O Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE-MG) recomendou a suspensão do leilão do Metrô de Belo Horizonte, que estava previsto para acontecer neste mês de dezembro. A razão: a existência de riscos significativos à sustentabilidade da concessão pública.
O leilão estava agendado para o dia 22 de dezembro e aconteceria na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). A disputa previa um investimento de R$ 3,2 bilhões para concessão pública por 30 anos da Superintendência da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) de Minas Gerais à iniciativa privada.
No pacote também estava prevista a ampliação da Linha 1 (Azul e a única do sistema, entre as estações Eldorado e Vilarinho) e a construção da Linha 2 (entre as estações Calafate e Barreiro).
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As informações sobre a suspensão são da mídia de Minas Gerais. A recomendação é assinada pelo conselheiro Durval ngelo, que é o relator de um processo instaurado pelo TCE após representação assinada pelo deputado federal Rogério Correia (PT) e pela deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT).
Os dois parlamentares questionaram o empenho dos R$ 428 milhões do governo Romeu Zema (Novo) para o projeto, o que, segundo foi dito pelos parlamentares ao jornal O Tempo, configuraria desvio de finalidade porque os recursos seriam transferidos do acordo firmado entre o Estado e a Vale como reparação dos estragos provocados pelo rompimento da barragem de Brumadinho.
Vídeo cemitério de trens do metrô:
A Coluna Mobilidade tentou obter informações com o TCE-MG, mas a assessoria de imprensa do Tribunal se limitou a dizer que o processo corre em segredo de Justiça e, por isso, não repassaria qualquer informação. A notícia, inclusive com detalhes da recomendação do conselheiro, foi amplamente divulgada por diversos veículos oficiais de comunicação.
“Concluiu preliminarmente a equipe do Acompanhamento pela existência de riscos significativos à sustentabilidade da concessão associados, sobretudo, à provável necessidade de restabelecimento, pelo Poder Concedente, do equilíbrio econômico financeiro do contrato decorrente desses arranjos, bem como considerados eventuais impactos destes eventos para a regularidade e sustentabilidade da concessão”, diz a decisão.
De acordo com o exame técnico que embasou a decisão, “há impactos da integração tarifária na viabilidade e sustentabilidade econômico-financeira da concessão do transporte ferroviário da capital”, além da “necessidade de aporte de recursos orçamentários para complementar a receita tarifária e fazer frente a outros desequilíbrios e a constituição de “colchão de liquidez” como reserva de contingência.”
Vídeo: goteira em vagão do metrô que faz a linha Cajueiro Seco/Recife
A desconfiança legal e financeira sobre o processo de concessão pública do Metrô de Belo Horizonte impacta no futuro do Metrô do Recife porque o sistema pernambucano estava para ter o mesmo destino: ser concedido à iniciativa privada.
Por isso, tudo o que acontece com o Metrô-BH deve ser acompanhado de perto pelas cidades que têm sistemas da CBTU, como é o caso do Grande Recife. O Metrô do Recife, inclusive, tem uma proposta de concessão privada pronta, elaborada pelo governo federal e o de Pernambuco.
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