As cenas exibidas nesse vídeo chocam demais. A violenta colisão entre uma motocicleta e um automóvel, por volta das 9h desta quarta-feira (26/4), na BR-104, em Taquaritinga do Norte, no Agreste de Pernambuco, expõe a fragilidade das motocicletas no trânsito.
Nas imagens, os dois ocupantes da moto literalmente “voam” ao se chocarem frontalmente contra um veículo SUV. Ainda não se sabe qual a causa e a culpa pela colisão. Quem invadiu a faixa de quem. Pelo que a Polícia Rodoviária Federal (PRF) apurou, os dois condutores estariam em alta velocidade e invadiram a faixa um do outro.
Mas, diante do estrago da violenta colisão, ela pouco importa. Nesse caso, tanto fez quem invadiu a faixa de quem. Quem errou e quem não teve culpa. As consequências foram para os ocupantes da moto, lançados violentamente ao céu como “bonecos de pano”, morrendo na hora com a queda no asfalto.
Mesmo que o condutor da motocicleta não tenha, de fato, invadido a faixa contrária e provocado a colisão frontal, foi ele e seu passageiro que morreram. Mesmo os dois estando de capacete. Não importa. Foram eles que morreram.
O sinistro de trânsito (não é mais acidente que se define. Entenda) aconteceu na localidade conhecida como Curva do Sítio Tatu, no trecho da BR 104 em Taquaritinga do Norte. A rodovia federal corta o Agreste pernambucano e conecta o Estado com a Paraíba (ao Norte) e Alagoas (ao Sul).
Mais uma vez: a violência da colisão expõe a fragilidade das motocicletas e a importância da segurança viária no trânsito.
As motos viraram a epidemia do trânsito brasileiro, particularmente do Nordeste do Brasil. E, com a pandemia de covid-19, ganharam ainda mais espaço no trânsito. As motocicletas seguem sendo o recorte mais cruel e custoso da violência no trânsito.
VEJA a violenta colisão
Não as motos, é importante deixar claro, mas aqueles que as conduzem e ainda não incorporaram o comportamento de risco ao pilotar.Em todo o País, as mortes de ocupantes de motocicletas saltaram de 13,5% em 2000 para 41,7% em 2019.
E, ao mesmo tempo, o cenário futuro apontado por estudiosos e operadores do trânsito é ruim. Resultado das mudanças promovidas pelo governo federal no Código de Trânsito Brasileiro (CTB) em 2021 - sob a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro - e a invasão das cidades - em sua maioria do Nordeste e Norte brasileiros - dos serviços de Uber e 99 Motos.
Os ocupantes de motocicletas - até então, predominantemente os condutores - respondem por 40% das ocupações de leitos nas unidades de saúde pública destinadas às vítimas do trânsito. Ou seja, em média 60% dos hospitais.
A vítima da motocicleta geralmente sofre politraumatismos e, por isso, fica mais tempo internada. Podem ser meses e meses. E geralmente são. Enquanto as colisões de trânsito duplicaram no Brasil entre 1996 e 2017, as que envolveram motos aumentaram 16 vezes.
Os dados são do estudo Impactos Socioeconômicos dos Acidentes de Transporte no Brasil, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em parceria com a Comissão Econômica para a América Latina e Caribe (Cepal), da ONU. E os feridos, muitos deles mutilados, custam caro para o País. Muito caro. Foram gastos R$ 1,5 trilhão em onze anos, o que representa uma despesa anual de R$ 132 bilhões.
A colisão frontal entre o carro, modelo Jeep, e a motocicleta aconteceu por volta das 8h45 e foi registrada por câmeras de videomonitoramento de uma chácara localizada às margens da BR-104.
Os ocupantes da moto foram identificados como José Vitor Silva, de 23 anos, e José Natan Maldini da Silva, 19.
De acordo com a PRF, os dois veículos estavam em alta velocidade. O carro seguia sentido Taquaritinga do Norte e a moto ia na direção de Toritama.
Pelas primeiras impressões, a PRF informou que os dois condutores dos veículos invadiram a pista contrária durante a curva acentuada. O Jeep era conduzido por uma mulher, que não se feriu, mas por pouco não foi agredida pela população.
A Curva do Tatu, como o local é conhecido, tem registro de diversas colisões semelhantes e ainda é de pista simples porque as obras de duplicação da BR-104, de responsabilidade do governo de Pernambuco (via convênio com o governo federal), foram paralisadas numa extensão de aproximadamente 10 km.