Numa tentativa de “moralizar” o transporte público da Região Metropolitana do Recife, o BRT pernambucano começou a testar algumas soluções para reduzir as invasões de usuários sem pagar a passagem.
Com a crise econômica e ainda o impacto da pandemia de covid-19, as invasões têm levado, em média, entre 15% e 20% da receita do sistema de ônibus do Grande Recife. Para se ter ideia do impacto da evasão, esse percentual significa R$ 20 milhões por mês a menos de tarifas pagas por passageiros que, mesmo assim, estão sendo transportados. E, de acordo com o governo do Estado, é um custo que está sendo absorvido pelos passageiros que pagam a tarifa.
Desde a sexta-feira (21/4), começou a ser testado um novo modelo de portas nas estações de BRT. As novas portas, na verdade, são uma espécie de tela de ferro que protege e isola as portas de vidro dos equipamentos e, ao mesmo tempo, impede que as pessoas subam nas estações pela parte externa.
A solução foi projetada pela Nova Mobi Pernambuco, empresa do Grupo Socicam que desde o início de 2022 é a responsável pela operação, requalificação e manutenção dos 26 terminais integrados e das 44 estações dos Corredores de BRT Leste-Oeste e Norte-Sul, no Grande Recife.
As novas portas estão em teste na Estação Areinha do Corredor Leste-Oeste, localizada no município de Camaragibe, no Grande Recife. A estação é uma das que têm alto índice de invasão por usuários que não pagam a passagem.
Os testes foram uma solicitação do secretário de Mobilidade e Infraestrutura de Pernambuco (Seinfra), Evandro Avelar, que na gestão Raquel Lyra (PSDB) passou a acumular, além das rodovias do Estado, a gestão do transporte público por ônibus no Grande Recife.
VEJA COMO FUNCIONAM AS PORTAS
“São telas de proteção para as portas laterais das estações. Elas isolam a estação do acesso aos BRTs. Quando os veículos param para o embarque ou desembarque dos passageiros, elas sobem e permitem a passagem. Depois, descem e fazem o isolamento da estação novamente”, explica o gerente de operações BRT da Nova Mobi Pernambuco, Reinaldo Brasil.
As novas portas têm um design largo pela parte externa das estações, no qual as telas descem em aproximadamente 15 graus, o que impede que as pessoas fiquem aguardando a chegada dos BRTs pelo lado de fora. A invasão de pessoas por fora das estações virou hábito no sistema pernambucano.
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“O objetivo da solução também é a segurança dos passageiros. Procuramos encontrar uma forma de inibir as invasões e, ao mesmo tempo, proteger os passageiros”, afirma Reinaldo Brasil. O BRT já registrou casos de usuários que, ao tentar entrar nos veículos invadindo a estação, ficaram feridos e até perderam membros na ação.
Vale lembrar que todas as estações do Corredor Leste-Oeste já contam com o monitoramento em tempo real, que inclui um sistema de alarme e de aviso sonoro no caso das invasões.
Outra solução que também está sendo testada para inibir a evasão de receita nas estações de BRT são áreas para validação da gratuidade para passageiros. A área, que está sendo chamada de eclusa, compreende um espaço entre duas telas que só é liberado depois que a gratuidade é confirmada eletronicamente pela Central de Controle Operacional (CCO) da Nova Mobi Pernambuco, localizada no Terminal Integrado CDU, na Várzea.
Essa área vai substituir a liberação dos idosos, por exemplo, que atualmente é feita pelo operador da estação. “E valerá apenas para aquele passageiro que, por alguma razão, não estiver com o cartão VEM Idoso ou VEM Livre Acesso. Ele entrará nessa área e o acesso só será liberado quando a central validar o direito à gratuidade”, explica Reinaldo Brasil.
Essas áreas também estão em teste na Estação Areinha.
Outra novidade do BRT pernambucano é a construção de um novo modelo de estação para o sistema, bem mais simples e econômico. O equipamento faz parte do Corredor Norte-Sul e está localizado em frente ao Paulista North Way Shopping, em Paulista, no Grande Recife.
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A estação, juntamente com a unidade em frente ao Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon), em Olinda, ainda é dívida do projeto original do Corredor de BRT Norte-Sul. A unidade está sendo construída em parceria com os operadores e é estratégica para a operação devido à demanda de passageiros em função do shopping.
VEJA IMAGENS DA NOVA ESTAÇÃO
Devido ao alto custo das estações de BRT - algo superior a R$ 20 mil de manutenção por mês e por unidade -, a aposta foi em um projeto mais simples e, consequentemente, mais econômico.
Com exceção da Estação Areinha do Leste-Oeste, todas as estações do BRT estão desde o fim do primeiro semestre de 2020 sem ar-condicionado.
O novo projeto não tem refrigeração. Segundo explicações do Consórcio Conorte, responsável pela obra, a ventilação é garantida porque, no lugar dos vidros, a estação tem telas galvanizadas.
Além disso, a cobertura é feita com uma telha térmica que veda a condução do calor. O equipamento, que está sendo chamado de provisório e custou menos de R$ 300 mil, ainda não tem data para entrar em operação.
As portas com telas que estão sendo testadas pela Nova Mobi Pernambuco no Corredor Leste-Oeste deverão ser instaladas na estação provisória.