Quem circula pelas ruas do Recife deve estar percebendo uma intensa operação de pavimentação das vias pela prefeitura da capital nas últimas semanas. Impossível não ver. E impossível, também, não concordar que a recuperação das ruas e avenidas está sendo bem feita.
Isso porque as intervenções têm sido realizadas ao longo de todo corredor ou, pelo menos, em grandes extensões das vias. Algo bem diferente da famosa Operação Tapa-buraco, que muitas vezes dificulta mais do que beneficia a recuperação do pavimento e historicamente foi solução utilizada pelas gestões públicas.
As ações fazem parte do Programa Novo Asfalto, um grande pacote de intervenções de recapeamento em vias da cidade orçado em R$ 70 milhões. De agosto até agora, já foram gastos R$ 30 milhões com a pavimentação de 115 corredores viários da cidade. Outras dez vias estão em andamento, ao custo de R$ 12,8 milhões.
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Até o fim de 2022, a previsão da Prefeitura do Recife é de que 125 ruas e avenidas sejam pavimentadas. Os R$ 70 milhões são os recursos previstos para serem utilizados até março de 2023. Os trabalhos são realizados pela Secretaria de Infraestrutura do Recife, via Autarquia de Manutenção e Limpeza Urbana (Emlurb).
Entre as vias já beneficiadas, estão importantes corredores viários da cidade, fundamentais, inclusive, não só para circulação dos veículos particulares, mas também do transporte público e dos ciclistas. É o caso das Avenidas Recife, Domingos Ferreira, Herculano Bandeira e Antônio de Góis (Zona Sul), Ruas Princesa Isabel e Aurora (área central), Avenida San Martin (Zona Oeste) e Avenida Beira-Rio (Zona Norte). As ciclofaixas, vale ressaltar, estão sendo recolocadas nas vias após a pavimentação.
Marília Dantas, secretária de Infraestrutura do Recife e também presidente da Emlurb, explica que o Programa Novo Asfalto consiste em ações de prevenção para garantir a capacidade de tráfego das vias. “O Novo Asfalto é um programa de manutenção preventiva para restabelecer a capacidade de carga do asfalto. Representa as ações preventivas, que fazemos exatamente na época de verão, após o período das chuvas”, explica.
“A operação tapa-buraco já é uma intervenção corretiva, que cada vez será menos necessária diante da tecnologia que temos adotado com o programa. Nós já tínhamos adotado o sistema gerenciador de pavimentos, que permite verificar as condições das vias e o índice de capacidade ao tráfego. Ou seja, se ele está resistindo ao volume de veículos que está recebendo. Essa identificação evita o colapso da via, sejam as placas de concreto ou o asfalto (CBUQ)”, diz.
A fresagem do asfalto, procedimento que sempre foi necessário para realizar uma nova pavimentação de vias já pavimentadas, se tornou mais comum no Recife desde a primeira gestão municipal do PSB, ainda em 2013, com o então prefeito Geraldo Julio. Antes, não era tão comum e o que predominava mesmo era a Operação Tapa-buraco.
Outra diferença do Programa Novo Asfalto é a adoção do asfalto modificado com polímero, que torna, de forma geral, o pavimento mais resistente à carga do tráfego de veículos e à ação da água, por exemplo.
Segundo Marília Dantas, a adoção do asfalto com polímero começou na gestão do prefeito João Campos (PSB) e está sendo utilizado nas faixas onde circulam os ônibus exatamente por ser mais resistente.
O uso da tecnologia a favor da engenharia - através do sistema de gerenciamento do pavimento adotado pela Prefeitura do Recife - foi elogiado pelo presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Pernambuco (Crea-PE), Adriano Lucena.
“O sistema de gerenciamento do pavimento começou a ser estudado em toda a cidade entre 2015 e 2016, o que foi muito bom porque é o uso da engenharia da forma adequada. Foi um acerto, sem dúvida, da prefeitura. Em 2021, a Avenida Rosa e Silva (corredor importante da Zona Norte da capital) foi a primeira avenida a ser pavimentada a partir desse gerenciamento”, afirma.
“O sistema de gerenciamento do pavimento é fundamental porque ele dimensiona a capacidade de cada via de acordo com a importância que ela tem. O pavimento de uma Avenida Conselheiro Aguiar ou Avenida Domingos Ferreira, por exemplo, não pode ser igual ao de uma via secundária. É essa engenharia que a gente acredita. Aplicada com inteligência e compromisso com a sociedade porque o custo da obra será menor e a durabilidade maior”, finaliza.