamar - é um protótipo construído pela empresa Kallas Mídia OOH, que venceu a licitação para cuidar de 3.650 unidades, entre abrigos e totens de embarque e desembarque espalhados pela RMR.
A Kallas foi escolhida pelo governo de Pernambuco em licitação pública e já tem expertise no setor de publicidade, principal retorno da futura concessão. A futura concessionária terá que recuperar, reconstruir, substituir e manter todas as unidades. E, em troca, terá a receita proveniente da exploração publicitária dos equipamentos. O valor mínimo de outorga para a concorrência foi de quase R$ 200 mil (R$ 199.747,22).
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Como explica o gerente de Projetos Urbanos da Secretaria de Planejamento de Pernambuco (Seplag), Canton Wú, os novos abrigos são um estímulo ao pertencimento da população pelo transporte público. “De fato, essa concessão pública vai transformar a percepção da população sobre os abrigos do transporte público. Será um estímulo ao pertencimento, de verdade. Somente a instalação já tem gerado uma grande expectativa, com as pessoas perguntando se o modelo será adotado em outros locais. A gente percebe a vontade de utilizá-lo”, vibra o gerente.
“Precisamos acabar com essa ideia de que o equipamento público tem que ser de menor qualidade, com menos beleza. Essa concessão pública vem exatamente para mostrar que é possível mudar esse pensamento. Transformá-lo. Os passageiros do sistema vão perceber a diferença”, reforça Canton Wú.
Na verdade, a nova concessão ficará responsável por um pouco mais da metade dos abrigos e totens do Sistema de Transporte Público de Passageiros (STPP) da RMR, que tem mais de 6 mil unidades. A maioria dos equipamentos que serão recuperados e modernizados pelo Grupo Kallas ficam na capital.
Nesta quarta-feira, o protótipo instalado na Rua do Sol foi apresentado ao governador Paulo Câmara (PSB) e, nos próximos dias, o contrato de concessão deverá ser assinado. A Kallas terá que recuperar e modernizar os 3.650 abrigos e totens do contrato em até seis anos (72 meses). Para 2023, terá que entregar 550 deles.
“Dependendo do tipo de abrigo, entre os quatro modelos previstos no contrato, as entregas serão mensais. E esse controle será feito mensalmente também, pelo CTM (Grande Recife Consórcio de Transporte Metropolitano)”, explica Canton Wú.
Dos 3.650 abrigos, 900 serão no modelo mais completo, semelhante ao que foi instalado na Rua do Sol, por exemplo. Os outros variam entre os três tipos diferentes de modelos.
ENTENDA A CONCESSÃO PÚBLICA
O modelo adotado pelo governo de Pernambuco, via Seplag, não é uma concessão especial, ou seja, uma Parceria Pública Privada (PPP), como a que foi realizada com os terminais integrados de ônibus e estações de BRT ou a que envolverá algumas rodovias estaduais.
É uma concessão simples. Não haverá contrapartida do Estado. O retorno financeiro será com a exploração dos espaços para publicidade previstos na readequação dos abrigos - independentemente do modelo.
COMO ERA E COMO SERÁ
O Estado, inclusive, diz Canton Wú, irá receber uma pequena receita mensal. “Haverá uma parcela variável para o Estado ao longo dos 20 anos equivalente a 1.75% da receita operacional mensal bruta da concessionária”, reforça.
Questionado se o valor de outorga não é baixo para recuperar, modernizar e manter os abrigos, o diretor explicou que o critério de escolha da futura concessionária foi o maior valor de outorga inicial apresentado.
REGRAS PARA OS NOVOS ABRIGOS
Quem utiliza o transporte público na Região Metropolitana do Recife sabe o quanto degradados e ineficientes são a maioria dos abrigos de ônibus - com algumas exceções, é claro. Muitos, inclusive, nem deveriam receber a denominação de abrigos porque não abrigam nem protegem nada.
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São meros “pirulitos”, que servem apenas como indicação ao motorista de que deve parar naquele ponto. Muitos dos abrigos ainda são de concreto, sujos e que não evitam sequer o sol, muito menos a chuva.
A expectativa é de que isso mude. Ou, ao menos, melhore. Além da melhoria e modernização para criação dos espaços de publicidade - que vão garantir o retorno financeiro da gestora do negócio -, haverá uma padronização dos modelos.
Levantamento da própria Seplag indica que existem, atualmente, de 17 a 20 diferentes tipos de paradas, abrigos e totens no Grande Recife. A nova concessão prevê apenas quatro tipos diferentes, todos com áreas para publicidade.
WI-FI E BLUETOOTH NAS PARADAS
Outro aspecto inovador, embora em pequena quantidade, será a oferta de um pouco de tecnologia para os passageiros. A concessão prevê que ao menos 3% do total de abrigos tenham bluetooth e PMVs (painéis de mensagem variável), e que 5% possuam wi-fi e câmeras de segurança.
“É claro que essa tecnologia deverá ser utilizada nos equipamentos situados em corredores com um número maior de pessoas circulando. O edital não define os locais, mas essa é a lógica”, diz o gerente da Seplag. Os abrigos têm quatro tipos de infraestrutura previstos, com e sem assentos, enquanto os totens têm dois padrões.